Meu filho;
Quando eu era criança, sabia muito bem o que era um pai.
Era o chefe, o homem da casa, o que falava grosso, o mais calado, o da cara sisuda.
Era o forte, o que pegava peso e também pegava pesado.
Era o único capaz de levar no colo com braços que davam voltas no corpo.
Era o que conhecia o mundo, o que explicava sobre tudo. A verdade!
Era o que mostrava como chutava a bola, que ensinava a subir em árvore sem cair, mas que estava lá embaixo para o caso…
Era a força que movia o balanço, que segurava na bicicleta, que não deixava ter medo de assombração.
Era o ídolo, o mestre, o herói, o esteio e a segurança.
Hoje sou seu pai, mas te digo com toda certeza: não sei o que é ser pai!
Como poderia se o que sei é tão pouco e, mesmo assim, é muito pra você!
Fico bobo com seu olhar de surpresa a cada explicação que, muitas vezes, nem eu mesmo acredito, mas que falo só pra te ver com aquela carinha…
Como ser pai se sou temeroso com o presente e inseguro com o futuro?
Como ser pai se minha cara mais sisuda se desfaz quando você me olha fundo? E você me olha de um jeito…
Como ser pai se escondo minhas fraquezas?
Como derrotar seus dragões se ainda não venci os meus?
Se disfarço e faço cara de felicidade nos dias em que quero ficar sozinho?
Se quero ser o chefe, mas abdico em nome do rei do castelo?
Se minha força não consegue te proteger das coisas da vida?
Se às vezes sou Hulk para, em seguida, ser Pooh…?
Se sou um super herói cansado e sem poderes, mas que você insiste em pedir que eu voe?
Se estou tão perdido quanto na floresta do seu quarto?
Se as alegrias me fazem esquecer as obrigações?
Se com você sou tão menino quanto nunca e sempre fui?
Quero nesse Dia dos Pais te dar um presente por me deixar ser seu.
Por ser feliz mesmo eu sendo apenas eu.