Conselhos pra que te quero

Quando você esta grávida todo mundo tem um conselho. TODO MUNDO. A faxineira do escritório, todas as suas tias, sua mãe, sua irmã, sua cunhada e no meu caso, todas as velhinhas de Copacabana.

Minha obstetra, que é cheia de bons conselhos, me disse pra não ouvir nenhum deles e seguir meu coração. E ela. E minha nutricionista. Eu ouvia tudo, pacientemente e tirava o melhor dos conselhos, por mais estapafúrdios que fossem. Não me leve a mal, nem todos eram estranhos, mas no final das contas eu fiz o que eu quis e tudo ficou bem.

Como mãe de primeira viagem e minhas sobrinhas com quase oito anos, foi bom entrar no baby world de mente aberta. Mas eu achava algumas pessoas meio intensas. E rígidas. Eram muitas regras e eu ficava assustada. Meu mundo sempre foi muito indisciplinado, com altas doses de procrastinação e regido por uma interminável lista de afazeres que só cresce a cada projeto, a cada ideia mirabolante que aparece.

E nove meses depois o bebê nasce e a enxurrada de conselhos aumenta. Todo mundo tem uma dica e ela é, normalmente, o oposto do que você está fazendo. E dessa vez é o pediatra quem diz que não é pra você ouvir a sua tia avó: um pedacinho de lã vermelha na testa do pequeno não vai acabar com o soluço. Mas uma bolsa de água morninha todo final da tarde e um colo bem gostosinho era suficiente para evitar a maioria das cólicas da minha pequena. Conselho de mãe!

E na medida em que seu filhote vai crescendo, você deixa de ouvir tantos conselhos, a não ser que queira, é claro. Deixa de ser aquela coisa unilateral para ser uma constante troca. Você deixa de ser uma mãe de primeira viagem insegura, para ser mais uma do time que já passou por algumas barras pesadas e pode dar seus próprios conselhos. E a partir daí começa um papo interminável com sua mãe e aquela sua tia avó com ideias esquisitas, com as primas com filhos em idades semelhantes, com a sua irmã mais experiente, com as amigas que estão vivendo o mesmo momento e as amigas novas que você faz no processo.

Essa experiência recém adquirida é que faz o ciclo dos conselhos seguirem adiante, de geração em geração. Você deixa de achar todo mundo sem noção para fazer parte do time das mães que experimentaram tirar um coelho da cartola quando o pequeno não queria comer chuchu.

E em alguns anos você vai dar um conselho para aquela mãe de primeira viagem que totalmente funcionou com você, com suas amigas e suas primas. E como o mundo corre numa velocidade infinita, o que sair da sua boca vai parecer completamente obsoleto, careta e sem noção. E em questão de segundos, você vai se sentir na pele da coitada da sua tia avó. E ficar ofendida. E é nesse momento que você vai perceber que o ciclo de conselhos sem noção jamais vai terminar. E vai se tornar mais sábia. Acho que é com bom humor que a gente cresce.

 

 

Nota da autora – você pode estar se perguntando porque esse post foi parar no Manual de mãe. Minha resposta é simples. Tire o melhor proveito dos conselhos, mas lembre-se de sempre seguir seu coração. As pessoas são diferentes e você precisa se respeitar. Mas mantenha a mente aberta, porque às vezes alguma boa ideia pode surgir no caminho quando você menos esperar. E não se esqueça de SEMPRE seguir os conselhos da sua obstetra, do pediatra do e da sua nutricionista. Eles sabem o que dizem.  E esse conselho é regra de ouro em qualquer manual para a futura mãe.

 

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13 Comentários

  1. Marcio
    16 de agosto de 2012 at 12:26 — Responder

    Pode parecer estranho um homem passar por aqui para comentar, mas eu faço o gênero pãe. E como me separei da mãe da minha filha quando esta só tinha 8 meses, recebi ainda mais conselhos (ninguém acredita que um homem possa cuidar de um bebê, ainda mais de uma menina). E é isso mesmo, todo mundo tem uma solução mágica bizarra para qualquer coisa e, com certeza, ela fere todos os princípios dos seus médicos. E tem uma coisa muito legal: grávida é meio “domínio público”. Todo mundo interage, comenta, passa a mão na barriga, faz premonição… e dá conselho!

    • Camila
      16 de agosto de 2012 at 14:42 — Responder

      Marcio, ser pãe é ser estranho no ninho né? Está até na minha pauta falar sobre os pais que são verdadeiras mães nesse mundo. Mas sob a minha ótima de mulher. Depois te mostro, vou querer que você leia antes. Beijoca

  2. Ana Pimentel
    16 de agosto de 2012 at 12:57 — Responder

    Camila,

    mas tem muito medico por ai com conselho sem noção também!! Não fui (pra nunca mais voltar) num pediatra que mandou desmamar e dar banana com leite condensado pro meu bebê de 8 meses?!
    Na verdade, acho que o que vale é ouvir tudo, ler de tudo e filtrar segundo o seu bom senso, e o que o próprio bebê te diz, de alguma forma. E isso dá insegurança mesmo! Mas ser mae também é conviver com as inseguranças, testar uma coisa e voltar no meio do caminho, testar outras dez e se desesperar pq nada funciona, não testar nada pq tá bom assim mesmo, ser firme em algumas coisas, ficar completamente perdida em outras…

    • Camila
      16 de agosto de 2012 at 14:40 — Responder

      Ana, eu tenho um pediatra ÓTIMO, super de acordo com a minha cabeça, então costumo ouvi-lo e tb discutimos bastante várias questoes. É uma troca ótima. E concordo com você: bom senso é tudo. E eu acho que, no geral, eu tenho isso de sobra. 🙂

  3. Renata
    16 de agosto de 2012 at 15:31 — Responder

    Cam, uma delícia ler tudo o que vcs escrevem, assim já vou me preparando pra passar por tudo isso. Não vejo a hora de chegarem meus rebentos e poder ser sua colunista! Enquanto isso vou treinando com a afilhada mais gostosa ever! Te amo.

    • Camila
      16 de agosto de 2012 at 16:01 — Responder

      Estar preparado só serviu pra eu aprender que tudo sai diferente do que a gente planeja. Jogo de cintura é fundamental. Isso é tudo o que nós precisamos saber 🙂 Love u too.

  4. 16 de agosto de 2012 at 15:34 — Responder

    Super adorei o texto. E depois que nasce o filho, além fé conselhos chegam as perguntas: dorme a noite toda, já engatinha, já come, já anda…?! Rs

    • Camila
      16 de agosto de 2012 at 15:58 — Responder

      Gabi, depois que nasce parece que vira competição né? Pra ver quem é mais adiantado! Hahahahah

      • 16 de agosto de 2012 at 19:46 — Responder

        Ca, pior que essa cobrança muitas vezes vem das pessoas mais próximas, avó, sogra, tia…e aí comparam: pq fulano começou andar com não sei quantos anos…aff! Rs

  5. Priscila Freitas
    17 de agosto de 2012 at 17:14 — Responder

    Me identifiquei muito. Passei a gravidez toda falando que nunca faria isso ou aquilo, e agora quando meu filho tem dificuldades de pegar o peito pra mamar, faço qualquer coisa que minha mãe aconselha, por mais maluco que seja.

  6. Kiki Faria
    16 de julho de 2014 at 13:13 — Responder

    Adorei o texto!! Me identifiquei bastante! E imagine a quantidade de conselhos de pessoas desinformadas quando o seu bebê nasce com Síndrome de Down, como a Angelina! Tive que ter um super filtro!! Mas ainda bem que também existem os sites, os bons profissionais e as outras mães super queridas pra dar aquela força, sem nunca abrir mão de ouvir o coração…hoje e sempre! Um beijo

    • Camila
      16 de julho de 2014 at 16:02 — Responder

      Kiki, obrigada. Eu acho que é por aí. Aproveita o que tem de bom e descarta o resto sem nem mover um músculo. Se desgastar pra que? Beijo

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