Sempre me imaginei mãe de menino. Torci em silêncio durante a gravidez (e me sentia extremamente culpada por isso, porque todas as grávidas diziam que tanto fazia o sexo, bastava que viesse com saúde, e eu queria um menino com saúde). Mas confesso que, depois de alguns anos como mãe de um garoto, cheguei a conclusão que não teria tanta diferença assim, menino ou menina, ambos seriam amados e criados da mesma maneira.
Comecei a me questionar, então, quais as expectativas que cercavam o fato de eu querer tanto um menino? Achei que meninos eram mais fáceis de cuidar, mais aventureiros, destemidos, divertidos, independentes, com brinquedos infinitamente melhores e um amor maior por suas mães. E levei um susto ao perceber os muitos estereótipos que estavam arraigados nesse meu desejo. o-o
Desde então, tenho prestado muita atenção na maneira que educo meu filho e como fazer para que ele não vire refém desses estereótipos e os perpetue. Tenho me empenhado em criar um menino feminista.
A escritora Clara Averbuck explica de forma bem didática: “Feminismo não prega ódio, feminismo não prega a dominação das mulheres sobre os homens. Feminismo clama por igualdade, pelo fim da dominação de um gênero sobre outro. Feminismo não é o contrário de machismo. Machismo é um sistema de dominação. Feminismo é uma luta por direitos iguais.”
Procuro deixar bem claro que:
Meninos choram
Essa história de que menino não chora não tem vez aqui em casa. Todo mundo chora.
Meninos usam rosa
Rosa é cor de menina. E de menino. E de cabelo.
Meninos cuidam da casa
Cuidar da casa é uma responsabilidade de todos nós. Ele já sabe lavar suas próprias roupas – sem chances de chegar com uma cesta de roupa suja para a mamãe lavar no futuro.
Meninos cuidam dos outros
Cuidar, demonstrar afeto é natural para meninos e meninas.
Meninos são gentis
Ensinei ele a segurar a porta do elevador para as meninas. E para os meninos. E para os cachorros do prédio. Ele tem que ser gentil e prestativo. Ponto.
Meninos podem brincar com o brinquedo que quiserem
Meus pais sempre foram super tranquilos nesse sentido e meus melhores presentes foram: um robô de controle remoto, uma pista de corrida de cavalo, um videogame e jogos variados de tabuleiro. Como eu nunca gostei muito de “brinquedos de menina”(com MUITAS aspas porque isso não era para existir), confesso que acabei comprando todos os “brinquedos de menino” (com MUITAS aspas porque isso não era para existir) que eu sempre quis para mim. Mas queria ter sido mais atenta a isso e comprados alguns brinquedos menos óbvios, que estimulassem o cuidar, por exemplo, ou panelinhas.
Claro que isso é só início e as lições e aprendizados continuarão, cada vez mais complexas e necessárias. Vocês se preocupam com isso também? O que fazem para criar meninos legais?
*Crédito da imagem: Shutterstock
1 Comment
Muito boa iniciativa, sou mãe de menina mas aqui em casa também não tem divisões. O pai é o primeiro a levantar a bandeira do feminismo. E um dia quando eu tiver um menino ele vai crescer num lar livre de machismo e sexismo 🙂