Depois que virei mãe passei a olhar para o meu entorno com mais cuidado, olhando para baixo para não tropeçar em alguma criança, prestando atenção em crianças que eu não conheço, para que não andem sozinhas ou atravessem a rua correndo.
Depois que virei mãe, passei a olhar para as minhas colegas de trabalho que também são mães e moram muito mais longe do que eu com mais respeito e compaixão. Afinal, é duro viajar por duas horas para chegar no trabalho com um filho doente.
Depois que virei mãe, passei a receber e oferecer olhares carinhosos e pequenos sorrisos de/para outras mães que passam na rua ou nos corredores dos shoppings, como se cada uma de nós fizesse parte dessa incrível seita chamada maternidade.
Depois que virei mãe, passei a ser uma pessoa menos focada, mais atrasada, mais esquecida e com muito menos tempo para fazer as coisas todas que eu amo. Ainda estou tentando melhorar nesses aspectos, pois acho que eles são essenciais para que eu viva bem.
Depois que virei mãe, passei a achar impossível assistir a filmes onde crianças sofrem violências, são sequestradas, sofrem maus-tratos, têm doenças terminais ou morrem.
Depois que virei mãe, passei a sentir um sofrimento físico e a chorar copiosamente quando crianças sofrem violências, são sequestradas, sofrem maus-tratos, têm doenças terminais ou morrem na vida real.
Depois que virei mãe nunca mais reclamei de bebês e crianças que choram em aviões. Normalmente ofereço apoio aos pais desesperados.
Depois que virei mãe, passei a me exercitar quase que diariamente e a conhecer rótulos. Também investir em uma alimentação mais saudável para a família e torcer para vencer a obesidade. Tenho a obrigação de estar viva e com saúde para criar a minha filha.
Depois que virei mãe, passei a me esforçar ainda mais para ser um ser humano melhor: uma pessoa mais paciente, bem-humorada, generosa, que aplica regras claras de convivência com o próximo, pois quero ser um exemplo positivo para a minha filha.
Depois que virei mãe, passei a ser uma pessoa mais sensível, que se emociona facilmente com o cotidiano. Passei a prestar mais atenção na “vibe” das pessoas e na energia dos lugares.
Depois que virei mãe, promovi uma mudança muito drástica mas minhas prioridades. Não existe reunião ou viagem que vingue quando minha filha não está bem.
Depois que virei mãe, coisas que eram importantes para a minha vida deixaram de ter importância. Passei a querer viver com menos bens materiais e menos tralhas.
Depois que virei mãe passei a ser menos egoísta, por que existe uma pessoa cuja necessidade está acima da minha, sempre.
Depois que virei mãe passei a ser completamente dela. E ela de mim.
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