O problema da cor rosa

Aos 3 anos e 8 meses, Victoria não é particularmente viciada na cor rosa. Ela gosta, mas diz pra quem quiser ouvir que suas cores prediletas são laranja, vermelho e rosa. De vez em quando ela prefere o preto.

Quando ela nasceu eu jurei que não ia ser a neurótica do rosa. Não tinha nenhum argumento uber feminista por trás da minha preocupação, mas eu gosto de cores e azul turquesa é a minha predileta. Eu olhava pra ela e pensava multicor, rosa era só mais uma das cores. No primeiro aniversário ela usou azul marinho. No segundo ela usou branco com bolas coloridas e no terceiro usou uma linda capa vermelha de Chapeuzinho. Mas esse será o ano do rosa – Peppa Pig chegando na área. E confesso, entusiasmada, que penso em fazer uma mesa com bastante tutu cor de rosa.

Para mim, rosa é só uma cor que eu e minha filha usamos. A partir do momento em que eu me recusei a atribuir qualquer tipo de importância ao rosa, removi dele o poder de me (nos) definir por causa da cor da minha (nossa) roupa.

Ultimamente tenho lido bons artigos sobre o rosa x meninas. Destaco este da New York Magazine, que falou da crescente oferta de produtos considerados masculinos, como arma de brinquedo e lego, oferecidos também na cor rosa. A indústria, impulsionada pela recente profusão de personagens femininas guerreiras como Merida (Valente) ou Eep (Os Croods), correu atrás do prejuízo e lançou produtos como arco e flecha cor de rosa para atrair as meninas. E o assunto, como sempre, divide os pais. Alguns adoram que as meninas possam se relacionar com outros brinquedos que não bonecas, mesmo que eles sejam cor de rosa, enquanto outros pais reviram os olhos só de pensar em mais rosa em suas vidas.

Mas o problema não é da cor em si, mas da lavagem cerebral em cima da cor. Ora, está faltando bom-senso ou eu é que sou da turma do deixa disso? Como tudo nessa vida, o excesso atrapalha. Uma menina que só usa roupa rosa, só brinca com bonecas cor de rosa e só se interessa por princesas perde um bocado de outros personagens igualmente interessantes, perde a chance de também ficar linda de qualquer outra cor e só vai conseguir ser a mocinha que precisa ser resgatada. Afinal, você já parou pra pensar em como funcionam as histórias das princesas?

E pensando, não na inofensiva cor rosa, mas na cor rosa poderosa que impede pais, mães e meninas de atingirem outro patamar em suas vidas que eu resolvi compartilhar esse vídeo. Não demonizando o rosa. Mas a consequência da gente só conseguir enxergar o mundo através dessa única lente.

 

 

Ps1: Este vídeo faz parte do The Representation Project, uma organização americana que alerta sobre os problemas que enfrentamos com os esterótipos por gêneros e como as pessoas precisam se conscientizar para realizar uma mudança nessa linha de pensamento. O vídeo tem legendas em português.

Ps2: Fiquem ligados. Em setembro deste ano, a autora Rebecca Hains lança um livro para ajudar pais a guiarem suas filhas para além da fase das princesas. Leia mais aqui.

 

Imagem destacada: Garrette

 

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10 Comentários

  1. Danielle
    30 de Abril de 2014 at 11:37 — Responder

    O rosa existe no mínimo possível na vida da minha menina de 1a9m desde o enxoval. Ele existe, mas tanto quanto azul. Fiz o quarto mais para o laranja, que amo.Não existe nada de princesas Disney por enquanto, porque quero diversificar enquanto puder, vai chegar o momento que ela vai querer por si, não precisa que eu contribua. Festa de 1 ano foi Madagascar, muito colorido, muito verde, mas também muita florzinhas, porque dão uma graça pra Madagascar de menina 🙂 2 anos será Peppa e aí não tem jeito, rosa entra. Mas entra junto o azul, liiiindo 🙂

    • Camila
      22 de Maio de 2014 at 0:21 — Responder

      Sabe que minha pequena nao é super chegada nas princesas nao? Gosta e tal, mas é mto mais chegada dos personagens dos desenhos animados que ela assiste. Beijoca

  2. carla chagas
    4 de Maio de 2014 at 15:42 — Responder

    Adorei o artigo e o vídeo, que mostra que a menina vai alem do rosa.
    também tenho uma menina de 1 no e 8 meses e tento ao máximo levar o foco dela para varias outras cores não só por ela mais por mim, e também por achar que ela fica linda de vermelho tanto que descobri isso na saída do hospital que o conjuntinho dela foi vermelho e amei.
    porem acho que ela tem que esta aberta a conhecer novas cores e descobrir a dela.

    • Camila
      4 de Maio de 2014 at 18:09 — Responder

      Carla concordo. Acho que as meninas acabam sentindo a pressão do rosa na escola, principalmente. A minha filha nem é viciada em rosa, mas algumas das amiguinhas já são ligadíssimas e ela já passou a olhar o rosa diferente, embora declare que prefere laranja e vermelho. Mas o mundo é multicor e quero que ela fique atenta a isso. Beijo

      • carla chagas
        4 de Maio de 2014 at 22:36 — Responder

        Mas acho que isso é uma fase que toda menina passa quando pequena, para se achar e saber diferenciar o que gosta ou não gosta e até mesmo suas cores favoritas. Beijos :*

        • Camila
          22 de Maio de 2014 at 0:14 — Responder

          Oi Carla, ma teoria sim. Mas conheco meninas completamente obcecadas pelo rosa e por tudo o que o estereótipo traz junto. O rosa é so uma cor e devemos desmistifica-lo. Beijoca

    • Camila
      22 de Maio de 2014 at 0:18 — Responder

      Carla, isso mesmo. Sabe que eu sinto a mesma coisa com a minha filhota? Adoro ela de vermelho, muito mais que o rosa! Mas ainda bem que aqui ela nao tem muitas preferencias. Beijoca

  3. Nadian
    4 de junho de 2014 at 0:14 — Responder

    Eu fui uma criança avessa a rosa e a bonecas tipo bebêzão. Minha mãe nunca forçou, apesar de sempre querer que eu brincasse mais com “coisas de menns”. Fui criada em uma casa com 3 irmãos mais velhos, então só tive meninos como referência. Nunca fui muito de princesas e “fru-frus”. Sabe em que me diferencio das outras mulheres hoje? Nada! São as experiências pessoais, a educação de berço e o exemplo que se tem em casa que acabam definindo quem vc vai ser. Hoje, grávida do meu primeiro filho, pretendo ser uma mãe que incentiva ele a ter suas próprias referências e gostos, mostrando o máximo possível as opções e deixando que no final das contas ele decida por si mesmo. Estou sendo sonhadora demais? Coisa de mãe de primeira viagem? Rsrs… Bjos queridas

    • Nadian
      4 de junho de 2014 at 0:16 — Responder

      *coisas de meninas

    • Camila
      4 de junho de 2014 at 16:28 — Responder

      Nadian, acho que vc está certa. Existe um mundo de cores, eles precisam saber que não existe uma unica cor para defini-los. Beijos

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