Mundo Ovo

Livros para fazer bebê dormir


Mal você fica sabendo que está grávida e já tem vontade de comprar livros que falem sobre o assunto, de saber o que vai acontecer mês a mês, de como o corpo vai mudar e como vai ser quando o pequeno chegar em casa. Por nove meses, troquei a seção de literatura das livrarias pela de saúde e folheei um mundo de livros para grávidas e seus bebês. Nunca comprei “O que esperar quando você está esperando”. Na primeira vez que abri, caí em uma seção de possíveis doenças e problemas da gravidez. Em cinco minutos já estava sentido alguns dos sintomas citados. Fechei e não abri mais. Em vez disso, o primeiro livro que comprei foi “A encantadora de bebês”, por sugestão de algumas amigas que apontavam esse como a bíblia pós-barrigão.

Li quase todo. Mas confesso que, ainda grávida, abandonei a leitura, convencida de que estava dedicando mais tempo em saber como fazer para que o bebê seguisse uma rotina previsível, dormisse a noite toda e me deixasse seguir com a minha, do que em me preparar para cuidar bem da pequena. Parti para outras leituras, cursos e aquelas futilidades deliciosas que fazem toda grávida ir entrando no universo do novo bebê.

Mas depois que a Marina nasceu, recorri a ele sem culpas e li alguns outros, em busca de boas noites de descanso para toda a família. Ela até dormia bem, mas, quando fez um ano, ainda acordava uma ou duas vezes durante a noite para mamar, o que me deixava absolutamente exausta no dia seguinte. A leitura foi mais do que útil. Pelas páginas de “A Encantadora…”, por exemplo, fiquei sabendo de uma série de coisas (básicas para alguns, mas totalmente novas para mim, mãe de primeira viagem, sem quase nenhum contato com recém-nascidos antes da chegada da minha filha). Entre elas, que um bebê precisa mamar um seio inteiro de cada vez, porque o leite vai mudando entre o início e o fim e é o conjunto que faz com que a refeição seja completa; que precisamos ir detectando os sinais de sono que os nenéns dão quando estão prontos para dormir (sempre fui boa nisso!); que é preciso criar uma rotina sempre igual antes de colocá-los na cama, porque todo o processo já vai dando soninho, e de que não deveria fazer uma série de coisas (não consegui resistir a algumas!).

Li também “12 horas de sono com 12 semanas de vida” e descobri, pelas histórias que a autora ia contando e as dicas que listava, que a Marina devia despertar porque não comia o suficiente ao longo do dia. Podia ser. Então, incrementei o café da manhã, fiz um lanchinho da tarde mais substancioso e caprichei na mamadeira da noite e a coisa melhorou de verdade. Ela passou a acordar só uma vez, quando o dia já está amanhecendo, tomar sua mamadeira “café da manhã”, e voltar a dormir por mais umas três horas. Fiquei mais do que satisfeita e abdiquei de vez da ideia de botar em prática qualquer uma das rotinas defendidas por esses e outros livros.

Tenho amigas que seguiram à risca cada uma das recomendações e não se arrependem, garantem que têm filhos “educados” na arte de dormir bem. Elas dão um beijinho de boa noite, fecham a porta do quarto e o bebê fica tranquilo até o dia seguinte. Não cheguei a esse ideal, mas tudo bem. Tenho certeza de que me falta disciplina para manter uma rotina tão rigidamente estruturada, com atividades sempre iguais, hora para cada coisa, tabelas… Sofria mais tentando me enquadrar na tal rotina do que com o cansaço das noites mal dormidas.  Depois, todos os processos requerem algum chorinho, por parte do bebê (o esclarecimento parece óbvio, mas para pessoas como eu, nem é. Quase chorava junto. Ok, admito, chorei algumas vezes). Eu sei que são apenas alguns minutos, um, dois, por aí. Mas, eu juro, me parecia uma eternidade e logo desistia do sofrimento que era ver ela aos pratos por minutinhos intercalados de colo e chamego.

Isso não quer dizer que os métodos não funcionem (tenho as tais amigas aí para afirmar o contrário!). Só que, na minha opinião, não são para todos.  E a Marina é a prova, hoje, de que é possível viver bem feliz mesmo assim.