Posso viajar sem filhos?

Independente da classe social, viajar se tornou algo viável para muita gente. Casais chegam a adiar os planos de ter filhos para poder curtir um pouco mais a vida viajando. E depois que o filho nasce? É possível viajar sem filhos? A partir de quanto tempo de vida? O senso comum diz que quanto mais novinho o bebê for, menor o problema, pois ele nem vai sentir falta, afinal, bebês não sabem muito do que acontece à sua volta. Infelizmente essa ideia não poderia estar mais longe do que de fato acontece.

Como todos sabem, não existe ser no mundo que nasça tão dependente de cuidados externos quanto o ser humano. Em relação às necessidades físicas, qualquer um pode atender às demandas de um bebê. No entanto, no que concerne às necessidades emocionais, a história é outra. Ao nascer, mãe e bebê formam uma espécie de unidade. Quem já teve filho sentiu que a vida externa e interna giraram em torno deste 24 horas por dia pelo menos nas primeiras semanas. Mesmo nos momentos em que não estavam juntos fisicamente, emocionalmente, continuava conectada.

O bebê ao nascer,  sente a mãe como uma continuação dele mesmo. É como se ela fosse a parte dele capaz de trazer conforto, aconchego e alívio contra todos os males que lhe acometem: fome, cólica, sono, etc. Separar-se da mãe nas primeiras semanas significa perder essa capacidade de “se” cuidar. Nos primeiros dias, o bebê não consegue suportar o desconforto nem por alguns segundos, e com o tempo, esse limiar de frustração aumenta gradativamente. A mãe vai percebendo que os interesses do seu filho pelo mundo vão aumentando e que com isso ela deixa de ser indispensável em todos os minutos do dia.

Passa a ser possível sair para almoçar/ jantar fora, ir ao cinema, passar a tarde resolvendo coisas, e por aí vai. Mesmo as mães que voltam ao trabalho, acabam vendo seus filhos todos os dias. Viagens pressupõem alguns dias sem ver a criança.

Enquanto bebê, o filho não é capaz de reclamar pela ausência. É por isso que os pais acham que eles não sentem. A incapacidade de falar, não significa ausência de percepção e sentimento. A criança que já consegue falar, chorar e demonstrar raiva dos pais por eles terem se afastado, já possui um aparato emocional mais capaz de dar conta da falta. O bebê normalmente expressa através do corpo: febre, gripe, assaduras, dermatites e por aí vai. A tristeza e o desamparo provocam uma baixa no sistema imunológico, o que acaba causando esse sintomas. Quanto mais refinado o sistema emocional, maior a capacidade de falar sobre o que sentimos. Não é a toa que um dos objetivos de uma terapia é de fazer com que o sujeito consiga falar sobre o que sente sem precisar somatizar ou atuar.

Então será que não dá mais para viajar depois de ter filhos? É claro que dá, entretanto, a melhor pessoa para “dizer” quanto tempo dá para ficar, é o seu filho. Perceba se ele já é capaz de passar o dia sem você, experimente passar uma noite fora de casa enquanto estiver por perto para ver como ele fica e comece com viagens curtas. Com o tempo vai ficar claro qual é o limite da criança e da mãe, afinal, é claro que não são só eles que sentem a sua falta!

 

Imagem: fdecomite

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7 Comentários

  1. Andréa Barros
    20 de Março de 2014 at 15:29 — Responder

    Roberta conversei com uma amiga sobre exatamente isso ontem Estou abismada com a coincidência apesar de termos levado a conversa mais para a questão de uma fatalidade Amei sua abordagem Tenho um filho de dois anos e viajamos muito e nesse tempo fizemos apenas uma viagem rápida para um casamento sem ele mas dois dias foram suficientes para meu filho ficar grudado em mim na volta e fazer escândalo qndo o deixava p ir ao banheiro por exemplo

    • Roberta
      22 de Março de 2014 at 13:17 — Responder

      Pois é Andréa,
      Pelo que você me disse o seu filho já tem recursos para te mostrar a falta que você fez sem ter que ser no corpo. Também é uma delícia ficar grudadinho na volta né??
      Beijos,
      Roberta

  2. Patricia
    20 de Março de 2014 at 16:15 — Responder

    E por que não levar o bebe na viagem? Em setembro vamos para a Espanha por duas semanas e levaremos nosso filho que terá 1 ano e 4 meses. Estou empolgadíssima para ve-lo brincar no Parque Guell e mostrar os artistas das Ramblas. Dei preferencia para hotel com cozinha no quarto, assim podemos tomar café da manhã e jantar com calma e com comidinhas parecida de casa.

    • Andreia mannarino
      21 de Março de 2014 at 15:51 — Responder

      Concordo, levo meu filho a todos os lugares, ele agora tem 10 anos, isso nao atrapalha em nada , pelo contrario nos une…

  3. Cristiane
    23 de Março de 2014 at 17:23 — Responder

    Quando muito novinho, acho melhor ficar em casa, adiar qualquer viagem que não seja extremamente necessária, até pra gente se adaptar nessa nova situação e pro bebê também ficar mais seguro, podendo contar com a mãe. Depois de maiorzinho, eu quero incluir minha filha em todos os passeios, viagens e afins….acho que dá pra se divertir, cuidar do casamento e ter o filho por perto. Mas se precisar deixar com alguém é bom que seja alguém com que o bebê já esteja acostumado, facilita né?

  4. Carla mendes
    3 de Abril de 2016 at 10:14 — Responder

    Roberta…estou aflita . Ganhei uma viagem de 7 dias para lisboa. Tenho uma filha 3aninhos e um filho de 13. Estou preocupada c a pequena q é mto grudada em mim. Nunca fiquei um dia longe. Ja pensei em desistir. Tenho medo dela ficar doente e eu nao poder voltar rapido. Ela vai ficar c o pai a baba e minha mae q mora perto. Vc acha q nesses sete dias ela pode sofrer e ficar doente??? Responda hj se puder. Estou so chorando de medo

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