No dia 22 de janeiro eu apareci no programa “Encontro com Fátima Bernardes” mostrando como a Victoria já é uma menina independente. Se você não viu, pode assistir aqui. O convite partiu do pessoal da produção, que leu esse post “Pequeninos e independentes”, que eu escrevi quando a Vicky tinha dois anos e meio. Entre esse post e Janeiro de 2014, passaram-se oito meses, o que em “anos de bebê” é uma eternidade. E ela é ainda mais independente do que naquela época.
Antes mesmo de sair do Projac, eu já tinha 280 notificações no Facebook. A maioria, claro, de um montão de amigos, família e conhecidos compartilhando o programa, dando os parabéns para minha pequena Diva. Mas na medida em que a semana foi avançando, muitas amigas e também muitas desconhecidas, leitoras do site, me perguntavam como eu fazia para criar a Victoria, se usava algum método específico.
Queridas leitoras, confesso a vocês que achei um pouco estranho. Jamais achei a Vicky “melhor” ou “mais avançada” do que seus amigos. Acho que ela é como qualquer criança da mesma idade, e olhando pra ela e a sua galera, acho que tá todo mundo no mesmo barco.
Dito isso, o único método de criação que eu sigo é o “método Camila Perlingeiro” de ensinar, que no fundo é só uma filosofia de vida e uma tentativa de viver a maternidade com um pouco mais de leveza.
Linhas gerais do método CP de criação de filhos. (Preciso achar um nome mais maneiro. Vai que eu viro a próxima Encantadora de bebês?)
- Mãe possível – Eu tenho três empregos e trabalho demais da conta. É uma escolha consciente e inclusive feliz, mas o resultado é que eu fico bem cansada e consequentemente não consegui me identificar com os métodos que eu pesquisei, que exigem um tempo e uma disponibilidade que eu não tenho. No fim, eu peguei mil dicas de todos os métodos que conhecemos, bati no liquidificador e misturei com uma taça de vinho. Menos o Nana Nenê. Esse foi queimado na fogueira aqui em casa.
- Sem frescura – Mãe fresca não tem vez no meu método. Sem julgar as frescurites alheias, mas é fato que se a Victoria resolver se vestir sozinha e quiser sair cafonérrima, eu provavelmente vou deixar. Se ela quiser sair fantasiada de Batman e não de Princesa, eu dou força. Quando ela começou a querer comer sozinha com 1 ano e 4 meses (observando as primas em uma viagem), foi um desespero, era comida pra todo lado a cada refeição. Mas é assim que se aprende e tudo bem, a gente limpa depois.
- Sempre atenta – Eu posso parecer uma mãe meio desatenta, só que não. Um olho na série da TV e um olho em perceber como ela está se sentindo. Um olho no computador e outro em entender que ela tá precisando de companhia/colinho. Um olho na louça que tem que ser lavada e um olho em perceber que ela precisa de ajuda pra escovar os dentes.
- Sempre companheira – A gente sempre tem um tempo de qualidade pra gente. Ou quase sempre. Ou sempre que dá. Não importa. Tem horas que a gente vai pra praia. Mas tem horas que a gente vai ao supermercado porque a geladeira tá vazia. Sei lá, mas pra ela, fazer supermercado é tão excitante quanto ir à praia. Ambos os programas tem picolé envolvido (risos). O que eu quero dizer aqui é que quando você consegue incluir o seu filho em todos os aspectos da sua vida e não só no tempo que você separa pra ficar com ele, não só ele fica mais feliz, como também te observa em situações diversas e aprende por mímica.
- Conversar de igual para igual – Isso talvez dificulte um pouco as coisas pro meu lado (e eu até já falei mais detalhadamente sobre isso aqui). Mas mesmo ela sendo um pingo de gente, sempre explico tudo bem explicadinho, usando a gramática correta (nada de tatibitate por aqui). O raciocínio dela é rápido, o vocabulário é avançado e a forma dela se expressar é impressionante, acredito que isso seja fruto da maneira com nos relacionamos e não porque ela é um gênio (muitos risos).
- Mas também não é assim essa liberdade toda – Eu não sou hippie, gente. Às vezes ela tem escolha, às vezes não. E se depois da conversa ela não quiser entender, toma uma bronca bem dada e vai fazer o que eu mandar. Aqui tem conversa explicada, mas também tem: “porque-eu-sou-sua-mãe-e-tá-acabado”. Porque ela é geniosa e minha paciência é limitadíssima!
Pensamento que não teve vez aqui em casa
- Criança confinada no colo ou no carrinho – Não importa se ele corre loucamente, se ele é demolidor ou se você adora ficar grudado com seu filho no colo. Criança confinada não tem chance de conhecer a joaninha que tá dando sopa na calçada e nem consegue descobrir uma coisa nova na estante. Criança que tem oportunidade de explorar o entorno é mais criativa.
- Baby proof – Até comprei os protetores todos, mas eles não se encaixavam, eu não tinha tomada livre, deve ter rolado uma preguiça, enfim… não rolou. Eu mal tirei os vidros do alcance dela (só minhas antiguidades), e com uma série infinita de nãos, ela aprendeu até bem rápido o que podia e não podia fazer. Uma coisa que funcionava também é que a gente fechava todas as portas do cômodo que a gente não estava, com isso ela ficava independente, mas confinada a engatinhar ou andar em um cômodo por vez. Rolou uns dedos apertados nas gavetas aqui e ali, rolou DR de igual pra igual, rolou bronca de cara feia, mas hoje ela fica sozinha em qualquer cômodo sem que eu ache que ela vai se jogar do alto da estante. (Como ser mãe é morder a língua no dia seguinte, antes de eu dar o send nesse post, encontrei Miss Vicky sentada no alto das costas da cadeira, com o pé apoiado no rack pra ver TV “mais de perto e mais no alto”. Peguei ela virando e o tombo ia ser feio. Mas a bronca deve ter doído mais).
- Método pra dormir: Ela não gostava de dormir, foi o caos, mas eu não concordei com nenhum método. Simples assim. Foi duro, eu pirei, erramos e acertamos, sacrificou o casal, mas essa foi a minha decisão e estou em paz com ela. Com dois anos e meio ela passou a dormir a noite toda e, embora goste de dormir meio tarde, briga muito menos com o sono. Está na fase de parar de dormir depois do almoço e estamos, agora, numa outra fase de ajuste.
- Criança sem voz ativa – Aqui no meu lar criança tem vez. Sou contra criança pau mandado que não decide nada por si só. Eu tenho certeza que ela raciocina melhor por causa disso. Uma vez eu li um artigo de psicologia que dizia que quando você dá opções 1 e 2 para uma criança pequena, ela sempre vai escolher o 2. Acho que era verdade e eu fiz esse teste com ela muitas vezes. Mas sempre dei a chance de ela escolher e eventualmente ela evoluiu e passou a decidir o que gostava mais, e não só a última coisa que era oferecida. De vez em quando ela decide se vamos para a pracinha ou para a praia, se vamos ao cinema ou ao teatro. Ela também pode escolher se quer dormir no sofá da sala sozinha vendo desenho ou se quer dormir agarradinha comigo.
Olha, gente, a verdade é que a criação da Victoria é baseada em observar muito a minha filha e perceber o potencial dela. Estimular que ela faça coisas sozinhas sem que eu esteja do lado o tempo todo e também ficar muito grudadinha quando ela quer. Ela tem vontade de fazer tudo sozinha e de aprender coisas novas. No momento estamos aprendendo a limpar bumbum de cocô, escovar os dentes e a se enxugar depois do banho. E tudo isso é uma brincadeira, nenhuma tarefa é obrigação. A não ser deixar os brinquedos arrumados. E isso, claro, ela odeia fazer.
A Victoria não é especial e nem eu sou uma mãe perfeita. Tenho hábitos péssimos que ainda não consegui mudar e alguns ela, infelizmente, está assimilando – como gostar de comer de cara pra TV ou gostar de dormir vendo TV. Eu tento não fazer dessas preferências um hábito na vida dela, mas sei que a culpa disso é toda minha. E mais, aos três anos e cinco meses ela: ainda chupa chupeta; não dá sinais de que quer tirar fralda noturna; e nem querer dormir sozinha no quarto dela. E eu estou tentando respeitar o momento dela e não fazer um grande drama por causa disso. Aos poucos vou incentivar essa evolução nela. Mas nem tudo é perfeito, essa é a mãe que eu consegui ser e tudo bem.