Não me lembro da última vez que saí por aí sem celular depois de ter filho. De verdade, mesmo, eu não me lembro de sair sem celular, ponto. Quando se é mãe, o celular é meio que aquele botão vermelho de emergência, tem que estar ali à mão. Não imagino a minha vida de mãe sem ele.
Lembro perfeitamente do meu primeiro momento de pânico sem celular: uma viagem a dois com o marido, primeiras férias pós nascimento do filho.. Tirando a culpa de viajar sem o pequeno, estava tudo lindo. Até a porta do avião fechar e eu ter que desligar o celular. Como assim? E se acontecer alguma coisa? Toc, toc, toc, bate na madeira três vezes. Foram as 9 horas mais longas da minha vida.
Por que ainda não inventaram um telefone especial para mães que funcione no ar e até debaixo d’água? Taquicardia, sudorese, boca seca. Marido riu, para em seguida perguntar seriamente o que eu poderia fazer se alguém ligasse – “Aqui não é o ônibus que você dá o sinal e pede para descer em qualquer ponto”. Fico muda. Assim que o avião aterrisou, pergunta o que eu fiz antes mesmo dele parar? Você sabe a resposta, liguei o celular.
Reuniões de trabalho, almoços com amigos e a desculpa é sempre a mesma: “tenho filho pequeno, não dá para deixar o telefone longe”. Ao menos eu ponho no mudo, mas não sei se faz diferença porque fico de olho na tela. E se por acaso aparece o telefone da escola no visor, o coração bate mais rápido. Fala sério, ninguém pensa que pode ser do financeiro, ou de outro departamento; a gente sempre acha que é da enfermaria. Oh céus!
O que eu considero ser o maior dos desafios do meu relacionamento com celular: ficar sem sinal ou sem bateria. Sou tão precavida que tenho cabo e tomada na bolsa e uma bateria extra. Ficar sem sinal, infelizmente foge do meu controle, mas já considerei seriamente sair de uma peça de teatro porque o telefone estava mais morto do que vivo. Só não saí porque meu marido estava na patrulha.
Será uma nova síndrome? Você acha que tenho cura?