Uma vida sem filhos

 (Esse texto contém reclamações, dúvidas, devaneios e uma boa quantidade de mimimi.)

Comecei o ano sentindo que estava enxugando gelo; filho de férias, um novo trabalho começando, marido viajando demais e eu não conseguindo me sentir aquela mãe dos comerciais de margarina, ou para ser mais atual, como a mãe da Peppa Pig, que a minha querida Fabiana Desidério ama (#sqn). Dona Mamãe Pig acha tudo lindo e dá conta de tudo sempre. Ama tanto ser mãe que ainda teve outro filho e nunca deve ter tido saudade da sua vida sem eles.

Tem dias (na TPM, ou quando ele fala mais de mil “mãe, mãe” em menos de 5 minutos, ou ainda quando aquela sua amiga sem filhos volta cheia de novidades e com um bronzeado absoluto de uma viagem por 575 cidades e 12 países) que imagino como seria a minha vida sem filho. Sei lá se é porque estou sem paciência, mas há um bom tempo não penso em mim e ando com a vida social enferrujada. A maternidade é mais do que uma rotina; tal qual um comentarista político, abro meu computador para ler uns cinco sites sobre o assunto, os blogs das amigas e até uns sites de celebridades para ver se alguém engravidou ou teve filho (quem mandou criar o Mundo Ovo, rá). A verdade é que a vida com filho consome. Consome tempo, muito tempo, e parece que nunca tenho o suficiente para dar.

Demorei muito para ter o meu filho. Até o Adam chegar eu abri uma empresa, tive um restaurante, pari uma hérnia de disco e engravidei de um bebê que infelizmente perdi. Os muitos anos de casamento sem filho me deixaram mal acostumada com a vida a dois. Por um lado foi ótimo ter tido todo esse tempo para me apaixonar ainda mais pelo marido e fazer muitas coisas que são meio impraticáveis (ou menos possíveis) quando se tem filho, mas, ao mesmo tempo, foi bem ruim se habituar a ter uma rotina onde ninguém depende de você e se pode fazer o que quiser, quando quiser.

Sinto falta de fazer a unha e de ver televisão até tarde. De poder ficar o domingo inteiro de pijama ou passar o final de semana sem colocar o pé na rua. Sinto falta de tomar refrigerante e comer besteira livremente (uma vez ou outra) e de deixar a louça na pia e não fazer a cama. Pode ser que você ache que eu não mereça ser mãe porque não consigo reconhecer sem questionar o bem que a maternidade faz, mas na verdade, acho que eu preciso aprender a dosar o tempo que “gasto” com cada um dos aspectos da minha vida. Meu filho é o melhor presente que Deus me deu, agradeço todos os dias, mesmo hoje ao escrever esse post. Talvez eu o tenha escrito para reafirmar a escolha que fiz.

 

A crise já passou, ele está me chamando e eu vou lá brincar. 

 

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8 Comentários

  1. Michelle
    2 de Abril de 2014 at 11:37 — Responder

    Ontem mesmo eu estava me sentindo assim! Sem um pingo de paciencia com meu adolescente precoce. Ele só tem 7 anos mas questiona e argumenta TUDO entao acho que ja esta na adolescencia 😉 ainda bem que passou! Nao me arrependo nem um segundo pois quando decidi que estava na hora de ser mae eu sabia de todas as coisas que abdicaria só pra ter um ser gerado por mim 😉 Seu post fez meu dia!

  2. 2 de Abril de 2014 at 13:23 — Responder

    Não acho que esteja errada em sentir saudades da vida sem filhos, muito menos que vc deve achar que a maternidade é uma bênção. Quem acha isso é pq escolheu não ter vida e lá no fundo gostaria de ser assim também.
    Só acho que vc merece ter isso tudo, mesmo que de vez em nunca. Hehehe Todo mundo merece. Não quer dizer que vc terá ou que fará algo sobre isso, mas não há problema nenhum em se sentir assim.
    E falo tudo isso como uma pessoa que tem uma pessoa na grudada no peito nesse momento é que pensava exatamente como vc quando vou esse post.

  3. Emi
    2 de Abril de 2014 at 16:21 — Responder

    Quem nunca se sentiu assim? Em algum momento desta jornada de ser mãe bateu saudadezinha das gandaias de quinta a domingo com os amigos, fora as viagens na louca no feriado prolongado… prefiro pensar que em cada fase da minha vida (no caso pré e pós maternidade), vivi plenamente cada um destes momentos…e se serve de consolo, num futuro próximo nossos filhos se tornarão pais e nesse momento, dá pra gandaiar um pouquinho mais, né não?

  4. Gicelly
    2 de Abril de 2014 at 16:49 — Responder

    Me identifiquei muito com seu texto. Esses dias estava me sentindo assim tbm, mas passou. Amo muito minha filha, mas tbm sinto falta desses programas, espero q qndo ela crescer mais um pouquinho possamos faze-los juntas!

  5. Dani
    2 de Abril de 2014 at 17:08 — Responder

    Acho que vc precisa mesmo dosar o tempo que gasta com cada coisa. Também tenho minha filha e curti muito a vida de casada até tê-la. Porém hoje continuo NÃO arrumando a cama, DEIXO louça na pia, DURMO mais tarde depois que ela já dormiu, ALGUNS finais de semana nem coloco o pé na rua, etc. Basta DOSAR! 🙂

  6. Bruna Picciarelli
    3 de Abril de 2014 at 16:10 — Responder

    Oi Patricia, te entendo completamente! Eu sempre tive a certeza de que nasci pra ser mãe, então eu achava estar preparada para o que estava por vir. A verdade foi outra.. me senti totalmente despreparada e, o mais difícil de tudo, foi abrir mão da “minha vida” pra ter alguém TOTALMENTE dependente de mim (por mais que eu continue trabalhando fora, a vida muda completamente). Hoje, minha filha está com 1a4m, estou mais habituada ao meu novo papel no mundo. Mas tem dias que também imagino quais seriam meus planos se eu ainda fosse “livre” rsrs. Bjos e força na peruca!

  7. Danielle
    21 de Abril de 2014 at 12:16 — Responder

    Minha bebê está com 1 ano e 8 meses, eu tinha 35 quando ela nasceu, portanto, uma vida estável. Confesso que tem pouquíssimo tempo que me habituei à nova vida em função dela. Logo que ela nasceu senti muita falta, pensei muito se tinha feito o certo. Mas fiz, sou uma pessoa muito melhor hoje, de verdade. Vejo o mundo com mais esperança, entendo melhor as pessoas. E quando dá essa saudade da vida sem criança lembro que quando ela tiver 15 anos vou poder acordar tarde (vou dormir tarde depois de buscá-la na festa rsrs), vou ter mais tempo pra mim. Ok, terei 50 anos, mas a expectativa de vida da minha geração é longa, não dizem que os 50 são os novos 40? Assim vai. Viver ao lado da minha menina é maravilhoso 🙂

  8. viviani
    13 de agosto de 2015 at 9:34 — Responder

    ” a crise já passou ele está me chamando e eu vou lá brincar ” hahah eh a melhor conclusão!!!! parabéns !!!! que vc cresça ainda mais como mãe, afinal “crises” servem para isso!

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