Como educar meninos para que eles não cresçam machistas em 7 lições

Assim que descobri o sexo do meu bebê, respirei fundo e entendi um dos maiores desafios modernos: como educar meninos sobre mulheres, machismo e privilégio de forma eficiente?

Homens machistas foram meninos criados sob a batuta patriarcal. Meninos que aprenderam, desde cedo, uma série de comportamentos “exemplares” para reforçar a própria macheza. Mas o mundo está mudando (ainda bem). Agora, é preciso achar meios e aprender como educar meninos sem a sombra da masculinidade tóxica.

Como livrar nossos meninos dos pequenos (ou grandes) hábitos que são passados de geração em geração para legitimar sua masculinidade? Como explicar que eles não são humanos de menos valor se não fizerem bingo na sua cartelinha de “machistude”? Como educar meninos para que eles tenham autonomia sobre sua própria sensibilidade?

Aqui estão as minhas lições para meu filho sobre mulheres, machismo, privilégio e o mundo:

como educar meninos
foto Kelly Sikkema on Unsplash

1.“Ser homem” não é assim tão importante.

Explico: É melhor ensinar aos meninos comportamentos que mostrem para sua comunidade e seus grupos o quanto eles são: gentis, espertos, inteligentes, empáticos, amorosos, independentes. É melhor ensinar hábitos que estariam na lista de “o que faz uma pessoa ser um ser humano melhor?”.

Ele não precisa ouvir: “seja homem!”. Ele precisa ouvir que deve ser legal, paciente, corajoso e que nenhuma característica de sua personalidade tem a ver com gênero ou sexo biológico. Ele precisa entender que ser homem não faz dele um ser mais importante ou melhor. Que ser homem não significa que ele pode se fazer superior a uma mulher a seu bel prazer.

2. Em certo momento, você será desafiado a provar a sua masculinidade. Não faça isso às custas de ninguém, muito menos às custas da sua própria felicidade.

Não precisa fingir que gosta de carros e não curte bonecas. Não precisa fingir que tem time de futebol, não se sinta obrigado a gostar de esportes.. Não precisa ser violento e agressivo, não se sinta obrigado a medir forças. Não precisa se esconder para chorar. Não precisa fingir que não sente dor. Não precisa xingar ou falar palavrões.

Não se sinta obrigado a tratar meninas como se elas fossem seres inferiores ou seres frágeis. Não se sinta obrigado ser herói. Não se sinta obrigado a excluir garotas do seu círculo, elas são ótimas amigas. Não se sinta obrigado a achar mulheres atraentes e a usar palavras que reforcem isso.

Filho, não se sinta obrigado a fazer nada pra “provar” para qualquer pessoa o “quanto” você é homem.

3. Você vai ouvir falar muito de empoderamento feminino. Saiba que existe lugar para você no feminismo e que somos ainda mais fortes juntos.

Eu quero ensinar para meu filho que durante muitos anos as mulheres foram consideradas menos. Menos capazes, menos inteligentes, menos fortes, menos ágeis, menos sãs. E que, por isso, hoje, as mulheres estão precisando lutar pelo seu lugar de direito no mundo. Ele vai aprender que mulheres e homens são igualmente capazes, inteligentes, fortes etc. Mas que ele ainda vai ouvir o contrário de outras pessoas, de programas de televisão, de amigos.

Quero ensinar que meninas estão aprendendo sobre seu poder no mundo e sobre ser independentes, mas que isso não quer dizer que ele não tem poder ou não pode ser independente. Meninos e meninas são igualmente fortes, igualmente espertos e igualmente inteligentes.

Para ele fazer sua parte na equidade de gêneros, é importante que ele mantenha hábitos inclusivos nas brincadeiras. É importante que ele entenda que ele não perde nada quando uma menina ganha poder.

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foto Annie Spratt on Unsplash

4. Consentimento, limites e formas de demonstrar carinho

Para ensinar crianças sobre consentimento desde cedo é importante, antes de tudo, ensiná-las a impor limites sobre o próprio corpo – e respeitá-los. Nem toda criança fica confortável com grandes demonstrações de afeto, como abraços ultra apertados ou beijos molhados de desconhecidos, por exemplo.

Quando se deixa a criança expressar o seu descontentamento com demonstrações exageradas de afeto e a impor o seu limiar de conforto (“não me beije porque eu não gosto”), você está ensinando-a sobre consentimento e limite. Essa criança aprende rápido que limites ultrapassados significam desconforto. Provavelmente, ela não irá provocar a sensação em outra pessoa.

Para educar meninos sobre consentimento, deve-se reforçar que meninas não devem ser tocadas contra a vontade delas. E que sempre que houver dúvida, ele deve perguntar a ela qual o limite e até onde ela se sente confortável. Também é importante não reforçarmos comportamentos antiquados como forçar beijinhos, abraços e namorinhos entre crianças.

Outro comportamento antiquado sobre demonstração de carinho a ser eliminado da cartela masculina é o de demonstrar afeto implicando, machucando e chateando o outro. Acabou isso, né?

5. Sobre protagonismo feminino

Ofereça opções de entretenimento e mídia que sejam criados por mulheres e tenham protagonistas femininas. Deixe-o consumir protagonismo feminino de forma espontânea. Apresente programas de tevê, filmes, desenhos e livros em que meninas ocupam posições que também poderiam ser ocupadas por meninos.

Evite que ele aprenda através da cultura que garotas são princesas que precisam ser salvas. Evite que ele aprenda que seu único papel de homem é ser o forte, o protetor e o provedor. Evite que ele veja apenas homens ocupando o espaço de pensadores, estrategistas e planejadores.

6. Meninas não são malucas

Ele vai ouvir de outros homens que mulheres são malucas. Ele vai ouvir que mulheres são impossíveis de entender. Ele vai ver homens tentando ensinar para mulheres coisas que elas já sabem. Faça sempre o esforço de deixar claro que nada disso é aceitável. Ensine-o a conhecer mulheres, conversar com elas, ouvir o que meninas têm a dizer. Ensine-o que algumas meninas vão saber de coisas ou fazer coisas que ele não sabe e que isso é ótimo pois é uma chance de aprender.

7. Permita que ele explore o mundo sem reforçar papéis de gênero

Deixe o menino brincar e explorar o mundo sem “ameaçá-lo” com a perda da masculinidade. Ele pode fazer tarefas domésticas, escolher roupas de cor rosa e até saias, gostar de flores e bonecas, querer praticar ballet e costura. Ele pode ser sensível e se emocionar, pode não querer se sujar de lama, pode gostar de combinar a meia com a camisa. Ele pode preferir histórias de princesa a jogos de futebol, pode gostar de personagens fofos e odiar monstros, pode querer deixar o cabelo comprido.

Nada disso o fará ter menos valor como menino ou como pessoa. Ensine isso a ele e veja como ele pode passar pra frente tudo que aprendeu.

foto de destaque Edward Cisneros on Unsplash

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1 Comment

  1. 8 de Março de 2018 at 9:42 — Responder

    Thank you for the insights, this is so helpful, especially to new moms and women who would like to raise their own sons someday. <3

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