Mundo Ovo

Planejando o segundo filho


Para mim foi relativamente fácil tomar a decisão de engravidar pela primeira vez. Eu estava afinzaça de ter um bebezinho. Era o primeiro item da minha lista 7 coisas para fazer antes dos 40. Eu ainda tinha 26 anos, mas as outras seis coisas da lista – como: morar fora do Brasil e ser dona da minha própria empresa – me pareciam bem mais difíceis naquele momento. Engravidar dependia de apenas duas pessoas, eu e meu marido, e não conseguia pensar em outra diversão melhor para as nossas noites.

Com 26 anos, eu ainda era imatura o suficiente para tomar essa decisão com certa facilidade. Um bebezinho, fruto de muito amor, como não ter um? Por isso não fiz uma planilha de despesas, não consultei minhas amigas, nem dividi os planos com a família. Parei de tomar pílula e três meses depois sorria e vomitava ao mesmo tempo.

Meu filho nasceu. Não tinha decidido de antemão quantos filhos teria, como muitas mães fazem – algumas planejam ainda no jardim de infância o casamento e o casal de gêmeos. Eu não sabia. Ele fez 1 ano, 2, e a vontade de ter mais um bebê não veio. 4, 5 anos, e nada. Um amor intenso e muito trabalho ocuparam minha cabeça e meus hormônios.

Mês que vem ele vai fazer 7 anos. Os dentes caíram, ele aprendeu a ler, toma banho sozinho, fala “pô, mãe” e conhece alguns palavrões. E eu senti saudade de ter um bebê novamente. E a saudade não passava. Ainda não passou. Comecei a pensar que, apesar dele ter uma irmã por parte de pai, meu filho não merece ter uma mãe só pra ele. É amor e atenção demais para uma criança suportar.

E aqui estou eu, pensando seriamente em engravidar de novo. A decisão está sendo muito mais difícil. Não tenho mais 26 anos e já sei na prática o que significa ter um filho, sei quanto amor e responsabilidade cabem em um recém-nascido de três quilos. Quando penso no amor, dá vontade de ter mais 5, quando lembro das noites em claro, dos gastos, das idas ao hospital e no tempo que demorou para minha vida voltar aos eixos, penso em parar por aqui mesmo.

Sei que nunca vai existir o momento ideal para ter filho, seja o primeiro ou o segundo. Não existe um espaço certo reservado para isso na vida de uma mulher, como o período de férias em um calendário escolar. Você sempre vai achar que precisa de mais dinheiro e de mais tempo. Eu olho para a minha semana espremida, minhas unhas roídas e penso: é impossível. Mas sei também que a vida é como coração de mãe, sempre existe espaço e amor para mais um.

(Continuo em dúvida. Vou mandar esse link para o meu marido, vamos ver se ele se manifesta nos comentários.)

Crédito da imagem: Leo Reynolds