O segredo das mães francesas e seus filhos educados e obedientes

Você já deve ter ouvido falar do livro “O grito de guerra da mãe tigre”, que retrata a maneira como uma mãe chinesa educou suas filhas. Agora chegou a vez das mães francesas, na verdade, a vez dos filhos das mães francesas – tidos como crianças educadas e comportadas.

 

O segredo das mães francesas e seus filhos educados e obedientes

Quando comecei a ler o livro “Bringing up bébé”, confesso que não saía da minha mente os diversos restaurantes parisienses que permitem entrada de animais de estimação (nada contra), mas proíbe a entrada de crianças. Lembrei dos mercados com quase nada para bebês e o incentivo do governo para casais terem filhos e renovar a população.

O livro foi lançado no Brasil depois que essa matéria foi publicada e chama Crianças Francesas não fazem manha! Os segredos de parisienses para educar os filhos.

filhos educados e obedientes

Logo de cara, a autora Pamela Druckerman, que é americana, faz a primeira consideração que acredito ser o ponto principal do livro: a gravidez é uma parte da sua vida, nada vai parar ou precisa mudar por causa dela ou da chegada dos filhos. Não existem manuais que precisam ser lidos para se preparar ou grupos de gestantes para se apoiar. “Bringing up bébé” é recheado de narrativas divertidas e muita comparação entre o estilo americano e o francês, o que nos dá um parâmetro do que seria o 8 e o 80 da balança. Lendo o livro percebi que sou uma mistura de estilos. O meio do caminho para mim é o caminho.

Depois que os filhos chegam nas casas das mães francesas, nada é diferente, as crianças aprendem a esperar desde bem pequenas. Tudo ok se chorarem e espernearem, elas não ganham nenhuma atenção a mais por isso. Os pais não se ajustam à chegada do bebê, é o bebê quem se ajusta à vida do casal ou família.

A hora de dormir costuma ser um pesadelo para muitos pais (eu inclusive). Filhos que não dormem na própria cama, ou não engatam o sono por toda a noite, ou ainda que demandam constante presença fazem com que uma legião de fadas e encantadoras de bebês ganhem rios de dinheiro com seus livros. Passei a acreditar que talvez essas autoras sejam francesas… Os pais franceses agem de maneira parecida, eles acreditam que o bebê deve aprender a pegar no sono sozinho. Portanto, deixam os filhos pequenos chorando no berço. Eles aguardam ao menos 10 minutos antes de fazer alguma intervenção.

Muitas mães francesas utilizam fórmula, amamentando ao seio por muito pouco tempo. Elas também deixam seus filhos utilizarem a chupeta por quanto tempo quiserem. Na França, é possível encontrar um menino de quatro anos de idade andando feliz com sua chupeta na boca. As mães francesas sabem, por observação, que depois de um certo tempo as próprias crianças irão notar que é inadequado e deixarão a chupeta jogada em algum canto.

A parte que mais gostei e me identifiquei foi sobre as refeições. As crianças francesas são encorajadas a testar novos alimentos, as refeições são feitas à mesa e, dependendo da idade, as crianças comem o mesmo que os adultos ou uma variação do cardápio do dia.

Assim como a autora, acredito que não existe um julgamento a ser feito, existem realidades diferentes, “impostas” pela cultura. Aconselho a quem for ler o livro que deixe de lado as críticas e tente tirar o maior proveito dos ensinamentos. As comparações que permeiam todo o livro ilustram as diferenças com um olhar amigável, e só isso.

Crianças francesas não foram geneticamente modificadas para serem mais calmas e obedientes. A maior lição que pude tirar dessa leitura é que a ansiedade de sermos pais melhores e gerar filhos melhores nos empurra a sacrificar nossas vidas em busca da felicidade de nossos filhos. Estou aprendendo que as crianças se tornam mais felizes se a gente não tentar controlar todos os seus passos.

Mães francesas não abrem mão do seu espaço e tempo em prol dos filhos, as chinesas vivem para os filhos, e nós, mães brasileiras?

 

Crédito de imagem: cyclotourist
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14 Comentários

  1. 5 de setembro de 2012 at 13:52 — Responder

    kkkk….. devo ser chinesa! Abri mão do meu trabalho quando engravidei por ordem médica. Depois a Lara nasceu, cresceu mas não poderia entrar na escola que escolhemos antes de desfraldar. Estamos finalizando essa fase e aí pretendo retomar minha vida como profissional. Não me arrependo e acredito que vivi os melhores momentos da minha vida até agora. Aprendi a ser mais calma, tranquila, aprendi a esperar. Sou feliz e agradeço a Deus pela oportunidade de ser mãe e ao meu marido por me permitir vivenciar o “ser mãe” até agora em toda a sua forma e tempo….

  2. Dora Sterenberg
    5 de setembro de 2012 at 14:08 — Responder

    De um modo geral, acho que as mães brasileiras não conseguem estabeler os limites tão bem quanto as francesas, e, pior, ainda tercerizam a educação dos filhos à babá, o que é alarmante. Claro, há as mães que são exceções.

    • Patricia
      6 de setembro de 2012 at 10:17 — Responder

      Oi Dora,

      existe um processo cultural mesmo, as mães francesas tem apoio do governo para tudo o que necessitarem durante a licença maternidade. Não tem essa correria de volta ao trabalho, catar uma creche ou arrumar com quem a criança vai ficar, e ainda o medo de perder o emprego. Acho que ter essa certeza ajuda muito desde a gestação, são preocupações que elas não precisam ter e consequentemente, conseguem aproveitar bem melhor o tempo de licença maternidade.
      Ter uma rede de apoio é o mais importante, pois todas essas incertezas e inseguranças, geram muitos conflitos. A cobrança da sociedade também não ajuda muito 🙁

  3. 5 de setembro de 2012 at 15:35 — Responder

    Adoraria ler este livro, mas terei que esperar ser traduzido pois não sei francês, rs.
    Já tinha lido sobre os filhos das francesas num blog sobre crianças, não me lembro qual, mas era o relato exatamente sobre isso, de como a autora do blog percebeu que a vida não segue em prol dos filhos, e lembro que o que mais me marcou foi sobre as capas de chuvas para os carrinhos, ou seja, mesmo que esteja chovendo, lá estão as mamães passeando com seus filhos, basta protegê-los com uma capa, uma galocha e pronto, não é preciso mudar os planos ou ficar em casa só porque lá fora está chovendo. O que por aqui é meio diferente, não com a maioria, claro, mas sempre vejo mães reclamando que odeiam dias chuvosos ou de muito frio porque não tem jeito de sair com as crianças… Ou seja, gostaria de ter essa capacidade de adequar a minha filha a minha realidade e não de adequar a minha vida a chegada dela, acho que assim viveríamos com menos culpa. Parabéns pela postagem.

    • Patricia
      6 de setembro de 2012 at 10:12 — Responder

      Oi Graciane,

      Obrigada pelo seu comentário. Vamos tentar ser mães mais felizes e menos culpadas. Soube do livro e li em inglês, mas espero que chegue logo por aqui. Acho bem válido essa troca de experiências globalizada (risos).

  4. Danielle
    7 de junho de 2013 at 11:38 — Responder

    Acabei de ler em português, chama-se “Crianças francesas não fazem manha”. Deve ser tradução recente, já que seu post parece ser de set/12 🙂
    Ensinar aos filhos a ter paciência de esperar e que não são o centro do mundo, como fazem os franceses, com certeza é uma das coisas mais importantes de sermos pais.

    • Patricia
      10 de junho de 2013 at 12:00 — Responder

      Oi Danielle li o livro na versão original e quis compartilhar com vocês. A gente tenta sempre buscar o que existe de melhor em outras culturas. bj

  5. Karina
    22 de junho de 2013 at 18:22 — Responder

    Boa noite li sua matéria e achei muito interesse, porém tenho apenas uma objeção. Moro na França, tenho uma filha em idade escolar e percebo realmente que as crianças francesas são ( em sua maioria) caladas, no entanto, vejo também que muitas delas não tem aquele ” ar de alegria” que nossas crianças brasileiras tem. Percebo que as mães francesas tratam seu filhos (em tenra)idade como se adultos fossem, deixando para trás aquele carinho, chamego, afago que nos damos aos nossos filhos. Por diversas vezes pude presenciar violentas agressões de pais em crianças de pouquíssima idade. Eu respeito a forma de educação dos francesas, porque estou no pais deles, mais não gosto dessa atitude. Abraço.

    • Patricia
      23 de junho de 2013 at 13:31 — Responder

      Karina,

      Obrigada por mos escrever. Eu também acho que não existe o melhor ou o ideal. Cada um é de um jeito e aos poucos vamos construir o que noa faz melhor e de maneira mais confortável.

      Bisous

  6. 30 de junho de 2013 at 0:08 — Responder

    Oi, Patrícia. Acho que sou francesa e não sei. rs Eu já fui criticada muito duramente na internet por defender práticas como a do Nana Nenê; por não achar que leite artificial é a pior coisa do mundo e por agir de forma que o Luquinha se adaptasse à nossa vida e não o contrário. Não vejo mal em nada disso. E Luquinha tem um ano e seis meses de muitos elogios por parte de todo mundo que já teve oportunidade de cuidar dele, seja da família ou não. Não acho que as mães brasileiras são muito diferentes de mim. Acho, sim, que as mães do universo virtual são. Ao meu redor, posso garantir que a música toca à moda francesa. 😉 Adorei o post! Beijos, Julia.

    • Patricia
      30 de junho de 2013 at 23:46 — Responder

      Julia,

      O mais importante é a gente ter a certeza de que estamos dentro de uma média.
      Beijos

  7. Renata
    8 de julho de 2013 at 13:49 — Responder

    Acho que sou meio termo também… Quanto a chupeta, penso o mesmo, e espero que seja tão fácil quanto o desmame e o desfralde.

  8. 14 de Maio de 2014 at 11:30 — Responder

    Muito bom seu texto.
    Não li e não me rendo a ler certos livros em forma de manuais de criação de filhos, não sou cética, mas sou a favor da criação com apego, sem manual, somente instinto e amor. Mas li Encatadora de bebes e Nana Nené quando estava esperando a Maria (comecei, mas quas tive um ataque do miocardio e então queimei o livro. Rs) em ambos fica claro que a criação de filhos em cada cultura é peculiarmente indicado ao seu pais de origem, não sendo indicado para países latinos, por exemplo. Enfim, cabe a cada um achar o melhor pro seu filho, SMS olhar e babar na grama do vizinho. Beijos

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