Estou vivendo um momento particularmente difícil na jornada da maternidade. Venho questionando o quanto de tempo de qualidade eu passo com a minha filha. Talvez seja porque estou atabalhoada de trabalho, talvez seja puro cansaço. Mas eu venho observando o quanto de tempo eu passo cuidando das necessidades da Victoria e o quanto de tempo eu passo simplesmente ouvindo o que ela tem a dizer, parando mais do que três minutos protocolares para brincar e realmente prestar atenção nela.
Não me leve a mal, a filhota vai indo bem e estou atenta inclusive para os pequenos problemas: aqueles que precisam ser resolvidos e aqueles que são normais da fase dos dois anos. Mas é uma sensação de que eu não estou fazendo o suficiente. Perco muito do nosso pouco tempo juntas trocando fraldas, dando banho, preparando comida, dando comida, lavando mão, boca, escovando dentes, fazendo dormir, trocando roupa, arrumando brinquedos, ninando, fazendo mamadeira… ufa. Uma interminável lista de tarefas que diminuem um pouco nos dias de semana quando a empregada também pega no pesado durante o dia, mas que triplicam nos finais de semana quando estamos sozinhos com ela.
Jamais pensei que eu, logo eu, conhecida por ser uma mãe do tipo “relax”, fosse ter uma crise de culpa. Logo eu, que não senti um pingo da tradicional culpa materna quando a deixei na creche em período integral para poder voltar serelepe ao escritório quando ela tinha nove meses. Logo eu que pedi de aniversário para minha mãe e irmã que ficassem com a Victoria no Rio enquanto eu tirava uns dias de folga para viajar com o marido.
E no meio desse questionamento todo, eu fui bombardeada essa semana com leituras sobre o tema, posts nos grupos de mães e bate-papo com outras amigas.
Um dos artigos dizia que, para que as famílias pudessem realmente se curtir, os pais precisariam largar muitos dos seus interesses. No episódio piloto de uma nova série de TV americana, um futuro pai diz que o que os outros pais não sabem é que a vida só muda o quanto você a deixa mudar, no que de pronto outros pais simplesmente olharam para ele com aquela cara de “tolinho” e deixaram o cara ir “pro abate” desavisado. Num bate-papo com uma amiga ela relatou uma cansativa rotina que incluía natação duas vezes por semana, pracinha em outros dois dias na semana e mil e uma brincadeiras e diversões que me deixaram mais chateada por eu estar sentindo que estou vivendo a minha vida de maneira errada e que preciso, com urgência, corrigir o meu percurso.
Eu sei que cada família vive de uma maneira. E que eu, racionalmente, jamais deveria me comparar com ninguém. Fico triste ao pensar que não estou dando conta de tudo: de ser eu mesma, uma boa profissional, uma boa mulher para o meu marido, e de ser uma mãe que cuida e uma mãe que brinca.
Talvez esse post não esteja chegando a lugar nenhum. Porque só consegui levantar a questão, mas não pensar em nenhuma solução. Porque se de um lado eu leio que para dar conta de tudo eu teria que desistir de muito; e por outro lado eu ouço que para dar conta de tudo eu teria que abrir mão de mim mesma e construir uma rotina rígida de um general que cansaria até os mais dispostos, eu não sei exatamente que caminho seguir. Porque não me sinto disposta a me anular para ser a mãe perfeita. Ao mesmo tempo entristeço em considerar terceirizar parte da labuta para dar conta de ser uma mãe mais presente das brincadeiras.
A verdade é que esse é dos maiores males da mulher moderna. Será que dá pra abrir mão de quem éramos para construir essa família perfeita do comercial de margarina? Se eu resolvesse que iria mudar de profissão para ser mãe em tempo integral, será que eu teria a família perfeita, mas seria infeliz na minha vida pessoal? Existe uma resposta correta para esses questionamentos todos?
Como funciona pra você? Você conseguiu resolver essa equação? Quer compartilhar comigo? E se está no mesmo barco quer pensar junto?
15 Comentários
Camila, quando meu filho mais velho estava com 10 anos fomos para a terapia, carregava a imensa culpa de uma mae ausente, nao ia a reunioes na escola, so tinhamos o fim de semana e neste momento era eu que tinha que impor limites, pois a avo e a baba faziam tudo o que ele queria. Uma coisa me marcou na terapia, muito sabia a nossa psicologa me disse, voce falhou e ainda vai falhar, mas o que importa é o que ele sente quando estao juntos, a qualidade do tempo que passam juntos e isso nao significa so brincar. Ele precisa se sentir seguro, acolhido e amado quando estao juntos, e isso voce fez e faz muito bem. Pense nisso e lembre-se que ainda somos humanas. Bjao.
A Camila está vivendo exatamente o mesmo drama que eu. Fds é exaustivo mesmo, ainda mais que somos só eu e a filhota de 3 anos. Estou mudando algumas coisas para tentar não me acabar tanto na “função”, mas percebo que deixei realmente de lado muita coisa minha – talvez tb por esse mesma culpa e pressão de redes sociais. Está complicado achar um equilíbrio que seja saudável para mim e para ela. É uma questão para muito papo… E, sim, estou super-a fim de trocar idéias!
Eu abri mão da minha vida. Oh!!!!!! Sim, fui dada pelos médicos incapaz de ter filhos. Engravidei, a Lara nasceu e estamos aqui. Parei de trabalhar na gravidez, para que tudo desce certo… e continuo assim, “sem trabalhar”, agora pelo motivo mais especial do mundo: eu passo meu tempo com a Lara. Brincamos muitão, invento coisas a cada minuto pra fazermos. E tbm cuido dela, do banho, da alimentação, das roupas e etc. Faço de tudo, apenas uso o tempo, que alías, é meu presente de Deus e de meu marido que me permite estar com a Lara. Como ele diz: ele ganha dinheiro, quem trabalha sou eu…. o trabalho mais prazeroso do planeta. Não me arrependo. BeijoBeijo. Andrea e Lara. http://coisas-da-lara.blogspot.com.br
Eu acho q esse questionamento é normal entre nós, mamaes.. Eu sou mae em tempo integral, e nem por isso acho q ficar o dia todo com minha filha me dá mais oportunidades pra ser essa “mae de comercial de margarina”, pelo contrário, acho q seria melhor mae pra ela se qndo eu chegasse em casa, nao quissesse fazer nada além de ficar cm ela. Como estamos juntas o dia todo, tenho coisas pra resolver em casa e o tempo em q fico livre, mts x eu quero tirar esse tempinho pra mim, pra ficar no computador, ver um pouco de Tv…Mas ai entra a culpa, pois se estou “á toa” nao deveria estar todo o dia brincando com ela?? é mt dificil conciliar o tempo qndo vc está 24hs/7 com eles..eu acho q qndo trabalhamos fora, automaticamente nao vamos querer fazer nada além de ficar cm eles qndo chegamos. Por isso Camila, nao se preocupe, estamos todas no mesmo barco! Mas como a amiga acima citou, realmente acho q o q importa é ter quality time com nossos filhos! Isso sim marca a vida deles pra sempre!!
Oi Camila, eu acho que todas essas coisas que vc enumerou a fazem uma mãe presente. Ser presente é exatamente isso, é cuidar, é ninar, é dar de comer, é dar banho. Acho que se engana quem “terceiriza” totalmente esses cuidados para ter um “tempo de qualidade” com os filhos. Tempo de qualidade é também olhar para o corpo da sua filha, ouvir sua tosse, perceber a caspinha que aparece nos cabelos, saber do que ela gosta ou não de comer no almoço… enfim, brincar, curtir, passear é ótimo, mas é o plus! rsrs E também acho que se anular completamente não faz de ninguém uma boa mãe. Pelo contrário! Quero ser um bom exemplo de vida, quero incentivar minha filha a construir caminhos próprios. E para isso, quero que ela veja que eu tenho prazer com o que faço, sabe? É complicado o equilíbrio, mas a gente vai ensaiando soluções. Beijos
Oi Camila, sei e entendo o que vc sente pq estou me sentindo assim. Abri p mão do trabalho p curtir a gravidez e o primeiro ano da Julia. Ela vai fazzer 2 anos semana q vem e estou procurando emprego pq ser só mãe já não me basta há mto tempo e esse lance de qualidade X qtde é mto doido, pq hj cuido dela na parte da manha e qdo volta da escola e nos findis pois não tenho babá e me sinto mto cansada e sempre acho q podia fazer mais. Difícil né? E fico imaginado qdo voltar ao trabalho….o q eu acho é q até eles crescerem um pouquinho mais, deixaremos sim “nossos” próprios interesses para viver os deles…Aiai a maternidade e todas as suas cores, pq não é só cor de rosa não…
bjos e boa sorte p nós!
Oi! Concordo com que Carolina disse. Acho que o lance é mesmo o equilibrio. Minha Talitinha vai fazer 9 meses. Só volto a trabalhar daqui a cinco meses, então a rotina vai mudar… mas sempre pensei muito sobre isso e não acho legal pararmos nossa vida, deixar de ser quem somos, o que escolhemos estudar/profissionalizar para vivermos em função deles. Muitos casos essa atenção excessiva faz mais mal do que bem, acaba rolando uma superproteção. Mais cedo ou mais tarde esses passarinhos aprendem a bater as asas, assim como aprendemos um dia. e aí? quem sobra? o que resta de nós? Beijooos!
Ai ai…. as vzs penso…. as vzs não, sempre que o maior sobrenome da mãe é culpa…… vem com a maternidade e com a sociedade que tanto nos cobra…. como se fosse preciso……rs
Mas acredito sim e inclusive falo sempre para os pais dos meus alunos… qualidade de tempo e não a duração dele…. mas parece pouco qd fazemos e por este motivo nos culpamos de novo…. e de novo…..
É uma guerra que nunca haverá fim…..
Mas a cada sorriso que recebemos, a cada pequeno sucesso …. renascemos…. apenas por saber que somos importantes…. e criar, procurar, propiciar mais e mais momentos.. que as vzs de tão simples se tornam muito especiais.
Primeiro eu preciso dizer que qualquer um que venda a tradicional família de comercial de margarina, mente! A vida é corrida atualmente, para os que têm profissão ativa e os que não tem…
Só quem não trabalha fora e tem babá em tempo integral consegue só brincar com filho… o resto dos mortais no mundo acabam, no dia a dia, num sem fim de tarefas cotidianas que nos afogam e nos força a ouvir, uma vez ou outra, a célebre frase: “Mas, mãe… brinca comigo só um pouquinho!”
E, essa frase, assim, pronunciada numa voz fininha, tristonha e acompanhada dos tradicionais olhinhos pidonhos, corta o coração até da mãe mais presente do universo!
Enfim… parei de trabalhar para ser mãe “orgânica”… nada de babá ou empregada… sou eu quem cuido dos dois, manhã, tarde e noite… e, na real, também acabo sem tempo de simplesmente sentar e brincar!
Já pensei em tirar das aulas de acrobacia aérea ou natação (uma na segunda/quart e outra na Ter/quint) para poder brincar mais com ela… mas não tem como porque, veja bem, ela AMA as duas coisas e não quer sair delas…
Tá, então como conciliar tudo? A única solução que encontrei foi tentar, sempre que possível (porque tem dias que a correria – e a teimosia – acaba transformando a coisa toda numa guerra), transformar a “burocracia” em diversão…
Trocar fralda cantando e brincando (a canoa virou, pé na orelha de telefone…rs), banho de piscina doméstica (dentro do boxe deixando a criança brincar bastante na água… se tiver banheira grande, enchendo a banheira bastante e entrando junto com ela!), pequena cozinheira (chamando para preparar o prato do jantar com você (fazendo, de bonus, pequenas carinhas e afins)…
Mas, o principal é não se culpar por, as vezes, não estar com vontade de brincar e só fazer o processo, burocraticamente… porque, na boa, não é fácil!
Enfim… só pra você saber que não é porque trabalha que isso acontece… nós, mães domésticas (leia-se, que não trabalham fora de casa), também temos nossos dias de passo a passo básico, exatamente como você!
Se trabalhar te faz feliz, mesmo você não tendo tanto tempo para brincar com ela, é a melhor saída, porque o que filho gosta é de mãe e pai felizes!
Camila, Hj tive algumas respostas que precisava. Não temos como ser mães em 100% do tempo, pois seríamos muito chatas (inclusive para nossos pequenos que precisam da convivência com outros… )além do que nós deixaríamos nossas outras funções muito aquém do solicitado. Enfim, creio que radicalismos e excessos não fazem bem.Não podemos nos privar do mundo para maternar. Porém, uma hora tem que cair a ficha que filho é pra ser amado, é pra ser cuidado, é pra ser levado na pracinha, no campinho, no aniversário do amiguinho, é pra sentar no chão, é pra rolar na grama, é pra falar baixinho, é pra ser elogiado. Tudo a seu tempo! Não se culpe, mas não demore para colocar como prioridade número 1 o seu filho! Falo com propriedade, pois coloquei empresa, contas para pagar e sonhos para realizar no topo da minha lista de prioridades, como desculpa para “dar” uma boa escola, uma casa confortável, um brinquedo bonitinho… Mas o que meu filho mais queria era brincar na caixa de areia comigo, era chutar a bola no meu gol, era jogar dominó, queria que eu empurra-se o carrinho e imita-se um aviãozinho com os abraços abertos e com estes mesmos braços abertos recebesse o melhor abraço de todos O DELE!
Camila, talvez seja o caso de vc contratar uma folguista pra te ajudar nos fins-de-semana… E não se culpe por isso… A minha situação é um pouco diferente, pq eu tenho um casal de gêmeos, então eu também achava que ia dar conta de tudo sozinha, com a ajuda do marido, mas depois a gente vê que o trabalho é realmente muito maior do que se imaginava, tudo em dobro, e aí tem os fins-de-semana que o marido ainda viaja a trabalho… Enfim, eu tive que me render e contratar ajuda pra não enlouquecer, inclusive nos fins-de-semana! Enquanto a gente sai pra pedalar com as crianças, brinca no parquinho, vai à piscina do clube,etc. a babá limpa a casa, prepara o almoço deles, lava e passa a roupa, etc. Acho que ao delegar essas tarefas, vc se poupa pra poder efetivamente curtir sua filha, caso contrário, na hora que vc acaba de fazer tudo vc só pensa em dormir de tão cansada e não aguenta brincar…
Sabe o que tento fazer? Brincar durante as tarefas como por exemplo, contar historias no almoço, brincar de pescaria no banho…
Marcela, pois é, são todas boas ideias. Como a Victoria também é mais velha hoje do que quando escrevi o texto em 2012, me sinto menos sobrecarregada por que ela é bem mais independente. Obrigada pelas dicas!
Oi Camila! Eu me sinto exatamente como você descreveu no post. Estou no final da licença maternidade do meu terceiro filho e não consigo me divertir com eles. É cuidar (banho, alimentação, tarefas, aulas de natação e balé, etc) e seguir a rotina que fizemos para dar tempo disso tudo!
Muito boa essa troca de ideias!!! A gente acaba de vendo um pouquinho em cada depoimento!!! Tb trabalho durante a semana. Tenho uma empregada q cuida da casa e roupa de seg a sex o q já ajuda bastante pois qd chego em casa a tarde só fico com meu pequeno! Mas aind sim sinto um cansaço enorme!!! Muitas vezes durmo qd estou ninando ele, pra nao falar todas as vezes!!! E pra mim o lado mulher ainda esta esquecido!! E ando com muitas dúvidas se o cansaço q me desanima pro marido ou se não existe mais casamento, mas isso e outro papo… Mas msm fuçando toda tarde com ele, me sinto culpada por nao ficar com ele de manha tb pois o pai q cuida nesse horário e não tem disposição pra levar na pracinha, brincar… Ele da mamadeira, troca fralda e tenta colocá-lo ora dormir novamente… Até q ele conseguia, mas depois q comportou 1 aninho acorda querendo brincar, fico com pena dessa parte da manha dele ser meio morta entende?? E ele tb nao consegue dar comida direito , desiste logo na primeira rejeição! Então sei q ele apenas toma mamadeira de manha… As vzs penso em colocar na creche mas não era nosso plano… Enfim, culpa, culpa, culpa… E sem tempo pra mim estou com cansaço crônico!!!! Esperando q com o passar dos meses as coisas melhorem!