Disciplina positiva: 6 maneiras de dizer não sem dizer não

Uma das coisas mais chatas da maternidade é que a gente passa a maior parte do tempo dizendo, bradando, gritando, falando entredentes a palavra NÃO. Não faz, não mexe, não pode mais comer, não pode vestir isso, não pode fazer aquilo. Quem aguenta ser essa pessoa o tempo todo?

Quando os pequeninos ainda são bebezinhos a gente não perde tanto tempo falando a palavra não, mas movendo o bebê de lugar ou tentando distraí-lo. Mas à medida em que vão crescendo e já entendem comandos, viramos a bruxa da vassoura que não deixa eles fazerem nada.

Mas existe a disciplina positiva, uma forma mais generosa e menos desgastante de conviver com seu pequenino e assim ampliar um pouco o seu vocabulário e a compreensão da criança. Talvez seja mais demorado, mas uma longa explicação sobre o porquê das coisas leva a um melhor resultado.

Aqui eu dou dicas de como falaria com a minha filha, que tem quatro anos e possui um vocabulário avançado para a idade. Mas você pode e deve ajustar a forma de falar de forma que o seu filho entenda, não importa a idade, desde que já tenha compreensão.

crédito: Shutterstock Zagorodnaya

1. Quando machucam plantas ou bichinhos

“Filho, plantas e bichinhos são seres vivos e sentem dor, igual a eu e você. Se você arranca uma folha dessa plantinha é a mesma coisa que alguém puxar o cabelo dela. Se você puxa o rabo do gatinho ele também sente dor, igual se alguém tivesse beliscado o seu bumbum”.

Fazê-lo entender que plantas e animais são criaturas como nós é o primeiro passo para criar empatia e fazê-lo cuidar do que está em seu entorno. Se a família possui um bichinho é ainda mais fácil. Plantar um vasinho com a criança e cuidar para que cresça também é um grande experimento.

crédito: Shutterstock FamVeld

2. Quando não querem tomar banho

“Meu amor, da mesma forma que a gente molha as plantas, precisamos tomar banho para que fiquemos limpos, cheirosos e possamos crescer sem ficar dodói. Se você nunca mais tomar banho vai ficar fedegoso (pausa para fazer uma careta) e além de tudo pode ficar dodói. Eu prometo que é rapidinho e você nem precisa brincar no banho”.

Eles vão protestar, afinal brincar no banho é muito divertido. “Viu? Então vamos brincar E tomar banho”. Ganhou a batalha! De nada. 🙂

crédito: Shutterstock Julia Kuznetsova

3. Quando não querem fazer nebulização

“Mamãe sabe que nebulização é chato, mas isso vai fazer você respirar melhor e parar de tossir. Quando você estiver se sentindo melhor, vai poder voltar para a escola, natação, brincar com os amigos”.

Explique que você entende que a nebulização é chato, mas que vai fazer ele se sentir melhor e assim voltar a fazer as atividades que adora. Conversem sobre o assunto até ele entender.

crédito: Shutterstock Iakov Filimonov

4. Quando não querem comer

“Mamãe entende que de vez em quando brincar é melhor do que comer, mas se você não comer vai ficar fraquinho e não vai conseguir brincar, ao invés disso pode até ficar doente”.

Explique que você entende que ele está achando comer uma perda de tempo de brincar naquele momento. Mas que ele precisa comer para conseguir ficar forte para poder brincar. Que crianças que não comem bem, ficam doentes, não conseguem brincar e ficam fraquinhos.

Uma alternativa: proponha uma brincadeira durante a hora de comer. Aqui em casa a gente coloca a comida em montinhos pelo prato e canta uni duni tê. Para cada colherada, um montinho. Meu pai fez­ isso comigo e meus irmãos há quase quarenta anos atrás e posso te garantir que ainda faz sucesso!

crédito: Shutterstock Lana K

5. Quando querem comer porcarias

“Meu amor, sorvete, chocolate e bala não são sobremesa e sim besteiras. A gente só come isso de vez em quando. Mamãe sabe que é gostoso, mas se comer muito fica com bichinho na barriga, faz cocô muito mole, muito duro, enjoa e dá dor de barriga. Sobremesa é sempre frutinha, então que tal você comer uma melancia bem docinha? Mamãe ensina você a tirar as sementes”.

Não chamar porcarias e doces de sobremesa é o primeiro passo para que seu filho entenda que existe uma diferença e que essas besteiras só podem ser consumidas muito de vez em quando, em festas ou em um feriado. Não tenha em casa, não deixe ele estocar quando vai nas festinhas. Sempre tenha frutas em casa. E envolva a criança na preparação da sobremesa: peça ajuda para ele para tirar as sementes da melancia, ou tirar as folhinhas do morango ou tirar as uvas do cabinho. Pronto, ele já esqueceu o picolé.

crédito: Shutterstock Olesya Feketa

6. Quando querem ver televisão demais

“Eu também adoro ver televisão, mas se a gente ficar muito tempo de frente para a televisão fica com dor no olho, o bumbum fica quadrado e as pernas cansadas. Precisamos sempre fazer coisas diferentes. Que tal se gente brincar um pouco? Você pode desenhar o seu próprio desenho animado no papel”.

Ver televisão demais é algo progressivo, na medida em que vai aumentando a capacidade de concentração deles. Infelizmente ficam ali, vidrados. Nessa hora você vai mexendo com essa concentração e oferecendo alternativas. Uma delas funciona. Aqui em casa são livros, bonecas e brincar de fazer arte. Cola de purpurina e carimbos ganham sempre da TV.

Se ajudar você, ainda dou mais cinco dicas criativas para exercer a disciplina em casa. Boa sorte.

Imagem destacada: Shutterstock Elena Stepanova