Diário de uma mãe exausta: “Filho, me dá um tempo!”

Uma mãe exausta precisa de tempo, conforto e descanso. Quando é que isso tudo se torna realidade? Podemos pedir um tempo para nossos filhos?

Faz quase oito meses que eu me sinto muito cansada. Mas há mais ou menos dois meses eu me tornei uma mãe exausta. Às vezes, eu tenho certeza de que durmo se encostar em qualquer cantinho. Outras, eu não consigo dormir de tanto cansaço. Tudo porque, ainda bem, meu filho precisa de mim o tempo todo.

Em algum lugar obscuro da minha lista de expectativas para a maternidade eu guardei a vontade de meu filho ser grudado comigo. Eu sabia que era dessas coisas perigosas de querer. Bem daquelas que faz a vozinha no fundo da sua cabeça repetir: “cuidado com o que você deseja”.

Mas esse desejo estava sempre ali. Como um marco de que eu estava fazendo alguma coisa certa, eu ansiava pelo dia que o bebê ia pedir o meu colo. Ansiava pelo momento que ele ia ter certeza de que só o colo da mamãe ia resolver o que quer que fosse. Acho que ninguém realmente admite essa vontade, mas ela existe.

mae exausta
eu e Martin exaustos

E sim, cuidado com o que você deseja.

Porque isso provavelmente vai acontecer e você se tornará (mais uma) mãe exausta. Olha, é maravilhoso ser a referência de conforto, aconchego e segurança do próprio filho. O coração enche quando aquele serzinho pede a sua presença para tudo. Comer, brincar, dormir… Tudo é melhor com a mamãe por perto. Hashtag grudinho. Uma fofura.

O problema é que essa necessidade de proximidade se escala para números impossíveis. Ele ainda não vai para a creche e eu trabalho em casa. Isso significa que ele pede colo, presença e aconchego dez, vinte, trinta vezes ao dia. É tanto e tão sufocante que dia desses eu falei bem sério para ele: “filho, me dá um tempo!”.

Como se ele pudesse entender. E eu sei que ele não entende. Eu precisava de um tempo. Uma mãe exausta precisa respirar às vezes. Mas culpa bateu imediatamente e eu peguei ele no colo. Distraí e passei para o pai. E fiquei pensando sobre mais esse trabalho invisível que temos: o de ser o porto mais seguro e confiável. De ser o colo infálivel para consolo e conforto. Não importa o que estejamos sentindo naquele momento.

Tem gente que aproveita a oportunidade para criticar e dizer que estou mimando muito esse menino.

Que ele só quer colo porque eu dou colo. Pode ser também, mas aqui a criação é com apego mesmo e assim vai ser. Pode ser que seja um “sintoma” de um salto de desenvolvimento importante, ou dente nascendo.

Tem gente que diz que é fase, “esse grude vai passar”. Mas será que eu quero que passe? Ou será que eu só precisava que alguém que me aliviasse do “fardo” de vez em quando? Tem gente que diz que é ansiedade de separação e que também passa. Pode ser.

Pode ser que não seja nada disso. Afinal, toda vez que eu preciso de um conforto certo e imediato é pro colo da minha mãe que eu corro também. E assim como eu, ela é uma mãe exausta. Quem conforta as mães quando elas precisam?

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