Ser mãe não é emprego

No mês passado umas 100 pessoas compartilharam na minha timeline do Facebook o vídeo “O trabalho mais difícil do mundo“. Dessas 100, umas 30 pessoas me marcaram diretamente. Resolvi conferir do que se tratava e terminei bem chocada tentando entender  por que tantas mães estavam compartilhando aquilo de forma tão fervorosa, como se estivessem levantando uma bandeira. O que leva ao título deste post: SER MÃE NÃO É EMPREGO.

Sempre que uma mãe que não trabalha me diz: “meu emprego é ser mãe”, tenho vontade de dizer: “Moça, não diminua a importância de ser mãe confundindo maternidade com emprego!”

Explico: emprego é aquilo que as pessoas têm e fazem diariamente em troca de um salário que permite que elas sobrevivam e tenham uma vida digna. Um emprego pode ser ótimo ou pode ser um inferno. Ele pode te satisfazer, te dar a quantidade de adrenalina que você precisa e até um bocado de dinheiro. Mas emprego também é uma coisa que você pode largar, desistir ou trocar quando não quiser mais. Não é para sempre. Emprego pode ser ótimo para que você se sinta realizado, mas é apenas um emprego. Já a maternidade…

Desde que você se descobre com um caroço de feijão na barriga, você já começa a pensar diferente. Você não é mais você, passa a ser nós. Seus sonhos mudam, seus planos se adequam e você nunca mais vai conseguir passar por uma criança chorando na rua sem tentar descobrir o que está acontecendo. Ser mãe é estar em um constante estado de alerta, porque você, de repente, se sente o porto seguro da humanidade. Nenhum assunto é escatológico, não existe mais tabu. Muitos casamentos acabam porque a mãe é uma força da natureza e é difícil para o homem lidar com essa nova mulher e descobrir qual o papel dele nesse novo latifúndio. A mulher é poderosa. Uma mãe é tudo! Você realmente quer banalizar todo esse poder dizendo que esse é o seu emprego?

Por isso, mãe que escolheu não trabalhar mais (seja temporariamente ou permanentemente e pelo motivo que for): não sinta que você precisa provar nada para ninguém. Você não tem um emprego, você é mãe. Você é tudo que existe de mais poderoso nessa vida. Emprego nenhum se compara com isso. E é por isso que eu achei esse vídeo idiota. Porque ele pode ser uma piada engraçadinha, mas eu achei a mensagem péssima.

 

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25 Comentários

  1. José Simão
    21 de Maio de 2014 at 11:12 — Responder

    Uma pena, mas mais uma moralista que não entendeu a mensagem do vídeo.
    Deveria ter legenda.

    • Camila
      21 de Maio de 2014 at 16:45 — Responder

      Olá José Simão. A maior parte das pessoas que assistiu ao vídeo teve a mesma reação exacerbada que você. E eu digo exacerbada porque você se achou no direito de me xingar de moralista e criticar o meu suposto desconhecimento da língua inglesa sem estabelecer qualquer argumento que pudesse me convencer ao contrário e nem mesmo dizer porque você discorda de mim. Mas eu gosto de ir além. Tenho essa mania de analisar o que vai por trás dessa “fofotização” em foto e vídeo que é feito justamente pra gente se emocionar e dar likes e compartilhar descontroladamente. E, pelos motivos que eu descrevi no meu post, esse vídeo não me comoveu. E achei ofensivo para todas as mães, mas mais ainda, para as mães que não trabalham. Porque reforça um preconceito de que elas precisam dizer que o emprego delas é ser mãe para se validarem. um abraço.

  2. Isabela
    21 de Maio de 2014 at 11:31 — Responder

    Adoro suas ideias e mensagens Ca, mas dessa vez não foi o que aconteceu! Concordo que não é um emprego mas encarei de forma super positiva a mensagem do vídeo que para mim quer dizer que não há emprego nenhum neste mundo que se compare ao SER MÃE. Por tudo que você descreveu acima e mais: a dedicação aos filhos nunca será parâmetro à que exercemos em nossos empregos nos escritórios ou seja lá onde for. Eu escolhi regressar ao trabalho depois de 1 ano e 5 meses e neste tempo em que me dediquei exclusivamente ao meu filho eu não precisei provar nada para ninguém e só tive orgulho por ter descoberto quanto poder tenho.

    Beijos
    Isa
    50tonsdemae.com

    • Camila
      21 de Maio de 2014 at 16:49 — Responder

      Oi Isa! O vídeo é uma piada engraçadinha, mas eu acho mesmo que ele reforça um preconceito antigo. E no fim, muitas mães que não trabalham saem bradando aos quatro ventos que a profissão delas é mãe, quando na verdade profissão e emprego é algo tão menor do que a maternidade! (e eu falo isso como uma mãe que trabalha e é muito realizada na carreira). Ser mãe não é mesmo emprego e o vídeo, apesar de querer homenagear a mãe, pra mim não desceu muito redondo. Beijos

  3. Priscilla
    21 de Maio de 2014 at 11:40 — Responder

    Foi uma forma de dizer o quanto o que nós fazemos é especial. Não é literalmente um emprego, qualquer um que viu sabe disso. Além disso, muitas mulheres ficam em cada e abrem mão do emprego p se dedicarem aos filhos, os maridos justamente por pensarem assim, se super valorizam por serem os provedores e desvalorizam a mulher que se divide em mil p cuidar dos filhos. O mais bonito do vídeo é deixar claro que ser mae é se dedicar inteiramente sem pedir nada em troca.
    Ele é sensível e é isso que comove.

    • Camila
      21 de Maio de 2014 at 17:01 — Responder

      Oi Priscilla! Eu acho que o caminho para a mulher se empoderar e cortar esse preconceito idiota pela raiz (de que mulher que não tem emprego deixa de ser produtiva e contribuir para o desenvolvimento e harmonia familiar) não passa por um vídeo que compara a sua função de mãe (exageradíssima por sinal) com um emprego. Beijoca

  4. Fabrício
    21 de Maio de 2014 at 11:42 — Responder

    Acho que você não entendeu. O vídeo não era para você levar ao pé da letra.

    • Camila
      21 de Maio de 2014 at 16:56 — Responder

      Oi Fabrício! Eu entendi sim, só não concordei com ele. Acho inclusive que existe um exagero nas descrições da função, que são absolutamente irreais, inclusive pras mães mulher-maravilha. Eu realmente não levei ele ao pé da letra, ao contrário, tentei enxergar além do que o publicitário estava claramente querendo fazer, que era emocionar as massas. Obrigada por ler!

  5. JULIA
    21 de Maio de 2014 at 14:30 — Responder

    Adorei o ponto de vista! Até curti o vídeo, mas algo me incomodou mesmo… Concordei totalmente com a tua abordagem!

    • Camila
      21 de Maio de 2014 at 16:54 — Responder

      Julia, obrigada. Bom ver que não estou sozinha no meu sentimento. Beijoca

  6. Cristiane
    21 de Maio de 2014 at 16:36 — Responder

    O vídeo mostra o quão importante é ser mãe e que de repente as pessoas não estão conscientes dessa importância. Adorei o vídeo, não achei nada de errado.

    • Camila
      21 de Maio de 2014 at 16:54 — Responder

      Oi Cris! Eu acho que no final das contas esse tipo de vídeo é completamente emocional e cada um vai sentir de uma maneira. Beijoca

  7. 21 de Maio de 2014 at 16:51 — Responder

    Sabe, Camila, eu achei um despropósito este vídeo.
    Primeiro, pq enaltece o ditado de que ser mãe é padecer no paraíso, e não é não! Ser mãe é padecer no inferno mesmo em algumas vezes, é padecer no céu em outras vezes e, na maioria, ser mãe é ser mãe. Não é necessário padecer em lugar nenhum, não é obrigação, é instinto. Eu poderia dormir a noite inteira com um bb de 3 meses e só acordar 8h depois, deixando meu marido com a mamadeira pronta, mas eu escolho acordar e amamentar. Minha escolha.
    Eu escolho cuidar da minha filha, pq ser mãe é fazer com amor, com devoção, com carinho. Mães que trabalham fora ou trabalham dentro, tanto faz, mãe é mãe e ponto final.

    O vídeo é bonitinho, mas achei tão fraco no quesito “realidade”… nunca mais vai dormir??? Emprego que vc trabalha 24/7??? Desde quando?!?!? Até a mãe mais solitária do mundo inteiro pode ter ajuda de vez em quando (considerando uma mãe solteira e sem parentes por perto). Eu mesma divido tudo com o meu marido (sei que nem todas têm esta sorte, ok), então o “fardo” não é tão pesado assim e eu faço questão que ele seja ativo na educação da Laura, não somente participativo.

    Enfim, vídeo bobo e mentiroso, na minha concepção.

    Adorei o texto, ser mãe não é emprego, não é função, é destino, é vida.

    Beijo!

    • Camila
      21 de Maio de 2014 at 17:02 — Responder

      Oi Dani, ri muito com o que você disse. Verdade, as “funções” da mãe estão completamente fora de proporção. Hahahahah Beijoca

  8. Talita M.V.
    22 de Maio de 2014 at 18:33 — Responder

    Adorei ler sua opinião aqui e concordei com muito do que vc disse. Acho enriquecedor isso, mostrar um ponto de vista diferente. Quando eu vi o vídeo, achei bonitinho, mas não fiquei racionalizando muito, aqui parei para pensar. Valeu.

  9. Rachel Merino
    22 de Maio de 2014 at 20:59 — Responder

    Eu nem vi apesar dos trocentos posts que pipocaram na minha timeline. Eu sou dessas mães que deixaram a vida profissional em stand by para viver totalmente essa fase da vida. Fico 100% do tempo com a minha filha sem ajuda nenhuma e não me sinto nem um pouco inativa, muito pelo contrario. Honestamente esses vídeos feitos pra emocionar nunca me pegam. Emocionante é acordar todo dia com o sorriso sem dentes do meu bebê!

  10. carla chagas
    22 de Maio de 2014 at 21:23 — Responder

    Adorei seu ponto de vista e ver como defende este papel que muitas vezes sofre preconceito “Mãe” principalmente aquelas que não trabalham e falam muito o que você dize ” meu trabalho é ser mãe”, por talvez querer fazer parte deste meio e acaba se esquecendo do significado e da importância da palavra e do Ser mãe.

  11. Ana
    23 de Maio de 2014 at 5:48 — Responder

    Também fiquei incomodada com o vídeo, Camila. E acho muito irritante essa obrigação que as mães têm de dar satisfação do quanto produzem, no sentido profissional e financeiro. Essa semana mesmo, vi-me numa crise “existencial”, porque estou já há dois anos afastada do trabalho (e ficarei ainda por alguns anos, não por escolha, mas por circunstâncias da vida), e me questionei: “o que eu produzo?”. Ainda bem que meu marido, muitas vezes mais sensato e equilibrado do que eu, me trouxe de volta à realidade: ” você produz a coisa mais importante da nossa vida, garante o bem estar do nosso filho, e essa satisfação nenhum emprego jamais te dará”.
    Sem querer atacar as convicções de ninguém, acho realmente louvável as conquistas do movimento feminista, que permitiram às mulheres sair de casa e exercer funções diversas às de mãe e dona de casa. Só acho que, para muitas pessoas, isso virou uma obrigação da mulher, que logo ganha o rótulo de acomodada/fracassada se se dedica “apenas” a essas funções “do lar”. Para mim, o grande mérito dessas conquistas foi permitir à mulher ESCOLHER. Então, cada um com suas escolhas.
    Um abraço!

  12. Marcela
    23 de Maio de 2014 at 17:15 — Responder

    oi,

    não vi o video mas teve gente que fez questão de me contar detalhe por detalhe, e concordo com vc. como já disseram acima, ser mãe não é trabalho, é um dom.
    com certeza eles exageraram e muito em algumas coisas, claro que a intenção do cara era que ele fosse bonitinho, mas gente, 24hrs sem dormir pra não ter salario??? primeiro que nenhum ser humano aguenta isso, e outro o tal “salario” claro que recebemos, quando recebemos um abaraço, um sorriso banguela como dito antes, entre outras coisas, que na verdade não é pagamento, é o retorno de toda essa dedicação e carinho.

    adoro seus post.

  13. Danielle
    24 de Maio de 2014 at 17:58 — Responder

    Concordo! Não vi nada de tão emocionante nesse vídeo e olha que sou uma manteiga derretida. Nem uma lagriminha.
    Colocou muito bem sobre poder largar um emprego, sobre o abismo gigante entre ser mãe e ter um emprego, por mais que seja um ótimo emprego.

  14. 1 de junho de 2014 at 9:58 — Responder

    Oi querida, só agora vi esse post e se tivesse visto antes teria respondido alguns dos comentários non sense que apareceram por aqui. Na época do vídeo, eu o compartilhei dizendo o seguinte “se vc é mãe vivendo desse jeito, apenas pare, alguma coisa vai muito mal”. Por que aceitaríamos ser escravas desse jeito? Porque é isso que o vídeo fala, que há mulheres que trabalham 24/7 sem ganhar nada… Quer dizer que se vc encara a maternidade como um emprego não remunerado que te suga todas as energias, então vc aceita ser escrava, certo? E eu não acho que seja essa a escolha das mães que não tem emprego. Acho que elas estão justamente abrindo mão do emprego para viver um tempo a mais com os filhos – o que tb tem seus custos, mas não precisa ser vivenciado como um inferno na terra, né?

    Enfim, obrigada pelo texto!

    Beijo

  15. Angelina
    18 de junho de 2014 at 10:24 — Responder

    Primeiro post que eu li nesse blog e foi suficiente para cansar e parar por aqui mesmo… Vc parece ser aquele tipo de pessoa que fica tentando provar “nao sei o que pra nao sei quem…” RELAXA! Não leva a vida tão a serio… isso cansa os outros e principalmente vc!

    • Camila
      24 de junho de 2014 at 0:45 — Responder

      Oi Angelina, eu gosto de refletir sobre o que cai e viraliza na internet como verdade absoluta, porque acho que a maioria das pessoas não para para enxergar sobre aquilo que estão consumindo. Não acho que eu vá conseguir seguir o seu conselho, só porque eu gosto de ser dessa forma. Mas não se desencoraja de ler o Mundo Ovo só porque você não concordou comigo. A vida seria bem sem-graça se todo mundo pensasse igual. Abs

  16. 14 de Fevereiro de 2015 at 15:12 — Responder

    Moça, taí o que eu penso sobre o que você escreveu. Bj

    (link deletado pela moderação)

    • Camila
      19 de Fevereiro de 2015 at 12:40 — Responder

      Cara Thata, em primeiro lugar fico triste em saber que você se revoltou com este post a ponto de precisar escrever um post resposta para desabafar. Para poder escrever essa mensagem pra você precisei reler o texto, que foi escrito há 9 meses atrás, bem como rever o vídeo e reler todos os comentários que foram feitos na época. Pois bem… depois de fazer tudo isso e ainda ler o seu post, sinto dizer que não mudei de ideia. E mais: acho que você interpretou o texto de uma maneira equivocada. Nos comentários do post muitas pessoas concordaram comigo e outras tantas acharam que eu estava errada, e mais um bocado achou que eu estava exagerando. Mas ninguém teve essa reação violenta ao texto. Mas é aquele lance: cada um interpreta da maneira que quer; cada pessoa sente uma leitura de uma maneira, dependendo do seu estado de espírito. Opinião é assim mesmo e você não precisa concordar comigo. Os ataques pessoais “moça que se acha, só porque escreve em blog famoso”, entre outras coisas eu achei meio desnecessário. Uma opinião diferente não significa julgamento ou incentivar “guerra” entre a comunidade materna. O seu ataque sim, porque né, eu poderia tentar responder na mesma moeda e ia virar uma guerrinha meio nada a ver. Mas eu sou muito desencanada pra isso e aceito a sua crítica. Uma coisa que eu aprendi desde o nascimento do site é que quando escrevemos para uma gente tão heterogênea, temos que estar preparados para que as pessoas discordem e o anonimato da internet também permite que as pessoas sejam muito mais ferinas em seus comentários e urros para o próximo do que seriam “ao vivo”. E acho que é só isso. Não vou fazer tréplica, enumerando aonde eu discordo de você, porque senão fica aquela coisa de ator que quando recebe crítica pública quer detonar o crítico. Só achei que precisava responder para que você não achasse que eu não dei bola, não prestei atenção. Eu prestei sim, tá? Só que aqui a gente vai ter concordar em discordar. Fique bem.

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