Mundo Ovo

Por que eu beijo meu filho na boca


Talvez a construção dessa sentença lhe pareça muito forte, talvez você pense no beijo na boca como um beijo na boca e não como um selinho. Talvez eu até esteja errada em beijar meu filho na boca, mas os motivos pelos quais isso faz parte da nossa rotina são simples para mim.

Da parte médica existe toda uma questão de transmissão de doenças e também de cárie – que vão desde um simples resfriado a herpes e outras doenças virais, pois nossos pequenos ainda não possuem defesa para evitar o desenvolvimento de algumas dessas doenças. Não faltam manchetes de bebês que morreram ou quase morreram por conta de um beijo na boca. Na maioria das vezes dado por outra pessoa que não o pai e a mãe (?) – permitam-me estranhar esse fato.

Aqui em casa dar um selinho no filho sempre foi um gesto natural, apesar de nunca ter sido um hábito que eu tinha/tenho com meus pais ou que o meu marido tinha/tem com os pais dele, e nasceu por vontade do Adam. Confesso que só comecei a me questionar a respeito quando li matérias nos sites maternos e nas redes sociais condenando o ato.

Mas por aqui, como sei que acontece em muitas outras casas, o beijo na boca é um hábito diário. Eu e meu marido trocamos selinhos em vários momentos do dia e na presença do nosso filho. Ele não demorou a querer se incluir . Para ele foi muito natural e para nós também. Essa é a forma como a nossa família se relaciona, é uma troca de amor.

Entendo a questão da preocupação com a saúde, mas a conotação sexual que algumas pessoas atribuem ao ato, está na cabeça do adulto e não da criança. Não vou dizer que os olhares ou o julgamento nunca me incomodaram. Um dia, depois de tanta buzinação na minha cabeça, eu cedi e quando ele veio me beijar, me esquivei para que ele desse o beijo na minha bochecha. Sabem o que eu ouvi? “Mamãe, você não me ama mais?” Afirmei que o amava muito e para sempre, e perguntei por que ele havia achado isso. A resposta? “Você não quis o meu beijo.” Abracei ele bem forte e tasquei um monte de beijos. Ele voltou a sorrir e eu parei de deixar que os outros ditassem o que eu faço na minha casa e com a minha família.

Li uma outra matéria que dizia ser prejudicial durante o crescimento e amadurecimento da criança, pois ela pode achar comum e querer beijar outras pessoas. Esse medo eu não tenho, Adam vê nesse ato uma coisa da família e quando digo família, sou eu, ele e o pai.

Sim, eu sei que ele pode pegar cáries, um resfriado, mas tenho com ele o mesmo cuidado que tenho com meu marido quando um de nós está doente: beijos na cabeça, limpeza mais frequente das mãos… Não existem estudos que mostrem que os pais ao beijarem seus filhos na boca cause algum prejuízo emocional ou trauma. Isso me basta. Se vamos continuar com essa rotina quando ele tiver 6, 8, 10 anos? Ainda não sei.