Birras: manual de uso

Birra é daquelas coisas que tira uma mãe do sério. Deve ser um dos cinco assuntos mais lidos de toda a blogosfera materna. Aliás, toda vez que eu escrevo um post sobre (mau) comportamento chove mães emocionadas e/ou desesperadas se identificando com o tema, com o que foi dito, com as dicas para apaziguar o gênio difícil e principalmente com tudo aquilo que não funcionou previamente. Somos uma irmandade de mães se apoiando contra esse inimigo: essas crianças ensandecidas. Toca aqui, amiga. 0/

O post mais lido do último mês fala justamente sobre crianças de temperamento forte. O que me motivou a escrever sobre birras, quase uma extensão do post anterior. Sorte de vocês que o Mundo Ovo tem a Victoria – minha filha de 5 anos –, uma protagonista e tanto e que promete render muitos posts ainda sobre o comportamento das nossas crianças.

Mas afinal, o que é essa tal da birra, como são as crianças birrentas, por que elas querem nos enlouquecer e o principal: como agir?

 

Birra: esse monstro devorador de lindas criancinhas

Qualquer criança dá um ataque de pelanca em algum momento da vida. Mais cedo ou mais tarde você vai precisar lidar com isso, mesmo que seu bebê seja um anjo, mesmo que ele tenha sido criado com todas as suas necessidades atendidas. Por isso, em primeiríssimo lugar, a culpa não é sua. Aliás, nem dele que nem sabe direito por que está agindo dessa forma.

A criança fica “birrenta” por que essa é a forma dela expressar frustração. No início, podemos atribuir ao fato de que ela ainda não sabe falar e também não sabe lidar com o próprio sentimento de frustração por que algo não está acontecendo do jeito que ela quer, no momento exato do seu desejo. Comida, trocar fralda, um brinquedo, uma vontade de fazer algo que lhe é negado.

Depois dos três anos, quando a criança já fala, a birra é mais uma forma de testar os limites. Sabe aquela gritaria e aquele choro que não cai uma lágrima, por que você não quis deixar tomar um picolé em plena segunda-feira chuvosa?

O primeiro chilique da Vicky foi em casa (ainda bem). Ela tinha uns 11 meses e queria muito puxar o fio do abajur. Disse não, calmamente. Tentei distrair com outra coisa. Tirei o abajur de cena. Caiu o mundo. Aquela fedelha, que nem andava ainda, se jogou no chão e ficou vermelha de tanto gritar e chorar. Fiquei tão nervosa que liguei pra minha irmã que foi categórica: sai da sala e deixa chorando. Fiz isso, mas eu queria mesmo era pegar ela num abraço apertado. Alguns segundos depois, sem plateia, ela resumiu suas atividades e ficou andando apoiada na beirada do sofá como se nada tivesse acontecido. Quando cheguei na sala, abriu o maior sorrisão. :/

 

O que não fazer?

  • Sempre preste atenção nas suas necessidades: não resolva sair de casa para aquele longo almoço de domingo justamente quando a criança está com fome ou sono (tenho uma história horrorosa exatamente assim). Deixe-o alimentado e descansado, leve lanches e brinquedos que o distraiam.
  • Não precisa só dizer não: passar o tempo todo ouvindo “não” tira qualquer pessoa do sério. Um adulto, inclusive. Por isso pese bem os “sim” e “não” e aplique na hora certa.
  • Evite situações que podem desencadear a birra: um brinquedo avançado e que ele não entenda; por exemplo.
  • O mundo não é cor de rosa – ao mesmo tempo, a criança precisa dominar a arte de se sentir frustrado. Por isso não forneça um escudo cor de rosa onde ele acha que tudo pode e suas necessidades são antecipadas o tempo todo. Em algum momento ele vai ter que aguentar a fralda suja enquanto você toma um banho. Ensinar seu filhote a esperar um minutinho, ajuda ele a ser mais paciente e a se frustrar menos.

 

E o que fazer para evitar a frequência das birras? 

  • Rotina – a rotina ajuda o seu filho a saber o que esperar. Defina limites razoáveis ​​e siga-os de forma consistente.
  • Elogie – quando a criança se comportou na rua, em casa ou em determinada situação, elogie o bom comportamento, ofereça atenção extra, um abraço e um beijo estalado.
  • Incentive seu filho a usar palavras – as crianças, mesmo as pequenas, entendem mais do que conseguem falar. Se o filhote ainda não fala, incentive-o a usar as palavras para se comunicar. Quando ele apontar ou der um ataque por que está com sede, aponte para o copo e repita várias vezes “água” e daí por diante. Se o filhote já tiver mais de três anos, tente fazê-lo colocar seus sentimentos em palavras.
  • O poder da escolha – para ele sentir que controla alguma coisa, ofereça alternativas. “Hoje você quer ir na praia ou pracinha?” “Quer usar a meia azul ou laranja?” “Quer comer banana ou maçã?” “Quer brincar de blocos ou ler um livro?”

 

Deu tudo errado. Como faz? (além de se trancar no banheiro pra chorar)

  • A criança não é um robô e nem você. Por isso espere tudo dar errado. Sempre dá, certo? Algumas alternativas podem funcionar:
  • Fale baixo e calmamente – quanto mais calma você estiver, melhor pros dois. Resolver gritaria com gritaria é o pior que você pode fazer. Por isso abaixe na altura da criança e fale baixo, fazendo um carinho para ir acalmando-o.
  • Dê uma risada – crianças mais velhas (após 4 anos) têm noção do ridículo da situação; de estarem descontroladas por que querem lavar o cabelo da boneca bem na hora de dormir e você disse um não bem redondo. Comece a rir. Ultimamente tenho feito isso e ela acaba rindo comigo, damos um abraço e tudo fica bem. Mas, atenção. Com crianças mais novas isso não vai funcionar.
  • Distração – principalmente quando as crianças são menores, elas se distraem rápido com outra coisa. Por isso, para evitar que se vaso antigo pare no chão, ofereça outra alternativa, como o brinquedo favorito ou alguma novidade apropriada.
  • Entenda a frustração – um ataque do nada, pode ter outra razão. de repente a criança se lembrou de um filme que quer assistir e não sabe como falar. Incentive ele a mostrar/apontar exatamente o que quer. Se continuar querendo se jogar da janela, aí tá na hora de pegar no colo e tentar acalmá-lo de outra forma.
  • Terapia do abraço – já falamos sobre isso no post O que o poder do abraço pode fazer pelo seu filho. Quando o ataque ficar descontrolado, e ele não estiver ouvindo mais nada, pegue a criança no colo e dê um abraço apertado, fale calmamente, dê beijos, faça carinho em seu cabelo, costas e nuca.
  • Dê espaço a ele – parece o fim da picada, mas quando a criança está descontrolada ela perde o poder de fazer julgamentos e não existe como fazê-la voltar a razão. Por isso saia de cena e espere ele se acalmar. Normalmente, sem plateia, eles acabam se acalmando mais rápido. Mas observe escondida se ele corre risco de se machucar, chutar algo que não deve, bater com a cabeça na parede, essas coisas.
  • Pode ser sono ou fome – todos nós ficamos irritados quando estamos cansados ou famintos. Por isso não descarte uma soneca, um mamá, um lanchinho.

 

Quando você precisa de um psicólogo?

Ataques de pelanca acabam lá pelos quatro anos. Quando a criança passa dessa idade e ainda se comporta com muitos chiliques, se bate, bate na família ou em amigos da escola com frequência ou se o quadro está evoluindo, vale a pena conversar primeiramente com o psicólogo da escola que pode discutir com você a necessidade de um profissional para ajudá-lo a desenvolver mecanismos de enfrentamento. (Por aqui estamos na psicóloga desde março. Está ajudando, mas ainda é difícil).

 

 

Imagem destacada: Shutterstock  Firma V

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