Bem, o que posso falar de Cingapura, ou “Ilha da Fantasia”, como a chamo. São tantas coisas, tantas situações diferentes com meus filhos, tanta diversidade cultural. Já sei, nesse texto vou tentar relatar o choque cultural logo no começo e dar um pouco de informação a respeito dessa ilha.
Em 2010, meu marido veio me chamar para uma conversa importante (na mesma hora gelei!), já sabia que seria alguma mudança na nossa vida. Então ele me falou que havia uma “possível” mudança de planos de trabalho pela frente, eu já sabia que essa possibilidade era uma coisa quase garantida, pois ele nunca fala nada por acaso. Levei uma baita susto quando ele falou que poderíamos ir para Cingapura! Onde fica esse lugar?
Só sabia que era na Ásia e o que só aumentou ainda mais a minha preocupação. Já tínhamos vivido na França e nos Estados Unidos, mas Ásia sempre me assustou… Então comecei a ler, ler e ler tudo que era possível a respeito desse pequeno país.
Em fevereiro de 2010 passamos apenas 10 dias para conhecer nosso novo possível lar, que chamo de Ilha da Fantasia. Esse lugar é algo impressionante, após apenas 10 minutinhos passeando pela cidade, já estava apaixonada, mesmo sem conhecer nada a fundo. Foi paixão à primeira vista!
Na mesma hora, meu filho Bernardo, de 9 anos, falou que só imaginava ver prédios modernos, mas ficou admirado com a quantidade de flores e árvores pela cidade toda. Também falou logo na limpeza de todos os lugares. Impressionante mesmo. Só depois ficamos sabendo que Cingapura é conhecida como a metrópole mais verde da Ásia e a cidade mais limpa do mundo.
Ele também falou ”Não vi nenhum desenho feio nos muros daqui”. E é assim mesmo, até hoje (já estou há mais de um ano vivendo aqui) nunca vi nada pichado. Fiquei sabendo que pichar muros e fachadas pode resultar em três anos de prisão. Se a tinta for de difícil remoção, o pichador pode levar oito chibatadas. Dá para acreditar nisso?! As regras e leis são extremamente rígidas e seguidas.
Quando fomos parar para tomar um café (minha paixão), pedi para ele procurar uma mesa vazia e ficar sentado com seu irmão. Ele notou várias mesas ocupadas apenas com iPads ou bolsas… mas onde estavam as pessoas? As mesas estavam localizadas do lado de fora da cafeteria e ninguém estava nem aí. Ele comentou: “Mamãe, as pessoas aqui são muito desligadas e não dão valor para as coisas que ganham. Eu queria tanto um iPad e eles esquecem na mesa…” Aos poucos ele foi percebendo que as pessoas estavam voltando, pois tinham apenas ido ao banheiro ou na livraria ao lado, e haviam deixado as coisas ali, sem a menor preocupação.
Bem, esse é outro ponto que AMO na minha Ilha da Fantasia: Segurança! Há duas câmeras de vigilância praticamente a cada 100 metros, espalhadas por postes, sinais de trânsito e fachadas de lojas. Quase não vemos policiais fardados na rua, mas após alguns meses vivendo aqui, sabemos que eles estão pela rua com roupas normais.
Outro dia conto como meu filho de 9 anos começou a voltar sozinho da escola. Ele pega dois ônibus + metrô! Pode acreditar!!! Não sou maluca (só às vezes) e nem descuidada, mas depois de viver aqui alguns meses, você percebe que é totalmente possível e comum. Você observa crianças menores do que ele, entre 6 e 7 anos, sozinhas nos ônibus e metrôs. Aliás, o sistema de transportes aqui é bárbaro!
Bernardo também perguntou qual era a religião de Cingapura (ele estudava no Colégio Internacional Everest, super católico e sempre observava muito as igrejas ou templos). Notamos que em 10 minutos passamos por uma mesquita, depois uma igreja cristã, seguida de um templo budista. Dá para acreditar? Tudo misturado e todos vivendo em harmonia. Religiosamente, Cingapura mostra sua grande diversidade: Budistas representam a maioria (42,5%), depois Muçulmanos (14,9%), Sem Religião (14,8%), Cristãos (14,6%), Taoistas (8,5%) e Hindus (4%).
Bem, meu pequeno acabou de acordar… Tenho que parar agora, outro dia escrevo mais.