Quando a gente vira mãe, todo mundo esquece que a gente também precisa de cuidado.
Mães são seres mágicos e auto-suficientes. É o que dizem. Há uma “guerreirice” que se espera das mães, que se impõe às mães, e que acaba por despir essas mulheres de suas personalidades originais.
Aqui no Mundo Ovo, estamos sempre falando que não podemos nos esquecer de que mães são também mulheres. Mulheres que têm desejos, vontades, defeitos, rompantes imaturos e a capacidade de cometer erros. Ninguém deixa de ser mulher, com todas a sua bagagem de vida, a partir do momento que vira mãe.
E a gente até sabe disso tudo. Mas esquece. E as pessoas também esquecem.
Assim que eu fiquei grávida, minha mãe falou uma coisa maravilhosa quando a chamaram de avó. Ela disse: “eu ainda não sou avó, por enquanto eu sou mãe de grávida e durante algum tempo, eu vou ser mãe de mãe”.
Sim, a gente não deixa de ser filha quando vira mãe.
Ainda precisamos de colo, de carinho, de cafuné e, principalmente, de cuidado. Especialmente no puerpério, estamos carentes, confusas e precisando daquela atenção que só nossos pais (ou nossos próprios cuidadores) podem dar. Precisamos de orientação e de paciência, precisamos da empatia que só quem já passou pela mesma coisa tem.
Mais do que isso, é importante lembrarmos (e lembrarmos os outros) que não deixamos de ser filhas ao ser mães porque a maternidade é um momento muito catártico. Nossas questões com nossos pais existem e não somem da noite pro dia. Com a maternidade, as memórias, traumas e discordâncias estão de volta para serem revividos e repensados. Pode ser doloroso e também muito positivo.
Mas acima de tudo, é um privilégio poder ser mãe com sua mãe ao lado. Poder aprender e errar com uma rede de segurança. Poder dividir um amor – multiplicado – com quem te ama incondicionalmente.
foto destaque Katie Treadway on Unsplash