Domingo é Dia das Mães. Mais um. O primeiro para muitas das mamães de primeira viagem que passam diariamente por aqui. A minha sexta comemoração. Todos os anos eu tento escrever um texto simpático, algo inspirador, algo carinhoso para nós que somos co-responsáveis pela criação desse serzinho que tá aí te atazanando quando você quer ler um livro, que não te deixa ter momento algum de privacidade, que te tira do sério, mas também te traz alegrias imensuráveis, beijos lambuzados de chocolate e a sensação de amor desmedido que simplesmente não cabe no peito.
Mas hoje eu quero falar de medo. Desculpa, eu sei que enfrentar nossos medos é aterrorizador por si só. Mas eu queria só te ajudar a desmistificar alguns deles. Porque se libertar de amarras é… bem… libertador.
Acho que todas nós experimentamos algum tipo de apreensão (medo) em algum ponto entre nos descobrirmos grávidas e a primeira infância dos nossos filhos. As mais apavoradas sentem medo da própria sombra. As mais ansiosas antecipam problemas de um futuro distante. As mais relaxadas acham que não sentem medo, só um desconforto. Mas que não deixa de ser um medo disfarçado.
No início o medo é de não conseguir realizar atividades básicas como trocar fraldas, dar banho e até de ter o sono pesado e não acordar quando o bebê chorar. Depois que você vira profissional no cuidado básico, você sente medo de se perder no meio do caminho, de se anular como mulher. Depois o medo de não estar dando conta da família, o medo de voltar a trabalhar, o medo de não saber criar seu filho direito. A sensação é, frequentemente, a de estar fazendo tudo errado, mesmo quando você acerta e seu filho é lindo, saudável e feliz.
Ontem eu assisti a pré-estreia do filme O começo da vida (falamos dele aqui). E um dos depoimentos que mais me marcou foi o do jornalista e escritor britânico Simon Kuper. Ele foi conversar com os filhos que tinha medo de estar sendo um mau pai, pois estava sempre gritando com eles. Os filhos disseram que não era bem assim, que ele só gritava quando eles estavam sendo desobedientes. Que ele era um ótimo pai. E Simon, emocionado, diz que os filhos são tão apaixonados por ele que mal conseguem enxergar os seus defeitos de homem e pai.
E esse depoimento fez com que eu derrubasse lágrimas aos borbotões pois esse é o meu atual medo: o de ser uma péssima mãe que não está ali quando deveria estar ali, que estou destruindo a minha filha com a minha impaciência e meu pavio curto, que não conseguirei criar uma filha com recursos o suficiente para sentir empatia, que ela não vai atingir todo o potencial que ela tem, porque ela me tem como mãe. Essa péssima mãe. Que tem medo de não ser suficiente. Olha só que m$%¨&$da de medo para ter.
E tudo o que eu quero pra vocês é que vocês não se sintam como eu me sinto. Custa muito caro ser como eu, com tanta análise pra pagar (riso). Mas quero que vocês saibam que vão acertar e vão errar. Vai ter dia que você vai estar totalmente presente ouvindo seus filhos. E outros dias que você vai estar de corpo presente, mas com a cabeça do outro lado do mundo. Vai ter dias que tudo vai ser perfeito e dias que você vai desejar não ter tido filhos. Todos esses pensamentos negativos são movidos sobretudo pelo medo. Não deixe que esses medos se enraízem dentro de você.
O mantra que eu falo e vocês tanto gostam precisa ser repetido diariamente de frente pro espelho:
VOCÊ. É. A. MELHOR. MÃE. QUE. SEU. FILHO. PODERIA. TER. (agora repete comigo 10 vezes)
Por isso querida mãe, não tenha medo de ser mãe. A maternidade já é um superpoder tão depreciado no nosso dia a dia que ele não precisa de mais você colocando cal nessa pá. Sacode essa poeira negativa! Coloque sua saia rodada florida, pegue sua barriga, seu bebê, sua criança, sua tropa e saia por aí de cabeça erguida, sabendo que depois de um café (ou dez) você vai conseguir espantar esses medos malucos da sua cabeça e ser quem você sabe ser melhor. MÃE.
Feliz domingo pra você. Do lado da sua família e de quem você mais ama.
Estamos sempre por aqui.
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