Na medida em que os filhos vão crescendo, sua capacidade de argumentação e negociação vai sendo testada e exigida. Mas claro que essa habilidade de articulação não surge da noite para o dia.
Nascemos dentro de um núcleo familiar. Este é o nosso primeiro contato com a vida social. O tempo vai passando, este núcleo vai aumentando e novos personagens vão surgindo. Primeiramente, temos Mãe e Pai, depois vem irmãos, avós, tios, primos, tios avos, e por aí vai.
Com a família vamos aprendendo e descobrindo as parcerias, desenvolvendo alianças, e entendendo o jeito de cada componente. Como aprendemos isso? Vivendo e experimentando o que cada relação pode oferecer. Errando e acertando, testando e descobrindo os limites de cada uma.
O aprendizado adquirido será usado na vida social, e nela temos que cada vez mais nos fazer entender, resolver conflitos e saber sair de situações desagradáveis. Além de identificar e valorizar parcerias positivas. Dentro da família que plantamos a semente do conhecimento para a vida social.
Com irmãos não poderia ser diferente. Com uma particularidade, na hierarquia familiar ambos estão no mesmo patamar, o que faz com que esta relação seja especial.
Com irmãos treinamos como negociar com futuros amigos, nos relacionamos de igual pra igual. Este é um vínculo único, onde podemos ser verdadeiros doa a quem doer. Seu irmão aguenta um grito, uma briga, um aborrecimento e palavras duramente honestas. Mas ele também estabelecerá os limites de forma mais clara e franca, sem rodeios. E mesmo assim nos encontros e desencontros desta relação, o vínculo irá suportar a caminhada de aprendizado mútuo.
Mas que mãe não fica cansada, entristecida, desapontada, chateada, quando os conflitos entre irmãos surgem? O que devemos fazer? Interferimos? Mediamos sempre? Enfim aparecem mil dúvidas e principalmente o receio de um desentendimento entre irmãos.
A mediação a principio é inevitável, mas devemos com o tempo ir espaçando as nossas ajudas. Se interferirmos sempre, solucionando todos os conflitos, por menores que sejam, ao invés de incentivá-los a se entender, a chance do diálogo ser interrompido e de sempre precisarem de um mediador será grande. E, em se tratando de irmãos, existirá a possibilidade de usarem a mediação para atrair e disputar a atenção dos pais, criando uma dinâmica cansativa para todos.
Precisamos estar atentas e oferecer condições deles conseguirem resolver os próprios conflitos. Tentando não cair na armadilha de resolvermos tudo, evitando brigas, na intensão de que nada de mau aconteça, pois assim nada vai acontecer mesmo, nem mesmo o desenvolvimento da capacidade de resolverem os próprios conflitos. Se conseguirmos enxergar os conflitos como aliados, entendendo como oportunidades de melhorar a relação entre irmãos, onde todos poderão se conhecer melhor, temos a chance de amadurecer com os mesmos. Explicando as nuances desta relação, dando ferramentas para que se entendam, certamente facilita para que a parceira seja feita com sucesso. O diálogo incluindo todas as partes será sempre um grande aliado, assim, estaremos construindo mais pontes do que barreiras nesta relação.
Imagem: Melissa Taylor Photography