Os pensamentos e questionamentos abaixo são pessoais e não seguem nenhuma ordem cronológica. Aliás, a primeira coisa que eu gostaria que alguém tivesse me dito era que minha mente jamais funcionaria com a mesma lógica, novamente. E eis a minha lista, um bocado pessoal.
30 coisas que eu gostaria de ter sabido antes de ser mãe
- Que engravidar não seria assim tão fácil. Algumas mulheres pensam em sexo e já estão grávidas. Outras, como eu, demoram anos.
- Que o primeiro semestre é uma montanha-russa de sentimentos contraditórios. Medo em diferentes intensidades, felicidade abundante, melancolia e exaustão que torna todos os outros sentimentos ainda mais intensos.
- Que não dormir é algo que se estende indefinidamente. Ainda hoje, minha filha custa muito a pegar no sono, ainda faz xixi na cama e, além de só ter ido dormir na própria cama depois dos cincos anos, invariavelmente ainda acaba na minha cama.
- Que você só precisa de mais ou menos 1/3 das famosas listas de enxovais. Que aquilo tudo é um exagero de proporções catastróficas (para a sua conta bancária).
- Que eu iria precisar de tantas, tantas fraldas descartáveis. Ou lavar tantas, tantas fraldas de pano. (aqui fizemos um misto de ambas as alternativas)
- Que eu não precisava me preocupar tanto em me comparar com as mães que não trabalhavam. (Eu ainda faço isso e me sinto uma mãe incompetente).
- Que eu deveria ter lutado com mais afinco pela minha licença-maternidade.
- Que eu me tornaria uma pessoa terrivelmente desorganizada e que não daria mais conta de ser a força de trabalho que eu era. (Ia me poupar de uma terrível crise existencial)
- Que casamentos sofrem com o cansaço, a falta de libido, a falta de individualismo, empatia e os problemas que já existiam antes se tornam ainda mais gritantes.
- Que eu iria amar e odiar ser mãe na mesma intensidade.
- Que o amor que eu sentiria seria algo tão absolutamente profundo que mudaria toda a minha existência.
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Que tudo bem precisar de ajuda.
- Que eu perderia tantas amigas sem filhos pois elas não conseguiam entender que não dava para combinar um chopinho de última hora na segunda-feira depois do trabalho.
- E que depois da separação perderia tantos amigos casais com filhos pois eu já não me encaixava mais no “padrão”.
- Que você pode até fazer planos, mas precisa ter jogo de cintura para encarar os inúmeros obstáculos inesperados que a vida te impõe.
- Que sua filha é perfeita e especial, mas também é uma criança difícil e todo mundo percebe.
- Que as pessoas, sobretudo a sua família, te culpam por absolutamente tudo que está dando de errado com seu filho (e até mesmo o que não está errado e eles acham que está). Freud faz a dancinha da alegria no túmulo.
- Que ser mãe me faria tão mais sensível às injustiças cometidas com outras crianças.
- Que as lágrimas correriam mais livremente e em momentos, algumas vezes, inconvenientes.
- Que minhas prioridades mudariam e eu me sentiria impotente em muitos momentos.
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Que crianças precisam de menos coisas e mais atenção.
- Que crianças não conseguem ver os defeitos dos pais.
- Que crianças exigem atenção constante.
- Que crianças não tem paciência para esperar.
- Que crianças usam os pais como exemplo. Para o bem e para o mal.
- Que eu teria que mudar muitos maus hábitos na esperança de ser um bom exemplo.
- Que em primeiro lugar viria a minha filha e eu passaria a ser a última coisa da fila. Pra depois descobrir na marra que eu precisaria vir em primeiro lugar, afinal uma criança não fica bem quando a mãe não está bem.
- Que depois que você finalmente se organiza, muda toda a sua vida, se conforma em passar mais tempo em casa do que na rua, seu filhote já está grande o suficiente para dormir na casa dos avós, dos amiguinhos e você não é mais tão necessária assim. (E aí precisa modificar toda a sua vida de novo e nem sabe mais pra onde sair depois de tanto tempo).
- Que eu passaria a curtir tantas programações infantis pelo puro prazer de ver minha filhota se divertir.
- Que ela seria minha maior companheira, que me copiaria, exigiria, me amaria incondicionalmente. Que gostaria de morar em Nova York assim como eu. Que seríamos essencialmente diferentes, mas tão parecidas em quase tudo o que é importante. Que ela seria uma versão mais aperfeiçoada de mim mesma. E que todas essas maravilhosidades seriam “culpa” minha.