Mãe no mundo – Capítulo Londres

A avalanche de sentimentos inusitados que acompanham o “positivo” do teste de gravidez são de uma intensidade tão grande, não é mesmo?
Agora, adicione aí uma pitada extra do “desconhecido” por estar vivendo em um país diferente, com cultura e hábitos que não são bem aqueles com os quais você está acostumada. Dá para chamar a experiência de “assustadora ao quadrado”????

Pois eu, enquanto mãe, tive duas experiências TOTALMENTE distintas (diferente de tudo que imaginava e uma da outra). Além disso, acompanho outras futuras mamães brasileiras, portuguesas, angolanas como intérprete, tanto nas visitas do pré-natal, quanto nos partos. 
Me considero até “descolada” quando o assunto é gravidez e partos em Londres. Já participei desse momento lindo, cansativo e emocionante, pelo menos uma boa dúzia de vezes! Quanta história… e, ainda bem, todas com final feliz.

A maioria das pessoas aqui usa o Sistema Nacional de Saúde (NHS), que é gratuito. Julgando pelo que vi e vivi, ele não deixa nada a desejar em termos de hospitais e serviços.
O atendimento não tem aquele carisma que a gente está acostumado no Brasil. Também pudera, é uma babel com médicos e enfermeiras de todas as nacionalidades. Podemos dizer que a falta do “tapinha nas costas” é meramente cultural.

Eles advogam fervorosamente por parto normal. A cesárea eletiva é uma raridade (confesso que a legislação mudou recentemente, então, pode ser que aconteçam com mais frequência agora). Na minha opinião, acho que eles querem mesmo é cortar custos. Mas para ser honesta, depois de ter assistido de camarote um bom número de cesáreas e partos normais, eu passo a advogar também, ou ao menos dar pitaco: se puder, tenha o mais natural possível!
Não imaginava o quanto a cirurgia é invasiva.

Eu tive meus dois filhos através de uma cesariana. No parto do meu primeiro filho não tive dilatação. Depois de “tentar” por 20 horas (sim, esse talvez seja o lado negativo da insistência deles aqui), precisei fazer uma cesárea de emergência. Na segunda gestação, minha menina estava sentada e nasceu prematura, então não tinha nem como eles sugerirem que eu “tentasse”.

Os partos normais são executados com parteiras, as ‘midwives’, enfermeiras que recebem treinamento especializado. O obstetra só vai entrar em ação em caso de cirurgia. Já o anestesista estará presente em ambos os casos. Muitas mães tomam peridural para o parto normal, então, tem sempre um especialista por perto.

Outra curiosidade comparativa é que aqui não se faz muitos ultrassons. Eles recomendam apenas dois, um entre 8 e 12 semanas de gestação e outro entre as semanas 14 e 20. Ultrassons “extras” só em caso de necessidade, e determinados pelos médicos.

Estar lá na hora H de outra futura mamãe é de um aprendizado ímpar! Começo como intérprete e termino como fotógrafa. Dividimos alegrias e abraços. Confesso que toda vez que ouço o chorinho miado ou escancarado de um recém-nascido, me dá aquele nozinho na garganta e corre uma lágrima teimosa! Sortuda eu, né?

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