Que ninguém sabe mais viver sem o tal do Whatsapp isso é fato, visto que quando o aplicativo foi suspenso por muitas horas, só se falava nisso. Eu posso dizer que meu dia foi bem mais produtivo e que acabei falando mais com as pessoas do que simplesmente trocando mensagens.
Antes que vocês digam, faço uso e não sou contra. A comunicação de coisas simples se tornou mais fácil e rápida, mas acho que passamos dos limites muita e muitas vezes.
Sobre os assuntos tratados no grupo de mães da escola
Se você é mãe e seu filho frequenta uma creche ou escola sabe que além do grupo da família, dos amigos mais próximos, do trabalho, vai ter também o grupo de mães da escola. E, talvez, um segundo grupo das mães da escola com quem você realmente tem maior empatia.
Uma bela manhã eu acordei e haviam 72 mensagens no grupo da escola. 72!!! O que será que aconteceu? Será que tem algo importante que eu não sabia? Corro para abrir e vejo que é a imagem de uma flor e uma das mães desejando bom dia com a rosa que floresceu no seu jardim. Dali em diante foi um tal de “bom dia!” “que linda!’ e nenhuma, repito NENHUMA informação relativa ao universo daquele grupo. Você vai dizer que eu posso colocar no mudo, mas e se for algo realmente útil como uma criança com doença contagiosa, uma situação que precisa da ação de todos?
Hoje depois de mais de 2 anos em grupo da turma da escola do Adam, posso dizer que 70% da comunicação não é relacionada ao ambiente escolar. E quando é, a mãe desabafa no grupo mas não toma nenhuma atitude em relatar o ocorrido a qualquer membro da escola. Esse comportamento fez o diretor da escola do meu filho mandar uma carta aos responsáveis e que coloco trechos aqui no final desse post.
Por que os pais não participam do grupo de Whatsapp da escola?
Um outro ponto que me incomoda é o fato de ser só um grupo de MÃES. Pais não participam e eu acho isso de um retrocesso sem fim. Se o grupo foi criado para falar da educação dos filhos e de assuntos da escola, ambos deveriam participar.
Mas o que eu vejo ao meu redor – outras escolas, outras idades – é basicamente a mesma coisa. Convites de festa de aniversário, um sem fim de “bom dia!’, “fulaninho está doente e vai perder a festinha”, ao que se segue um mundo de “melhoras” e “tadinho”. E nesses tempos de crise política: manchetes, áudios e vídeos.
Nesse ponto do texto você deve me achar mal educada e mal humorada. Mas a verdade é que ali são compartilhadas informações que eu não preciso saber. Minhas irmãs, sobrinhos, melhores amigos ficam gripados e muitas vezes eu nem fico sabendo, porque assim é a vida.
E noves fora, enquanto escrevia esse texto, descobri que existe um site em que você pode se cadastrar para entrar em grupos do Whatsapp de acordo com o seu interesse: dicas para casa, desabafos (tipo confessionário), alimentação das crianças…
Fica aqui então 5 alertas!
- Sei que a gravidez e o pós-parto podem ser bem solitários, mas o contato real ainda existe e é possível.
- Precisamos falar, nos sentimos perdidas e queremos sobretudo ser ouvidas, mas em um grupo desse tipo você vai ser mais uma. E quando abrir o seu aplicativo vai encontrar 325 mensagens que surgiram em menos de 10 minutos.
- Busque alternativas saudáveis para você. Comece formando grupos da pracinha, do prédio, da natação, ou até mesmo grupos do facebook do seu bairro.
- O mundo mudou e se quando éramos adolescentes as salas de bate-papo já ofereciam um risco, pense no que pode acontecer agora.
- Não conte detalhes da sua vida que possam colocar a sua segurança e a da sua família em risco.
Trecho da carta da escola do meu filho
“… Esta nova explosão de mídia está afetando todos os tipos de segmentos da sociedade: política, economia, bem como da interação social.
Muitos pais da nossa escola têm se utilizado dessa mídia como uma forma de comunicação entre os diferentes grupos, para discutirem assuntos da escola. O que pode ser muito positivo, mas também pode ser improdutivo.
Recentemente, descobrimos que vários grupos que utilizam esta mídia colocaram informação incorreta e não fizeram contato com a escola para esclarecer quaisquer dúvidas que possam ter ocorrido. (…) Além disso, qualquer questão séria não deveria ser discutida em um canal de mídia social. O canal correto seria diretamente a escola. (…) a escola não é formalmente informada sobre suas preocupações.
- Questões relacionadas à turma devem ser encaminhadas em primeiro lugar, para o professor responsável. Caso não receberam uma explicação clara ou satisfatória, entrem em contato com o Supervisor ou Coordenador da série.
- Questões que dizem respeito a segurança, alimentação, área financeira e manutenção das instalações, devem ser direcionadas à Administração da escola.”