Mundo Ovo

Mamãe, me dá um irmão?

O papinho mole de irmão começou bem de leve aqui em casa
– Mamãe, a Ninoca e a Maricota (as bonecas) são irmãs né?
– Sim. Elas são suas filhas, então elas são irmãs.

Outro dia, no carro.
– Mamãe você sabia que a Carol é irmã da Juju?
– Eu sei, a Carol é irmã mais velha da Juju.
– Você sabia que o Dudu também tem um irmão mais velho?
– É mesmo, filha?
– É, mãe, ele se chama Henrique.
– Que nome lindo!

Outro dia na casa da avó.
– A Julia e a Luisa são irmãs?
– São sim, filha. E elas também são suas primas.
– Primas nada. Elas também são minhas irmãs. E elas são minhas irmãs mais velhas.
– É mesmo? Tá bom (A gente não discute com criança carente. Risos).
– É mamãe, e você sabia que eu tenho outros primos? O Kaan e a Mariana também são meus primos e irmãos.
– Jura? Mas quanto irmão, né?

E finalmente, depois de muito questionamento e muitos irmãos postiços, veio a derradeira pergunta, bem na hora da Peppa Pig (ela, sempre ela. Maldita porca!).
– O George é irmão mais novo da Peppa né, mãe?
– É sim, filha.
– E a Rosie é irmã mais nova do Caillou né, mãe?
– É sim, filha. Ela tem dois anos (Tentando mudar o foco da conversa para números).
– Mamãe por que eu não tenho um irmão?

Cataploft. O elefante caiu bem no meio da sala. Como explicar que a mãe dela tem 40 anos, separou-se mais ou menos recentemente do pai dela e não tem nenhum moço em vista para procriar nos próximos 100 anos? E que com 140 anos eu iria ser muito velha pra ter filhos? Não podia falar isso! Como eu poderia explicar que eu queria muito ter pelo menos mais um bebê sim, mas a vida me deu a maior rasteira do mundo e eu acabei engravidando já meio tarde e ainda por cima tinha perdido o companheiro de uma vida? Não tem como abrir o coração para uma pirralha de três anos.

E aí que eu disse a coisa mais besta que eu poderia ter dito.
– Ué, mas você ainda é pequenininha. Quem sabe um dia a gente não pede juntas pro Papai Noel um irmão pra você?

Não sabia o que dizer, gente. A verdade é que nem eu consegui ainda processar essa história de que só vou ter uma filha. Eu sempre achei a teoria do filho único um absurdo (dentro da minha realidade, veja bem), sou ligadíssima nos meus irmãos e acho que minha vida seria paupérrima sem a presença deles.

Ela não mencionou mais a história do Papai Noel, mas desde então ela sempre fala em irmãos e irmãs e como serão seus irmãos. Uma hora são meninos, outra hora são meninas. Quando ela vê um bebezinho no meu computador (filhotes de alguma amiga ou algum bebê ilustrando um post na internet), ela pergunta esperançosa: “Esse aí é meu irmão?”.

Confesso que escondo as lágrimas todas as vezes. Não acho que ela se sinta solitária. Longe disso, a vida dela é riquíssima em amigos e companhia nunca falta, seja na rua ou em casa. Mas ela cismou com essa coisa de irmão e eu culpo a Peppa, a Angelina Bailarina e o Caillou, todos esfregando seus irmãos na cara da minha pobre filha única. Hahahaha.

Mas a pergunta permanece. O que eu devo dizer quando a Victoria perguntar de novo por que ela não tem um irmão ou quando ela pedir para que eu providencie um irmão? Escrevam aí nos comentários.

 

Imagem: Chuckthephotographer