Mundo Ovo

Mãe, já experimentou se colocar em primeiro lugar?

Prometo que se colocar em primeiro lugar não dói e você pode até gostar!

 

Há um tempo atrás eu fiz um stories no Instagram contando um pouco da minha rotina de exercícios e cuidados comigo mesma. E uma seguidora me perguntou: “Mas que horas você cuida da Victoria?”. E outra veio pronta para o ataque: “Assim é fácil, terceirizando a maternidade”.

A primeira coisa que eu pensei foi: “As pessoas estão muito loucas”. Seguido de: “As redes sociais definitivamente não mostram a realidade, né?”. Conclui com: “Que merda que as próprias mães só se acham mães de verdade se estiverem se ferrando mesmo, no total espírito de sacrifício”.

Eu vou voltar pra falar sobre isso nas redes sociais, mas não podia deixar de escrever a minha reflexão aqui no blog. Não só falar da minha rotina pessoal e como eu organizo o meu tempo, mas sobretudo desse dilema, dessa culpa que a mãe sente quando se coloca em primeiro lugar.

No começo é difícil demais, gente

Óbvio que a minha rotina atual é muito difícil da de uma mãe com um recém-nascido ou mesmo uma criança pequena, em fase de desfralde, de desmame, de problemas com o sono. Victoria está em vias de completar 8 anos e é tão, mas tão mais fácil cuidar de uma criança mais velha. Criar são outros quinhentos, mas isso é papo para outro post.

Por que é mais fácil?

O dia dela tem uma rotina bem estabelecida. Acorda, café da manhã, fica de bobeira em casa mais um pouco e depois escola. Eu tento ficar em casa com ela o quanto dá. Em algum momento preciso sair correndo para o escritório.

Ela vai de van escolar que pega e devolve na porta de casa. Ao meio-dia é a minha funcionária quem deixa e no final do dia sou em quem recebo.

Ela chega em casa, toma banho, faz dever de casa, janta e depois é tempo livre até a hora de dormir. Eu fico em casa com ela e não tenho ajuda extra. Se eu preciso sair, eu preciso levar ela junto. Ou não vou.

Minha sorte é que ela é campeã na arte de frequentar eventos adultos. Lançamento de livro, abertura de exposição são alguns dos compromissos profissionais que, de vez em quando, eu preciso ir depois do expediente. Carregamos distração e eu, na cara dura, se tiver que chantagear oferecendo uma guloseima fora de hora, acho que vale, afinal sei que ela está cansada e o programa é sacal pra ela.

E como eu me coloco em primeiro lugar?

Eu tento não tirar mais do meu tempo de qualidade com ela. Para isso eu acordo muito cedo. Mais cedo do que ela, que acorda às 9 da manhã.

Terças e quintas eu treino boxe às 8h na frente de casa. Segundas e sextas eu faço Pilates também às 8h. Quando eu chego em casa, ela acabou de acordar.

Quartas eu tenho análise às 9h. Nesse dia acordo ela mais cedo e pelo menos acompanho no café da manhã.

Acabei de me matricular numa academia só pra fazer aeróbico. Eu faço isso quando eu tenho tempo livre na hora do almoço (tem uma unidade do lado do meu escritório); ou quando eu consigo sair mais cedo do escritório (tem uma unidade no caminho de casa).

Também tenho quintas à noite e finais de semana alternados quando ela está com o pai. Aí, meninas, a vida é festa. Tem tempo de fazer tudo: supermercado, salão, massagem, ver as amigas, ver os gatinhos e até – pasmem –, fazer nada.

Tudo é uma questão de organização

Eu me acho muito procrastinadora, mas a verdade é que quando eu coloquei o meu dia no papel eu achei era que eu tava ficando maluca mesmo, pela quantidade de coisas que eu fazia. Seja pra mim, criança ou minha vida profissional. Eu não paro quieta, eu rendo muito e eu tentei fazer o possível para transformar a minha vida em algo que não fosse sofrido. Aliás, você já experimentou colocar a sua rotina no papel?

 

Você não está sendo egoísta por se colocar em primeiro lugar

Eu amo viver, gente. Ser infeliz e ter espírito de sacrifício – pras crianças tudo e pra mim nada –, não faz parte dos meus planos.

Por muito tempo eu me achei egoísta quando eu fazia algo por mim que não incluía a Victoria. Aliás, eu me sentia egoísta só de pensar em querer mais pra mim além de ser mãe.

Mas eu admito que deixar de pensar dessa maneira, deixar de se esconder atrás da maternidade requer prática. Minha sugestão é começar devagar. Medita por cinco minutos. Faz uma máscara caseira, uma umectação no cabelo com óleo de coco, um escalda pés de sal grosso e camomila. Depois você começa a sair de casa.

Pede ajuda pro marido para que uma vez na semana você possa sair com as amigas, ou sair sozinha. Quer sossego maior do que poder ir ao shopping olhar vitrine sem criança berrando? Poder experimentar um (ou 10) sapatos sem o medo constante de perder o filho?

Mas eu não tenho marido!

Então, nem eu.

Se, como eu, você não é casada e sua rede de apoio é limitadíssima, aproveita a noite de quarta (lá em casa é quinta). Fica em casa vendo filme não, boba. Deixa pra ver filme quando você tem que ficar em casa e aí dorme um bocadinho mais tarde.

Me forçar a sair nos dias que a Vicky ia pra casa do pai foi das coisas mais difíceis. No início eu simplesmente não queria. Depois eu até queria, mas achava chato não poder ser espontânea. Ou aquele show no Circo acontecia na quinta ou nada feito. Depois, quando eu comecei a dar umas namoradas, achava corta tesão marcar dia pra sexo (hahaha podem rir da minha cara). Mas é isso aí, gente. A gente vai se adaptando, fazendo do limão uma limonada. Hoje eu aproveito cada segundo dos meus dias livres. Semana retrasada tava em Búzios, esse final de semana eu vou pra Paraty. No final de semana que eu estava com a Vicky a gente não parou quieta e nos aproveitamos muito. 

Se você me segue aqui faz tempo, eu vou terminar com três dos meus mantras favoritos:

 

Photo by Anthony Tran on Unsplash