Ensinando ócio para crianças

Estou sentindo falta de um curso importante: ócio para crianças. Acho que um dos grandes dramas da infância atual é a necessidade de estar sempre entretido. Ninguém consegue mais almoçar olhando pra janela. Tem que ter uma TV, um telefone, um tablet. E eu nem estou falando só das crianças. Nós mesmos somos os piores exemplos.

Ontem eu levei a Victoria e uma amiga para o AquaRio. E uma das coisas que me chamaram a atenção foi a necessidade de toda hora estar fazendo alguma coisa. Dentro do carro elas queriam tablet pra jogar. Ou música no rádio. Deu fome, deu sede, deu cansaço. Isso por que foram 30 minutos no carro. No máximo.

Na volta, indo para o almoço, o mesmo drama. E, no restaurante, quando elas perceberam que não ia ter desenho no tablet, elas almoçaram em tempo recorde para poderem comer o pão de mel que ganharam na pescaria do AquaRio e poder sentar em um cantinho para jogar.

Sinto falta de ensinar pra Victoria que a cabeça precisa descansar. Até por que somos apenas duas aqui nesse pedacinho de latifúndio e eu preciso muito desse momento de ócio para desligar a mente. E todo mundo sabe que mães sofrem de cansaço mental de uma maneira que poucos indivíduos sofrem.

 

Que tal não fazer nada? Parar só pra observar uma flor?

Uma das coisas que estou instituindo aqui em casa é o dia de não fazer nada. A gente não almoça fora, não sai pro parque, acorda tarde se quiser e fica de camisola o dia todo. A gente curte fazer isso. Moramos numa casa legal e confortável e a gente se sente bem onde moramos. Isso faz muita diferença.

Nesses momentos eu cozinho, o que quase nunca tenho tempo, a gente lê juntas. Passa tempo interagindo e separadas, cada um no seu cômodo se distraindo como quer. Ela ainda estranha que eu consigo ficar muito tempo deitada no sofá olhando pro teto, pensando. Preciso que isso sirva como exemplo em algum momento.

Eu estou com muitas dificuldades de fazer ela entender que existe vida para além dos eletrônicos, mais ainda o problemático YouTube. Estou tentando não declarar uma guerra por conta disso. E estou tentando atacar a questão de uma maneira mais gentil. Compartilho quando funcionar.

Mas acho que somos um pouco culpados por essas crianças que não conseguem se distrair na calmaria, brincar sozinhos. A gente leva pra 3 festas no final de semana, tem sempre que ter um parque, um shopping, um amigo visitando. A gente mesmo passa o tempo inteiro entretendo os pequenos, por que é como se eles não pudessem passar nenhuma privação. Nem de consumo ou de tempo.

Você se sente culpada por não dar atenção o tempo todo?

Será culpa? Será a vida moderna? Será o nosso próprio medo do tédio agindo inconscientemente?  Será que é mais fácil entretê-los do que lidar com eles? Deixo aqui pra gente discutir juntas. Quero ouvir vocês.

 

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