A maternidade é transformadora. É tudo tão novo, tão intenso que você se sente uma outra pessoa. Eu quis cortar o cabelo, comprar outras roupas, comer melhor. Fiz novos amigos, mudei meus horários, ouvia outras músicas, lia outras revistas, frequentava outros sites. Só um assunto específico me interessava: filho. Tinha uma verdadeira obsessão pelas horas de sono e a frequência das mamadas, e a frase que mais me acalmava era alguém dizer: nossa, igualzinho aqui em casa. Me dava uma tranquilidade saber que eu não estava fazendo tudo errado – ou se estivesse, não era a única.
A mim me pareceu que tudo o que eu vivi antes da maternidade era menos sério e importante. Parecia que para ser uma mãe boa e responsável, eu teria que deixar algumas coisas para trás e virar outra pessoa. Talvez a mãe da minha amiga Mariana. Ou minha mãe mesmo.
Mas eu amo me divertir, adoro sair com meus amigos, ir a shows de rock e viajar sem criança de vez em quando. Gosto do silêncio da casa depois que todos foram dormir. Gosto de comer besteira antes do almoço. Gosto de tomar vinho. E gosto de roupas que não são roupas de mãe.
Tenho muitas particularidades e por um tempo achei que teria que deixá-las de lado e entrar em uma fôrma para ser uma boa mãe – como se só existisse uma fôrma de mãe. Agora, 8 anos depois, para mim está muito claro que eu não preciso. Mas para aprender isso, tive que dar uma volta enorme para poder regressar para o mesmo lugar. Estava com saudades de mim. Quero ser eu de novo mais do que nunca. E que meu filho seja ele. Porque ser a gente é difícil pacas. Mas só dá pra ser feliz e realizada, de verdade, quando a gente consegue isso.
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