Mundo Ovo

Viagem em família – Sob o sol da Toscana


Viagem internacional com meus filhos sempre foi uma dúvida. Qual a melhor idade? Começamos pela Disney? Será que eles vão aproveitar e lembrar quando forem mais velhos?

Cheguei a conclusão que não existe resposta certa ou errada.  Depende de cada criança e família. Sou mãe de dois meninos, Pedro de 4 e Tiago de 5 anos. Decidimos então, com 6 meses de antecedência organizar uma viagem com eles pra Itália.

Meu marido ainda não conhecia e Tiago, muito curioso e interessado, estava aprendendo muito sobre a Itália na escola e o sonho de ver a Torre de Pisa, o Coliseu e comer muito  “macaroni” estava prestes a ser realizado. O roteiro girou em torno da ideia de juntarmos toda a família, o que incluiu os 4 avós e o tio. Assim decidimos alugar uma casa na Toscana.

A viagem de avião era uma incógnita. Será que os meninos iam ficar bem à noite? E a comida? Nos rendemos ao DVD portátil, que teve seu papel mais que principal em alguns momentos estratégicos durante toda a viagem. Ele e o carregador não saiam da mochila e era a nossa salvação nos restaurantes e na volta para “casa” depois de dias cansativos e intensos.

Outro aliado nos passeios mais demorados, nos aeroportos e museus foi o carrinho tipo guarda chuva, que tanto nos salvou de filas enormes onde tínhamos prioridade por estarmos com “passeggino” (carrinho em italiano). Havia um rodízio disputado entre o Pedro e Tiago pra ver que ia para o carrinho dar uma descansada.

O roteiro:

Em Roma nos hospedamos num hotel que tinha alguns quartos normais de hotel, mas também apartamentos. O nosso tinha sala, cozinha e dois quartos. Bastante confortável e os meninos ainda conseguiam bater bola no corredor. Ufa, quanta energia!! O café da manha e o jantar estavam garantidos com uma comidinha rápida da mamãe.

Começamos com um city-tour privativo por Roma com guia que falando português (tudo pra facilitar a vida dos meninos e estimular o interesse). Logo compramos um guia da cidade bem interessante do “antes e depois” com fotos de sobrepor. Foi sucesso garantido entre os meninos e tiveram total ideia das ruínas por onde passávamos. Vale muito a pena! Depois contratamos uma guia carioca (Monica Staretz, monistaretz@gmail.com) por dois dias que nos levou ao Coliseu, Fórum Romano e no dia seguinte ao Vaticano. Ela mora em Roma há muitos anos e exercitou o dom da paciência com as crianças nesses dois dias.

Essencial: agendar data e hora e já pagar as visitas com antecedência pela internet (se possível antes da saída do Brasil). Isso vale pra várias atrações: Coliseu e Fórum Romano, Vaticano, Museus de Florença, Torres de Pisa, entre outros.

Optamos por fazer as visitas mais densas na parte da manhã e deixar as tardes um pouco livres pra não cansar demais os pequenos. Um passeio às Praças é diversão garantida. Sempre tem artistas expondo algo, quadros e artesanatos ou ajudar o “fazedor” de bolas de sabão gigantes. As famosas corridinhas atrás dos pombos é uma alegria geral da criançada.

 

Piazza Navona e a bola de sabão gigante

 

Elegemos como melhores programas: Piazza Navona (onde tem a Embaixada do Brasil e uma loja de brinquedos numa das esquinas que os meninos adoraram, acho que foi a única que vi nas andanças por Roma); Piazza di Spagna (sentar próximo da fonte e deixar os meninos mais soltos e até se molharem um pouquinho); Fontana di Trevi (para jogar a moedinha por cima do ombro direito e pedir pra voltar a Roma); jogar bola ou andar no barco a remo no laguinho lindo da Villa Borghese.

As paradinhas para um sorvete era um capítulo a parte. Tudo era pretexto para um gelato, a qualquer hora. Deliciosos!! Ah, também servia como moeda de negociação com os meninos “vamos meninos, já está acabando a visita, depois vamos tomar um sorvete!”. Na minha opinião, que não gosto de sorvete com textura muito cremosa e com sensação de gordura, a Gelateria Carapina (Via Lambertesca, 18) em Florença, a melhor disparada. Ela é muito famosa entre os locais e especializada em frutas da estação.

Lago na Villa Borghese em Roma

Fomos de Roma a Florença de trem porque achamos que seria uma novidade para os meninos. Cheguem cedo à estação, pelo menos com 30 minutos de antecedência e entrem no seu vagão assim que o trem parar na plataforma, dessa forma você consegue acomodar melhor as malas. Comprar um lanche dentro do trem vira uma atração. Vale levar um brinquedinho para as crianças (lápis de cor e papel, quebra-cabeça…)

Chegamos em Florença e alugamos um carro. Importante não esquecer de deixar pré-reservadas as cadeiras ou booster para as crianças.

Não foi difícil acharmos uma “Villa”. A nossa ficava no alto de uma colina a 40 km de Florença. Sabe aquele clima e cenários típicos da Toscana com os ciprestes? Da janela do meu banheiro eu conseguia ver as famosas torres de San Gimignano lá longe. A cidade mais próxima é Certaldo, cidade medieval onde nasceu Giovani Bocaccio (poeta, criador da prosa italiana).

Fizemos dessa casa o ponto base para as viagens curtas e rápidas pela região da Toscana.

Nossa Villa na Toscana

 

O programa acabou sendo exatamente como planejamos. Café da manhã em casa e a maioria dos jantares também.  Sempre passávamos nos mercados locais e nos deliciávamos em comprar os pães, frios, queijos bem frescos e vinho, muitos vinhos. Eu guardei as rolhas e no final nos demos conta do quanto bebemos nesses nove dias. Eu levei do Brasil o feijão preto, e a vovó acabou cozinhando para os netos. Eles adoravam à noite comer arroz e feijão.

Saíamos de casa após o café da manhã e voltávamos pra casa quando já estava escurecendo. As sonecas no carro eram uma regra para os meninos. Dica para as viagens de carro com meninos: tenha sempre uma garrafinha de plástico na bolsa para a hora do aperto do xixi. Foi a salvação.

Pisa foi muito esperada pelos pequenos, eles ficaram fascinados e só falavam da torre torta. Correram muito no lindo gramado em volta da torre e posaram para várias fotos, vale dar uma volta ao redor da praça e parar pra tomar mais um sorvete, café e comprar uma lembrancinha.

 

Família completa em Pisa

Em Florença fomos até a escultura de bronze do famoso porco selvagem pra colocar uma moeda em sua boca e garantir nosso retorno à cidade. Foi uma farra!

Como estávamos com as crianças, entramos em apenas um museu na cidade – Accademia (ingresso reservado e comprado com antecedência) onde está o Davi de Michelangelo. Não deixe de ir ao Museu dos instrumentos musicais que fica lá dentro, ótima opção de entretenimento infantil.  No primeiro dia de Florença contratamos uma guia ótima (Agnese Belcari – agnese.belcari@gmail.com ), que se formou em letras em Lisboa e nos mostrou tudo e em português.

Os meninos de todas as idades tiraram um dia inteiro pra Maranelo, onde se visita o Museu da Ferrari, a pista de Fiorano e a fábrica da Ferrari e enfim… Se pode alugar e dirigir uma Ferrari. O clube do bolinha foi ao delírio! Enquanto isso as mulheres foram às compras.

Compras:

Próximo de Florença fica o The Mall (Via Europa,8 – Leccio Regello) shopping tipo outlet das maiores e mais famosas griffes internacionais, principalmente italianas (Fendi, Gucci, Burberry, Dior). Os preços são muito mais baixos que nas lojas convencionais. Em seguida fomos para outro chamado Barberino di Mugello (Via Meucci snc, 5003 – Barberino di Mugello), um outlet normal com marcas mas populares. Atenção na Europa além de ser em Euro, os preços são naturalmente mais caros.

Nessas cidades históricas onde no centro só se anda à pé, normalmente os estacionamentos são longe e exigem uma boa caminhada até os pontos turísticos e um ótimo senso de localização para retornar ao estacionamento correto.

Por causa das crianças e do meu pai que não caminha lá muito bem, sempre entrávamos nas cidades, passando pelas cancelas e conseguíamos entrar até o centrão. Descobrimos com um guarda que qualquer pessoa pode entrar e estacionar perto do centro mas eles colocam umas placas para inibir os turistas. Depois que soubemos disso tudo, ficou mais fácil e se alguém falasse algo teríamos o carrinho de bebê do Pedro e o meu pai pra justificar.

Continuando pela Toscana, não deixe de visitar as cidades pequenas. No caminho de Siena, uma belíssima cidade; não deixe de passar um dia inteiro lá e descanse deitado no chão inclinado da Piazza Il Campo, passe em Monteriggioni, uma cidadela murada/medieval muito fofa no alto de um morro.

Chegou o dia de nos despedirmos da Villa e encerrar a viagem com 2 noites em Lisboa, já que estávamos viajando pela TAP e uma visitinha foi quase obrigatória. Chegamos à noite, o que foi bem cansativo para os meninos. O dia seguinte seria intenso pois tínhamos apenas um dia inteiro em Lisboa.

Ficamos hospedados no Hotel Tryp Oriente na Expo (barato e bom e o café da manhã bastante farto), bem próximo do Oceanário (lembrado até hoje pelos meninos com muita alegria). Um aquário gigantesco com vários andares e que vale muito a visita por crianças e adultos. Depois fizemos um city-tour com direito a parada nos Pastéis de Belém pra comprá-los quentinhos saídos do forno. Quase morri… uma delícia!

Encerramos o dia e a viagem jantando num restaurante espetacular chamado Aqui há Peixe (rua da Trindade, 18 – Bairro Alto). Bom vinho verde e o melhor bacalhau jamais comido na vida. Meus filhos estrearam com saldo mais que positivo suas andanças pelo mundo e já estamos programando a próxima, com a família toda, é claro!

Sorveteria na esquina do hotel em Roma