10 vezes que as mães tentaram me aterrorizar, mas não conseguiram

Que a maternidade não é composta de momentos infinitamente fofos e lindos, isso eu já sei, você já sabe e já estamos há anos de mãos dadas, chorando virtualmente no ombro uma da outra a cada treta que acontece.

Mas, existe muito exagero da nossa parte também. Sabe aquela reclamada extra para dar o toque dramático perfeito ao seu chororô? Pois é… #quemnunca

Antes de ser mãe eu também fui aterrorizada pelas mães ao meu redor. E, no pânico total de não conseguir me organizar com trabalho, casa e responsabilidades, além do enxoval, construí um verdadeiro bunker da organização doméstica. Aos poucos fui percebendo que o buraco era mais embaixo.

Sim, eu tinha tido a sorte de ter uma bebê saudável, que mamou em livre demanda por dois anos (mesmo que tenhamos usado complemento pois a demanda dela era, normalmente, superior ao que eu consegui oferecer) e não era muito cheia de frescuras. E, dentro da nossa vidinha, algumas coisas simplesmente não rolaram e eu fiquei feliz que Vicky chegou aos sete anos e eu não passei por algumas situações apavorantes:

 

Eu não tive problemas de saúde por ter engravidado obesa

Jamais vou dizer pra você que tudo bem engravidar com 100 quilos. Não vou mesmo. Engravidar com obesidade mórbida é um perigo adicional e demanda uma energia extra para dar conta de ter no seu pé um endocrinologista, obstetra, nutricionista e ainda uma série de cuidados para engordar o mínimo possível. Foi duro, mas a minha gravidez foi linda, saudável e Victoria nasceu perfeita. Mas foram 40 semanas sem poder relaxar. Leia aqui o que eu escrevi sobre obesidade e gravidez.

 

Eu não tive baby blues

Eu sou uma pessoa que reflete e pensa muito. Isso é bom, pois amigos ao meu redor me acham ponderada. Por outro lado, tendo a ter períodos de profunda introspecção e embora nunca tenha tido depressão de verdade, muitas vezes achei que a minha melancolia estava exacerbada. Minha sorte é que eu faço muita análise e isso me segura muito, pois estou constantemente trabalhando meus dramas internos. Leia aqui o que já falamos sobre a depressão pós-parto e um olhar sobre a mãe.

 

Eu tomava banho

Eu passava o dia com ela. Temos uma funcionária que passava o dia cuidando da casa, para que eu cuidasse dela. E eu gostava de tomar banho no final do dia, quando estávamos só nós duas. Esperava ela dar um cochilo no carrinho ou na cadeirinha vibratória e pimba: levava ela junto, entrava no banheiro e tomava meu banho com a calma de quem está olhando a bebéia linda dormir com barulhinho de água caindo. Mais tarde, quando ela estava maiorzinha e já sentava, eu colocava ela na Baby Tub e tomava meu banho com ela brincando e me olhando no balde. Era um banho cheio de amor e risadinhas.

 

Eu via os amigos

Não, eu não ia pra balada com o bebê dentro da clutch. Mas, lembro que a primeira festinha que eu dei lá em casa era para meus amigos do clube do livro. A gente se encontrava mensalmente em um café de livraria para discutir livros policiais. Quando a Vicky nasceu e eles queriam conhecer o que tinha saído da minha barriga, eu convidei todo mundo pra fazer a reunião lá em casa. Marido ajudou a ciceronear, providenciei um lanchinho encomendado pelo telefone e eles levaram champagne que eu não pude beber. Varamos noite adentro, dando risada.

E quando eu tinha que amamentar eu ia pro meu quarto onde amamentava (só por que eu era uma boba, tão envergonhada de colocar os peitos pra fora em público, hoje agiria diferente), trocava fralda e ela dormiu, de vez em quando participou da festa e no dia seguinte eu tava morta, mas tava feliz de estar com pessoas queridas celebrando a neném, os livros e a amizade.

 

Eu não tive problemas para amamentar

Eu tinha concha, pomada, comprei todos os produtos para os peitos. Minha obstetra me proibiu de fazer “preparação dos seios” e como eu não sabia o que era (adoro a ignorância) eu não fiz mesmo. Vicky foi campeã na pega e sempre adorou um peitão. Minha sorte é que ela mamava nos dois peitos e eu podia estar de pé, sentada, deitada, em qualquer posição que não tinha problema. E meus peitos não racharam, não vazavam, não tive mastite e nenhum problema associado à produção de leite ou amamentação. Sorte pura.

 

 

 

Ela não largou o peito por conta da mamadeira

Eu nunca jorrei leite (jamais precisei usar aqueles protetores de seios, daí você tira), mesmo amamentando em livre demanda, mesmo tirando com a bomba, mesmo amamentando durante 28 meses a Vicky, mesmo em casa por 9 meses antes de voltar ao escritório. O resultado foi que parte do meu tempo “amamentante” eu complementei (quando ela esvaziava os dois peitos e ainda continuava berrando) e foi com mamadeira mesmo e, embora eu tenha ficado com medo dela largar o peito por conta da dita cuja por que as amigas me assustaram muito (e, no fundo, dou razão, essa questão é muito delicada quando ainda somos ignorantes na maternidade), deu tudo certo e prosseguimos mamando por muito tempo.

 

Eu não usei pomada como preventivo para assaduras e ela não assou

O pediatra da Victoria era totalmente contra pomadas preventivas e batia insistentemente na tecla que assadura é doença e doença se trata com remédio. Sol, bumbum e perereca ao ar livre e troca constante de fraldas é a melhor prevenção. Leia meu post completo sobre o assunto: Em busca de um bumbum sem pomada para saber exatamente como procedemos.

 

Ela não usou chupeta de cara

Eu estava lá munida de chupetas, pois as mães me apavoraram que se ela não pegasse chupeta minha vida ia ser um inferno. Ela ia chupetar o peito, ela não ia se acalmar, ela não ia dormir, aarrrggghhh (tudo mito, viu gente?). Comprei 200 chupetas e aí? Aí nada, ela odiou, cuspiu, chorava se alguém tentasse colocar aquela borracha na boca dela. Caminhamos sem chupeta e tudo bem. Ela foi um recém-nascido ranhetante normal e nem sei como poderia ser diferente.

Mas você acha que acabou? Claro que não. A história da Victoria com a chupeta foi amor à última vista. Ela só começou a chupar chupeta aos quase dois anos quando começou a roubar a chupeta dos amigos da creche. Pra tirar depois, aos cinco anos, foi um drama, mas eu tenho umas dicas pras lindezas que largaram essa maldita tardiamente.

 

Eu não usei funchicórea e ela não teve cólica

A consequência é que eu não fiz uso de funchicórea. Aliás acho que o produto nem é mais vendido e teve seu registro cancelado pela vigilância sanitária por um tempo, mas na minha época (affe!), funchicórea era daquelas coisas tipo seita, sabe?

Quando ameaçaram tirar do mercado foi um drama, todas as mães dos grupos ficaram histéricas, as pessoas faziam contrabando e eu sempre achei esquisito que as mães dessem preventivamente um remédio para cólicas. Era vendido como homeopatia, mas na minha cabeça homeopatia é remédio e nesse ponto eu estava ali lado a lado com o pediatra que dizia que remédio cura, não previne.

Ela não teve cólica. Como ela nasceu no frio carioca, e tinha sido um inverno mais pra frio, eu colocava uma bolsa térmica no final do dia (hora que dizem que os bebês têm mais cólica) na hora da mamada e foi isso. Ela adorava essa coisa quentinha no final do dia depois do banho. Ah! E eu não parei de comer nada. Já escrevemos sobre cólica aqui e aqui.

 

Eu não fui consumida pela maternidade

Esse talvez tenha sido o meu maior medo e aquilo que minhas amigas me avisaram e que mais ficou na minha cabeça. Me anular completamente como mulher, deixar de ter ou viver meus interesses por conta dos filhos, ou ainda pior: virar aquela mãe que só sabe falar de filhos em qualquer situação, mesmo as inapropriadas (tipo em reunião de trabalho, na boate, num date com o novo crush. Lembrem que eu me separei quando ela ainda tinha 2 aninhos).

Eu me policiei, eu escrevo exaustivamente sobre isso, eu discuto isso na análise e eu luto diariamente para que eu continue sendo eu mesma. Isso, pra mim, se chama se amar. Eu me amo e não quero me perder. E, queridas amigas, é tão, tão fácil se perder.

 

Uma observação importante sobre empatia com o drama alheio

Eu jamais vou dizer pra você engravidar gorda, que todos os bebês tiram amamentação de letra, que você não deve estar preparada, que tudo bem seu bebê tomar mamadeira que ele não vai largar o peito, etc. Nada disso. O que eu quero dizer nesse post é que não fica com medo. Não existe uma regra. Você pode ter todos esses problemas acima mencionados e, sério, querida, que merda que é.

Você não viu eu dar um pio sobre sono, por que ela foi o terror dos terrores no quesito (não) dormir. Ela foi um bebê que mordeu a creche inteira e tantos outros dramas da primeira infância. Mas você pode tirar a sorte grande e ser muito mais tranquilo do que você imagina. Não entra nessa apavorada por tudo o que você certamente estará ouvindo, por que não é uma mula sem cabeça. É um bebê, o seu pequenino. E você vai tirar de letra todos os obstáculos que chegarem para você. Estamos do seu lado.

 

 

imagens: Shutterstock

 

 

 

 

 

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