Quase todas as crianças passam por uma fase onde testam das maneiras mais exasperantes os limites e as regras de uma família. Nessas horas não adianta castigo, não adianta gritar, não adianta ameaçar, não adianta palmada. E aí você me pergunta: com tantos “não adianta”, existe uma maneira de fazer a criança entender o que pode e não pode e que algumas regras básicas precisam ser seguidas para garantir a harmonia no lar?
Existe uma maneira de disciplinar o seu filho que envolve atenção, carinho, amor e acolhimento. Envolve entender o que está ocasionando a rebeldia em primeiro lugar e tratar os problemas de uma maneira que não se instale na sua vida a agressividade, impaciência, intolerância e disciplina através do medo.
Já falamos de muitas teorias interessantes como Comunicação não-violenta (NVC); Disciplina positiva e Ameaçar não é uma forma de educar o seu filho. Mas hoje queria falar de maneiras criativas que encontrei para exercer o papel de educador de uma maneira que minha filha entenda e não se sinta agredida.
- Ao invés do castigo tradicional, uma atividade: castigo não deve ser uma opção, sobretudo quando a criança é pequena. Eles não conseguem entender o objetivo de ficar dentro do cercadinho, dentro do quarto, ou em algum canto sem fazer nada. Mas se a criança está muito agitada, incapaz de ouvir os seus apelos, correndo, pulando e arriscando até a se machucar, que tal respirar fundo, não gritar, pegá-lo no colo e pedir que ele faça alguma atividade para se acalmar? Essa atividade precisa – como o castigo tradicional –, ter hora para começar e terminar. Algumas sugestões: montar um quebra-cabeças, arrumar as letras de um alfabeto na ordem, cortar (se a criança já manuseia tesoura) 50 pedaços de determinado tamanho um rolo de fita, contar quantas uvas tem dentro do potinho. Tudo isso exige concentração, apresenta um desafio ao mesmo tempo em que acalma o pequeno surtado.
- Pequenos prêmios pelo bom comportamento: pelo-amor-de-deus não estou falando de prêmios em dinheiro ou presentes comprados no shopping e nem estou pedindo que seu filho só funcione na base da chantagem. Estou falando de pequenas recompensas OCASIONAIS por um dia sem atordoamentos, onde seu pequeno não destruiu os brinquedos, não jogou comida no chão e pisou em cima, não acabou com o seu sabonete de lavanda lavando chinelo de dedo, etc. Coisas que estão funcionando muito bem lá em casa são: mais cinco minutos de iPad ou TV; mais dez minutos lendo livros antes de precisar ir dormir; pode escovar os dentes sozinha sem minha presença no banheiro; pode ajudar a fazer o jantar (mais conhecido como pode quebrar ovos na frigideira e ajudar a fazer ovo mexido).
- Evitando palavrão: para a criança que anda falando palavrão, uma boa saída é criar o “potinho do palavrão”. Tem que colocar um dinheirinho da mesada no potinho a cada palavrão que soltar. Lá em casa, Vicky ainda não ganha mesada, mas tem um cofrinho que vai juntando as moedas de 1 real. Quando o cofre tá cheio ela pode escolher comprar um brinquedo, fazer um programa diferente ou trocar as moedas por dinheiro (em notas) que vai pro “pote da viagem pra Disney”. Se ela soltar um palavrão, ela precisa pegar 2 moedinhas e colocar no “potinho do palavrão”. Este pote (que deve ser pequeno, senão não enche nunca, né?), no dia que estiver cheio, a gente vai ter que entregar pro moço do banco (haha). A regra vale pra mim também.
- Tirando os brinquedos tristes: A criança de temperamento mais forte costuma descontar nos brinquedos. Não arruma, arremessa longe, pisa em cima. Lá em casa é assim, infelizmente. Minha solução foi tirar brinquedos maltratados de circulação e eles vão parar em uma caixa no alto da estante do meu escritório chamado de “hospital”. Nesse hospital esses brinquedos são cuidados, costurados, lavados, ganham roupa nova. Mas ficam por lá um bom tempo de molho. Um dia eu mostrei a caixa cheia. “Viu? Esses brinquedos estão tristes e sem amigos, pois foram maltratados. Eles foram cuidados no hospital. Vamos tratar seus brinquedos com amor para eles voltarem para o lugar deles?”. A cada dia que os brinquedos são cuidados, guardados e o dia acontece sem muitos faniquitos, um brinquedo volta para o lar.
- Criança que bate porta quando está frustrada: tenho pânico de criança que bate porta de algum cômodo quando está frustrada. Não tanto pela minha própria irritação, mas por medo da criança, numa dessas, prender a mão na porta. Vicky estava começando com essa mania, imitando uma amiga que vive fazendo o mesmo. Minha solução foi explicar pra ela que a gente não podia tratar o nosso lar dessa forma e me fiz de boba: “olha, estou achando que você ainda não sabe abrir e fechar a porta direito. Vamos treinar? E fiz ela abrir e fechar a porta do seu quarto delicadamente, 20 vezes. Deu certo.
Amigas leitoras, lembro a todos que não sou profissional de educação ou comportamento e essas opiniões são de uma mãe normal, como vocês, que está tentando acertar na forma de educar positivamente sua filha. Pra quem já me segue aqui no Mundo Ovo, sabe que, com frequência me deparo com problemas de comportamento e morro de medo de piorar tudo. Leio bastante pra poder acertar. Por isso gostaria de te convidar para me ajudar a pensar em alternativas criativas sem recorrer ao trinômio grito x ameaça x castigo. Alguém tem mais ideias legais?
Imagem destacada: Photographee.eu