Mundo Ovo

Férias escolares, eu sobrevivi – Relato de uma mãe em frangalhos


Lembra aquela sensação maravilhosa durante a infância de “viva-as-férias-estão-chegando”? Então, esquece! Depois que você vira mãe, a proximidade das férias escolares não gera alegria para os adultos, mas pânico.

Nos meses de junho e novembro, já é possível sentir a tensão no ar. Pais inquietos andando de um lado para o outro durante à noite, pensando em soluções mirabolantes, tramando programas com os outros pais nas costas de seus filhos, fazendo contas para ver se uma colônia de férias cabe no orçamento.

Você bem que tenta se planejar e tirar folga também. Mas são dois períodos de férias escolares ao ano, 90 dias, e você só tem 30 míseros dias. Você cogita fazer uma petição na internet a favor da licença-férias escolares, mas ainda tem noção e sabe que existem problemas bem mais sérios por aí.

Até que um dia, não tem jeito, as férias chegam. Os primeiros dias transcorrem com certa tranquilidade. Você aciona os avós. A madrinha. A vizinha simpática. A antipática também. Mas nada é suficiente para a pequena criatura sedenta por diversão.

Você reavalia o tempo de ver televisão. Estende o tempo no iPad. Relaxa no cardápio alimentar. Você rascunha um aplicativo tipo Tinder para crianças de férias. E, surpresa, você se dá conta que virou aquela mãe que você falava mal. Desesperada, você corre para o calendário. Só falta uma semana, uma semana. E depois do alívio, vem a culpa: as férias passaram e seu filho ficou em casa sem fazer nada. E você se sente mal e tenta se desdobrar em cinco para criar lindas memórias para seu filho.

E um dia as aulas finalmente recomeçam!

E a segunda de volta às aulas finalmente chega. Uma horda de pais zumbis arrasta seus filhos pela mão até a escola. Todos se entreolham e acenam a cabeça discretamente, em silêncio. Missão cumprida. Você volta pra casa até meio tonta, sem saber o que fazer. Almoça em um bom restaurante perto do trabalho e toma uma taça de vinho sozinha. No meio da tarde, o alívio dá espaço a uma saudade repentina e avassaladora. Você chega mais cedo para buscar seu filho na escola e percebe que os outros pais também. O sinal toca. Você abraça seu filho como se não visse ele há um mês.

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