Eu tenho gatos. Dois. Fidel e Frida. E como bons gatos que são, mandam na casa. São o nosso xodó, meu e do meu marido, Pedro. Adotamos ambos numa ONG que resgata animais das ruas de São Paulo, a Adote um Gatinho, e desde 2009 somos uma família assim: dois humanos e dois gatos. Dois machos e duas fêmeas.
Estamos juntos há quatro anos, casados há 2, e de um ano pra cá começamos a tentar engravidar. Aquele processo árduo pelo qual toda mulher pra lá de 35 passa… essa gravidez tardia, por conta da nossa louca vida moderna, tem suas consequências.
Nesses agoniantes meses de frustrações menstruais, sempre me preocupei com os gatos, ou melhor, filhos-gatos, como nós os chamamos. Fidel é um gatão de revista, peludo, fofo, gordo e charmoso, com o bigode idêntico ao do seu homônimo cubano. Morre de ciúmes de tudo, até da sombra e da coitada da Frida. Ela é pequena, parece filhote ainda por conta do tamanho, carente, magrela e um pouquinho manca (vejam lá as semelhanças com a famosa artista plástica). Os dois se dão bem, brigam de vez em quando assim como irmãos, e fazem nossa felicidade diária. Gracinhas, chamegos e peripécias, deixam os meus dias e os do Pedro cheios de risadas.
E como um bebê seria recebido por eles?
Por conta dos ciúmes do Fidel, ele já tomava algumas gotinhas de floral, o que o acalma de fato. Procuramos nossa veterinária, Dra. Angélica, especialista em felinos. Ela nos disse que o comportamento dos gatos poderia mudar, mas nada que não pudesse ser contornado com florais e remedinhos manipulados, super natureba. E tudo ia depender da reação deles com a chegada do novo integrante da família.
Exatamente um ano após o início das tentativas, engravidei. A alegria é inexplicável, o sorriso rasga o rosto. Mas e os gatos? De imediato sentimos ligeiras alterações de comportamento, ambos estão mais grudados comigo, e me vigiam o tempo todo. Parecem que estão cuidando de mim.
Fiquei um tanto nervosa sobre o que meu ginecologista falaria sobre a convivência com os filhos-gatos, são tantos os preconceitos! Tinha gente até me perguntando quando me livraria deles! ?Oi?
Me surpreendi quando o Dr. Marco Antônio me disse:
– Você tem gatos? E daí?
Ponto pra ele!
– Só não limpe a caixinha de areia. Essa tarefa agora é do seu marido.
Coitado do Pedro… 9 meses de cocô e xixi de gatos exclusivos pra ele.
Tudo isso por conta da temida toxoplasmose, que depois de fazer os exames do pré-natal, descobri que nem eu, nem Fidel e nem Frida temos. As pessoas esquecem que a tal doença pode ser contraída por conta de uma alface mal lavada. Os gatinhos não são os vilões.
Hoje o João está com 18 semanas, e cresce muito bem lá dentro da pequena barriga que começa a surgir. Um meninão está vindo para deixar em vantagem o time dos machos da casa. Bom, por outro lado, o time dos humanos também está vencendo. O apartamento sofre mudanças e os filhos-gatos estão curtindo a bagunça de caixas de papelão. Dormimos todos juntos, e cuidamos uns dos outros, esperando pela chegada do novo membro. Com muito amor, do jeitinho que toda família deve ser.
PS do Mundo Ovo: Essa é a história da Renata, se você tem animais de estimação e está grávida, não deixe de consultar o seu médico e veterinário de confiança sobre os cuidados necessários! 🙂