Tive muitos problemas durante o período de amamentação: sentia dores, tive fissuras nos bicos do seio e mastite. Como o leite saía em menor quantidade no peito afetado (e empedrado), meu filho decidiu que não queria mais mamar ali e só aceitava o seio direito. Insisti muito, mas não teve jeito e logo a produção de leite começou a diminuir desse lado.
Na época, fui em um hospital público onde havia um grupo de apoio à amamentação e lá me ensinaram uma técnica para estimular meu filho a continuar mamando naquele seio, e assim estimular e regularizar a produção. Uma sonda fininha era colocada próxima ao meu bico do seio e na outra extremidade estava um copinho com o leite que eu havia ordenhado antes. Dessa forma, o bebê achava que estava mamando exclusivamente no seio, mas na verdade estava sugando também o leite do copinho. Como vinha mais quantidade, ele não ficava tão impaciente e sugava mais.
Pesquisando sobre o assunto, aprendi que os métodos de relactação e translactação lançam mão dessa mesma técnica, mas a relactação utiliza-se do leite pasteurizado, fórmula ou leite materno, enquanto na translactação apenas o leite materno é oferecido.
Eu recorri a a técnica para “enganar” meu filho que meu seio produzia mais leite do que de fato estava produzindo para que ele não desistisse de mamar, mas a relactação pode ser uma opção para outras dificuldades também. Como, por exemplo: mães que não puderam amamentar os filhos recém-nascidos devido à internação ou mães que interromperam a amamentação e desejam retomá-la.
Para realizar a relactacão ou translactação é necessário utilizar uma sonda nasogástrica pediátrica número quatro, com as pontas aparadas, e fixar uma das extremidades próxima ao mamilo e mergulhar a outra ponta num copinho com o leite materno. Lembrando sempre que o pediatra deve ser consultado antes e ele dará as orientações de acordo com o caso específico e necessidade de cada um. Existe também um kit pronto à venda da marca Medela.
O resultado é que à medida em que o bebê suga, ele estimula a produção do leite. Quando a criança nasce, uma glândula (hipófise anterior) localizada na base inferior do cérebro libera grandes quantidades de prolactina, que, ao cair na corrente sanguínea, percorre todo o corpo até chegar nos alvéolos mamários, que por sua vez estavam esperando esse comando para começar a produção de leite. O esforço do bebê em sugar o mamilo, mesmo que este não tenha ainda muito leite, estimula terminações nervosas no seio que se ramificam até o cérebro e ativam outra região daquela mesma glândula hipófise (hipófise posterior), só que agora liberando um outro hormônio, a ocitocina – que também vai para a corrente sanguínea e chega aos seios provocando contrações nos músculos mamários que “ajudam” a empurrar o leite para o bico do seio. Se bem sucedido, os resultados aparecem entre uma a seis semanas.
*Com a colaboração de Patricia Smith.
Crédito da imagem: Mamatutti