Já falamos sobre o número crescente de mulheres que estão tendo filhos depois dos 35 anos no Brasil e no Mundo. Falamos sobre os riscos e benefícios da maternidade tardia. Sobre e como a idade do pai também importa na hora do concepção. Agora é hora de falar da gente. Abrir o coração, dividir inseguranças. Porque às vezes, contrariando as estatísticas, temos mais medo de uma coisa com um risco ínfimo, do que daquelas com uma alta probabilidade de acontecer.
Enfim, vocês sabem como funciona essa coisa de viver: cada um tem a sua paranoia de estimação. Em cada pé, o calo aperta em um local diferente. Tem gente que tem medo de doença, outros de avião e existem aqueles que não dormem com o chinelo virado de cabeça pra baixo de jeito nenhum. Com certeza você vai achar alguns pontos da minha lista bobos, fúteis, pequenos. Mas são as coisas que passaram pela minha cabeça nesse processo de engravidar aos 39.
Medo de não conseguir engravidar
Essa aqui é realmente a parte mais difícil da gravidez tardia de acordo com todos os estudos. Eu achei que seria muito difícil. Não foi. Engravidei duas vezes em um ano. A primeira gestação não evoluiu. Seis meses depois engravidei novamente.
Nenhuma das duas vezes eu sequer fiz as contas para saber meu período fértil. A impressão que eu tenho é que como eu estava ainda na fase “vamos deixar rolar pra ver” e não na fase “é agora, o momento é esse, vamos nessa real oficial” eu estava super relaxada e foi mais fácil. Ter tido um filho antes também torna a concepção mais fácil do que para as mães de primeira viagem, é bom deixar registrado.
Mas tenho muitas amigas que estão tentando há anos e as voltas com uma rotina desgastante para conseguir ter seu primeiro filho.
Preocupação com possíveis problemas de saúde do bebê associados à minha idade
Sim, os riscos são maiores conforme a idade avança. Mas para ser sincera, não me preocupei tanto mais assim nessa gravidez do que me preocupei durante a primeira, aos 27 anos. Para ser sincera, acho que fiquei bem mais ansiosa e preocupada antes. Ah, as benesses da maturidade.
Fiz mais exames dessa vez, é verdade. Junto com a morfológica, fiz um perfil bioquímico para saber dos riscos de algumas síndromes e doenças. Mas os 40 me fizeram entender um pouquinho mais sobre aquele papo do “a gente não controla é nada nessa vida”. Fiz minha parte, estou me cuidando, fazendo pré-Natal, fiz exames extras. O resto não está nas minhas mãos, nem aos 27 nem aos 40. E vamos nessa.
Receio de não ter disposição para cuidar de criança pequena
Acredite se quiser, eis a maior preocupação dessa gravidez até agora.
Será que vou ter paciência? Disposição? Será que vou conseguir acordar de madrugada e viver no dia seguinte? Vou ter pique pra correr na pracinha? Ou vou ter mais preguiça e minha filha vai passar o dia na frente de um iPad? (nããão!)
Refletindo melhor, cheguei à conclusão que essa, na verdade, é a mesma preocupação que me acompanhou a primeira gravidez inteira. O cerne da questão é: será que vou ser uma boa mãe? Os parâmetros mudam, mas no fundo a dúvida é a mesma. Vou ser uma boa mãe? Vou dar conta?
Como vai ficar minha vida social?
A maioria dos meus amigos já tiveram filhos ou decidiram por não o tê-los. Quase ninguém está no momento bebê. E eu fiquei sim preocupada em como vai ficar minha vida social. Se vou continuar a frequentar os meus amigos como antes. Se vou me sentir muito sozinha.
Você pode achar isso uma preocupação menor. Mas desde que me mudei pra São Paulo há três anos essa tem sido uma questão para mim. Já me sinto mais sozinha aqui, sem tantos amigos. Faço poucos programas sociais. E fiquei com muito medo da solidão com a chegada da maternidade.
Hoje estou achando que ter um filho pode me trazer um novo círculo social e novos amigos. Mas ontem estava achando que não, que além de não ter novos amigos, ia perder os antigos.
Insegurança com o meu corpo
Não tive nenhuma preocupação com meu corpo na primeira gravidez. Engordei 22 quilos e me achei linda. Dessa vez eu fiquei com muito medo do meu corpo mudar muito e não conseguir recuperar a forma. Fiquei muito mais preocupada com a minha alimentação. Medo de diabetes gestacional. Medo de ter estrias. Enfim, estou tratando o meu corpo com muito mais respeito.
Em parte porque quero tentar um parto natural, e acredito que não engordar tanto, me manter ativa e saudável vai ajudar muito no processo. (Meu primeiro filho nasceu de cesárea e muito grande, com 4,300 kg.)
Em parte por questões estéticas mesmo. Meu corpo não é o mesmo. Sei que o metabolismo muda aos 40 e fica muito mais difícil perder peso. Essas já eram questões que vieram com a idade, antes mesmo da gravidez. Como envelhecer sendo mulher no Brasil nem sempre é fácil.
Pelo menos, na parte de estrias, a minha dermatologista me tranquilizou. Ela me disse que é muito mais fácil ter estrias em peles mais jovens. Viva a flacidez da idade!
***
E vocês, tiveram as mesmas paranóias ou outras diferentes? Quais foram as maiores preocupações durante o processo de engravidar depois dos 35 anos?