Você sabe ser feliz?

Eu tenho uma amiga que está sempre de mal com a vida. Ela reclama da casa pequena, do marido que só trabalha, da bagunça das crianças, do APLV do filho, da falta de grana. Eu fico dando aquela força, relembrando-a de que todos temos problemas, que a falta de grana é quase generalizada e que ela tem uma linda e saudável família, um marido bacana que a ama e oportunidades diversas.

Não é que eu nunca reclame da vida. Todos temos problemas e alguns dias são especialmente complicados. Nem vou exemplificar, pois o objetivo desse post não é generalizar o mimimi e sim fazer uma pergunta básica:

Você sabe ser feliz?

Parece ridículo eu dedicar um post inteiro só para fazer essa pergunta. Mas a verdade é que eu acho que a gente esquece um pouco de fazer esse exercício de agradecer ao universo e se concentra nas reclamações de problemas aparentemente insolúveis que a gente vive no dia a dia.

Uma das coisas que eu descobri nos últimos anos (e fazendo bastante análise, risos) é que a maior parte dos nossos problemas são causados pelas nossas próprias escolhas. Sinto que passei bastante tempo reclamando de uma desordem emocional que tinha sido causada por mim e também por circunstâncias imutáveis.

Desde então estou em uma busca quase metódica de uma vida mais equilibrada, o que significa passar um tempão aparando arestas e mais um tempão pensando aonde eu gostaria de melhorar. E daí que eu escrevi essa listinha aqui para me ajudar. Quem sabe não ajuda na reflexão de vocês?

Receita para ser feliz

• Pare de se culpar por problemas que estão fora do seu alcance. Algumas coisas você consegue mudar e outras não. Adapte-se e tenha jogo de cintura.
• Tenha noção do seu poder. Se sua vida está uma zona, o que você pode fazer para mudar? Estamos em constante mutação e essa autoanálise é um dos grandes trunfos do autoconhecimento.
• A mãe ao lado não é melhor do que você. Cada família tem um estilo de vida diferente. Pare de se comparar, até por que nunca sabemos exatamente o que acontece entre quatro paredes.
• Felicidade de rede social não existe. As pessoas têm problemas, vivem dramas e não são tão perfeitas assim. Aquela mãe toda certinha e politicamente correta também tem esqueletos no fundo do armário.
• Abuse da compreensão. Todo mundo tem dias difíceis e nessa hora respirar fundo e manter a calma é essencial. Tem dias que as crianças não vão querer comer, vão cortar o cabelo com a tesoura, vão querer dormir na sua cama, estarão mais agitadas. Nada disso é motivo para passar a semana de mau-humor. Se um dia seu filho se recusar a tomar banho, deixe ele dormir suado e passe um lencinho molhado no pé e vai ser feliz. (Naturalmente que se ele nunca mais quiser tomar banho você tem outro problema, risos)
• Se perdoe. Você não é perfeita. Ainda vai errar muito. Chore bastante, mas siga em frente e de cabeça erguida. Faça melhor da próxima vez.
• Agradeça. Lembre-se de agradecer mentalmente pela sua família, pelos seus filhos perfeitos em suas imperfeições, pelo companheiro que você tem ao seu lado, seus amigos, sua saúde. Sua vida é melhor do que você pensa e muitas vezes não damos o devido valor.
• Faça caridade. Não importa quanto tempo você (não) tem. Ajude ao próximo de alguma maneira. Ensine crianças carentes, faça voluntariado em orfanato ou asilo; coordene alguma campanha de doação em conjunto com a sua instituição religiosa, associação de bairro, escola dos seus filhos ou mesmo amigas em comum. Tem muita gente precisando de ajuda e pessoas caridosas são MUITO mais felizes.
• Indigne-se com a situação política e econômica do país, com o trânsito caótico, com o mundo insano ao seu redor, com as injustiças sociais. Mas não reaja com raiva. Respire fundo e procure uma solução com menos violência e mais positivismo. A violência é um ataque ao outro, mas é principalmente um ataque a você mesma.
• Copo meio cheio sempre. Adoro essa teoria do copo meio vazio/meio cheio. Para MUITOS de nossos problemas e chateações temos a opção de não reagir desproporcionalmente. Pense nisso.
• Tenha fé. Você perdeu um apartamento que queria muito? Puxa, que chato, mas vai aparecer outro melhor. A fé move montanhas, não importa no que você acredita.
• Um ótimo exercício é se reunir diariamente com a família (em volta da mesa, na hora do jantar, por exemplo) e cada um dizer qual foi a parte mais legal do seu dia. Você recebeu um elogio no trabalho? Compartilhe. Filhote conseguiu escrever o 3 sem ser espelhado? Ensine ele a compartilhar e elogie seu esforço. Marido está pensando em largar a academia que ele acha chato e comprar uma bicicleta para pedalar na praia? Ouça com atenção o que ele tem a dizer, mesmo que você não entenda patavinas de bicicletas.
• Faça uma reflexão de tempos em tempos sobre o que é ser feliz.

Pra mim, ser feliz é amar e ser amada; é ter uma família linda com saúde pra dar e vender; é trabalhar com tesão mesmo cansada, mesmo com os problemas e as limitações do meu mercado; é entender que dinheiro é bom, mas não é tudo; é ter uma casa cheia de vida; é ter compreensão de que a felicidade não bate na nossa porta e a gente tem que fazer a nossa parte.

E você, mãe, sabe ser feliz?