Meu filho tem 2 anos e 7 meses. De acordo com as últimas recomendações médicas – e pitacos de outras mães, avós, vizinhos e a até do caixa da padaria -, já passou da hora de dar bye, bye para a chupeta, que aqui em casa atende pelo nome carinhoso de “peta”. Agora é hora de tirar a chupeta. Mesmo!
A “peta”, essa velha conhecida que sempre ajudou meu filho (e a mim) nos momentos mais difíceis e também esteve presente nas horas boas, precisava ir embora. Se fosse fácil, ninguém daria tanto conselho a respeito desse assunto, mas aqui vou eu tentar dividir com vocês a minha experiência.
Depois da visita ao dentista e entrevista para entrada na nova escola (assuntos para outros posts), passei as últimas semanas bolando um plano – e tem que ser infalível – para dar um fim ao hábito do meu filho chupar a chupeta. O ideal é que seu filho largue ela sozinho, pois sua necessidade de chupar algo deveria diminuir naturalmente conforme ele cresce. Mas o que vemos aqui em casa tem sido bem diferente.
Os especialistas concordam em começar a limitar o tempo de chupeta quando a criança tem mais de 2 anos de idade e que 4 anos é a idade máxima para que a despedida aconteça. Antes de começar o processo de largar a chupeta, é importante escolher a hora certa para você e também para o seu filho, pois a chupeta existe para acalmar os pais, não a criança.
Atenção:
- Recomenda-se que a criança tenha desmamado antes de tirar a chupeta.
- Outro passo anterior ao da retirada da chupeta é o desfralde.
- Dos 3 aos 4 anos de idade, a maioria das crianças entrega voluntariamente suas chupetas.
- Se o seu filho ficar muito assustado ou tenso, interrompa o “desmame” da chupeta temporariamente e comece num outro momento.
- É preciso determinação na retirada: saber que está fazendo a coisa certa e ter a certeza que o filho seu é forte e vai suportar a perda.
Enquanto pesquisava algumas maneiras de como poderia fazer a chupeta desaparecer, me deparei com um método radical que promete fazer o seu filho parar de chupar chupeta em 3 dias (Para mim, pareceu algo do tipo “trago a pessoa amada em 3 dias”). Funciona assim:
Dia 1: Diga ao seu filho que ele já é grande e que vai ter que dar adeus à chupeta. Reforce sua confiança fazendo ele acreditar que é capaz e que você estará ao lado dele nessa missão.
Se o seu filho responder negativamente, procure buscar qual o medo/insegurança que pode existir por trás da recusa. Assim como os adultos, as crianças gostam de se preparar física e psicologicamente para essa mudança.
Dia 2: Repita a mesma conversa do dia anterior pela manhã e também à noite; avise que amanhã é o último dia da “peta” em casa. Mantenha o tom firme e decisivo.
Dia 3: Lembre seu filho que hoje é o dia de ele recolher todas as chupetas e colocar no baldinho (saco/caixa). Aja como se vocês estivessem indo em uma caça ao tesouro e pergunte ao seu filho se ele gostaria de ajudar a buscar cada uma das chupetas. Mesmo que ele recuse, continue a caça às chupetas. Você pode dar a explicação que quiser, que as chupetas vão para a casa de um menino mais novo do que ele ou ainda que ajudantes do Papai Noel (Coelhinho da Páscoa) virão recolher, só não diga que vai jogar as chupetas no LIXO.
Se seu filho chorar, bater os pés, tente ficar calma. Seja compreensiva, mas firme. Os especialistas dizem que em 48 horas seu filho não irá mais pedir por ela. Será?
Quem me conhece sabe que sou a mãe que não fez o “nana nenê” e nem tentou “encantar” o meu filho para noites melhores de sono, portanto esse chamado do “faço seu filho parar de chupar chupeta em 3 dias” não ganhou minha simpatia. Eu escolhi um caminho que não fosse dolorido, nem para ele e nem para mim.
Comecei há algum tempo nesse processo de retirar a chupeta: hora de brincar e ver televisão não é hora de ter chupeta na boca, nem por perto, e hoje meu filho faz uso apenas para dormir ou quanto está doentinho.
Se você ainda está nessa fase, recomendo 2 passos que foram muito importantes e facilitaram nossa vida:
- Avisei ao meu filho que o lugar da chupeta era em casa, que ela não vai aos passeios.
- Mostrei a ele que a chupeta mora no quarto (berço/cama) dele, e que de noite, quando o soninho chega, ela pode ser sua companheira. Aqui você pode fazer uma adaptação e ligar ao momento de dormir que é quando ele AINDA precisa da chupeta.
Com esses 2 passos feitos, senti que ficou muito mais fácil negociar o não uso da chupeta em outros locais e momentos. Se o seu filho já fala bem e é articulado, você pode usar umas das ideias abaixo e oferecer alguma recompensa para tal ato de coragem.
Fada da Chupeta – funciona como a fada do dente. Seu filho vai colocar a chupeta debaixo do travesseiro e, quando acordar, encontrará o brinquedo que tanto deseja. Mesmo que seu filho não leia, a Fada deve deixar uma mensagem. Essa chupeta representa TODAS as chupetas da casa.
Papai Noel – igual ao sistema da “Fada da chupeta”, só muda o personagem (e é mais fácil de entender pois o seu filho tem a imagem e toda uma festa para reforçar a troca da chupeta pelo presente surpresa de agradecimento do Papai Noel).
Coelhinho da Páscoa – mais uma reprodução dos clássicos acima. A ideia é colocar as chupetas em uma cesta e, na manhã seguinte, vários ovinhos com pequenos presentes aparecem.
Balde Chupetas – Essa ideia é de um livro que já falamos por aqui. Ache a Tia do Joca e o seu balde mágico que alegra todas as crianças da vizinhança quando é chegada a hora de dar bye, bye para a chupeta. O balde recebe as chupetas e como recompensa, muitas surpresas saem de lá. Eleja a vizinha, a amiga do trabalho para esse papel.
Quero ser grande – Reforce a ideia de que crianças mais velhas não usam chupeta, elas adoram se sentir mais crescidas. Estimule o convívio do seu filho com crianças mais velhas e aponte para esse fato.
Trapaça branca – Há quem faça um furinho na chupeta, prejudicando assim a sucção. Depois é só dizer ao filho que a chupeta “quebrou”.
Ajuda médica – Você pode dizer ao seu filho que o dentista ou o médico recolhe chupeta para bebês novos.
Sua chupeta vale uns trocados – Dar as chupetas como moeda em troca de um brinquedo na loja. Não se esqueça de combinar com o atendente da loja e já deixar o brinquedo pago ou fazê-lo de forma discreta.
Teste de resistência
- Não se engane nem se surpreenda se, mesmo depois do seu filho ter feito a “troca”, ainda houver choro e pirraça. Você tem que estar disposta a aturar algumas noites bem ruins. Mas a maioria das crianças logo encontra outras fontes de conforto.
- Procure distrair seu filho e manter as mãos dele ocupadas o maior tempo possível.
- Se você decidiu está decidido, não volta atrás, senão o tiro vai sair pela culatra.
- Forçar a retirada a todo custo pode ser mais danosa do que o hábito em si. Tenha certeza que, em algum momento, o seu filho certamente abandonará esta mania.
Outras sugestões caso não tenha gostado das duas anteriores:
Calendário de recompensas – Marque em calendário os dias que seu filho ficou sem a chupeta. Para cada dia sem, coloque um adesivo colorido – pode ser uma estrelinha, o adesivo do personagem predileto. Quando ele completar uma semana sem chupeta, dê um prêmio, como um passeio especial ou uma brincadeira.
Hora de dormir especial – Crie uma nova rotina para a hora de dormir. Sai a chupeta entra pai, mãe, um novo bichinho de pelúcia ou adesivos fluorescentes no teto.
Dia de dar bye, bye – Nos Estados Unidos, o dia 4 de novembro é o dia de dar “Bye Bye Binky” (Adeus à “peta”), data que foi abraçada pelos personagem de Sesame Street (Vila Sésamo) e ganhou um um episódio fofo toda vida. Pena que ainda não tenha em português.
Crédito de imagem hora de tirar a chupeta: por porcupinex