Mundo Ovo

O marido viajante e a saudade da vida a dois

Ano passado meu marido passou 178 dias longe de casa. Cento e setenta e oito dias por extenso mesmo só para mostrar a gravidade da situação. Se você fizer as contas, vai ver que é mais do que a metade de um ano. Apesar de já estarmos casados há um pouco mais de 10 anos, nunca me acostumei com o tanto de viagens que ele precisa fazer por motivo de trabalho. Para falar a verdade, acho nunca vou me acostumar e tenho notado que vem piorando desde a chegada do nosso pequeno.

Eu queria ser dessas mulheres que sente um certo alívio quando o marido não está, que aproveita o tempo sozinha para assistir aquele filme água com açúcar deitada na cama e com um balde de pipoca sem olhares tortos ou fazer um programa bem mulherzinha, mas não sou assim. Eu sinto falta dele mesmo.

Antes do Adam nascer, o tempo do Paul (meu marido) aqui em casa era todo meu. Então, mesmo não gostando desse tantão de viagem, quando ele voltava eu tinha ele só para mim. Agora, fico com o que sobra. É o pequeno quem recebe o primeiro beijo e um abraço apertado quando ele chega em casa de viagem ou do trabalho. Sem perceber a gente se vê alimentando esse cercado em torno do Adam, e eu não posso dizer que dessa água não bebo, porque sei que faço mesmo, como se a gente não precisasse existir fora da função pai e mãe. Um grande erro. Graças a Deus aqui não falta amor, o que falta mesmo é tempo para que esse amor possa se apresentar, falta uma ida ao cinema, um passeio de mãos dadas na praia e um dia que a gente possa dizer “altos” (lembra da brincadeira?) e se “despir” desses papéis por pelo menos duas horas. 

Com tanta saudade acumulada, combinamos (e tiramos) nossas primeiras férias à dois desde que o Adam chegou em nossas vidas. Passamos 15 dias passeando pelos vinhedos de Napa e assistindo romanticamente ao pôr do sol. 

O resultado dessa viagem eu conto em um outro post. Cheers (saúde)!

 

Crédito de imagem: Reinis Traidas