Mundo Ovo

Uma babá em minha vida


Há tempos queria arrumar um espaço para falar de babás, primeiro porque parece que elas só existem para quem é rico e/ou para quem não quer acordar de madrugada e trocar as fraldas. Meu filho tem hoje um ano, e percorremos um longo e delicioso caminho até aqui.

Quando fiz o curso para gestantes Marinheira de Primeira, percebi que o assunto é muito mais sério do que imaginava. Não lembrava em nada a informalidade de antigamente. A babá não é só uma pessoa que vai ficar uma boa parte do tempo na sua casa na maioria das vezes, mas é “O” alguém que vai te ajudar a cuidar de sua joia mais preciosa, seu filho. O ideal é “herdar” uma babá ou arrumar alguém conhecido. As agências podem ser boas, mas a possibilidade de ter várias babás rodando pela sua casa é grande.

A babá não vai nunca, se você não quiser e não deixar, assumir o papel de mãe. Tampouco vai decidir o que vai ser feito nas 24h de cada dia do seu filho. Elas são o braço direito da mãe. Nem os pais são tão presentes quanto as babás.  Muitas pessoas optam por não ter babá ou porque têm uma estrutura de super empregada, ou alguém da família que pode ficar, ou são aquelas mães que simplesmente são super tudo, de A a Z (de Zen).

No meu caso, a babá foi e é uma escolha consciente e necessária. Tenho minha própria empresa e tirar licença maternidade, do jetinho que muitas mulheres tiram, estava fora de cogitação. Me sobravam duas opções, na verdade, uma só. Eu não tenho mais a minha mãe para me ajudar, e mesmo que tivesse, não acho legal, ela tem que ser avó e não babá (cada um no seu cada um). Também não tenho minhas irmãs ou parentes disponíveis em caso de “dor de barriga”. A outra opção seria colocar na creche, o que só seria possível (na minha mente), depois dos quatro meses.

 

Eu tinha o preconceito e o medo de ser substituída, não queria abrir mão da privacidade de andar como quisesse em casa. A presença da babá era estranha para mim, não sabia ser mãe, muito menos uma mãe com uma babá. Eu nunca fui de pedir ajuda, mas tive que aprender a me deixar ser ajudada.

Algumas regrinhas que me ajudaram no dia a dia com babá:

1) É importante estipular qual a rotina, o que ela deve fazer, as decisões que pode tomar na sua ausência. Nada muito rígido, um dia não é igual ao outro.

2) Tenha em mente que o importante é aquilo que funciona para o bebê. Não vale bola caindo na quadra, por causa do velho “deixa, que eu deixo”.

Nos primeiros dias depois do nascimento do meu filho, eu parecia um zumbi saído destes filmes B de terror, me arrastava. Comigo não funciona a regra de dormir quando o bebê dorme, eu só sei (mal e porcamente) dormir de noite. Não ter uma babá, seria uma condenação à infelicidade, nada saudável e totalmente incompatível com o momento delicioso que tenho vivido.

Aqui na nossa casa que cheira a bebê, ajustamos nossos dia e noites no momento em que decidimos ter um filho. Sempre dormimos muito tarde, e com a facilidade de trabalhar em um mercado que só demanda de nós a partir das 10h, acordávamos mais tarde. Diferentemente do que muitos pensam, ter babá não nos dá a carta branca para manter essa rotina. Passamos a dormir, ou ao menos a tentar dormir, bem antes do usual. E mesmo que a noite tenha sido longa, o despertardor está sempre programado para tocar bem cedo, assim desfrutamos das delícias do pequeno. O tempo do nosso sono agora é destinado à brincadeiras e café-da-manhã em família, algumas vezes, movido a bastante café.

Existe um movimento muito forte de profissionalização da maternidade, se você não larga tudo para ser mãe, você não é “A” mãe. Leio diversas mães dizendo serem mães 24h. Eu gostaria de saber se eu deixo de ser mãe porque estou trabalhando e não estou com o meu filho o dia inteiro.

Concluindo, ter babá não muda em nada a sua vida. Os cuidados e responsabilidades continuam sendo do casal. O que se consegue é um pouco de tempo livre para sair com o marido, conversar com os amigos, desfrutar do seu filho, enquanto as tarefas menos gostosas acabam sendo executadas por elas (as babás). Você ganha mais tempo para a família. É uma delícia ter alguém que olha pelo seu filho, se preocupa com ele e com você.