Adivinha quem é!?
Você já sabe que a resposta automática do “tô grávida!” é o “quelegaaaalémeninooumenina?”. Pode haver pequenas variações, mas o conceito é o mesmo. Basicamente, ser menino ou menina é mais importante do que ser humano.
Quando descobri que havia alguém morando na minha barriga, passei algumas semanas com o cérebro explodido, numa vibe tipo “Estou fabricando uma pessoa!”, “A professora de biologia estava certa!”, “É alguém 50% eu, 50% o Fábio!”. Sim, recém-grávidas têm a capacidade de repetir esses clichês e de se emocionar com eles várias vezes ao dia.
Então você anuncia a gravidez e todo mundo quer saber o modelo da criança: XX ou XY. Aqui vem mais um campeão dos clichês: “não importa se for menino ou menina, o importante é que tenha saúde”. Os não grávidos querem mor-rer quando ouvem isso. Eles estão sedentos por uma resposta categórica, uma preferência. Ficam cutucando as belas grávidas em seus ninhos confortavelmente instalados lá em cima do muro.
O médico dá um chute no terceiro mês e confirma o sexo do bebê no quinto ou sexto. Mas há outra coisa muito importante aí. Esse ultrassom do terceiro mês é o primeiro morfológico, onde medições e análises são feitas para avaliar se o filhote está se formando dentro da normalidade. Ou seja: é tenso. E só quem passa por isso aceita o “importante-é-que-tenha-saúde”.
O caminho mais percorrido no Brasil é: descobre o sexo, vira à direita na compra do enxoval, passa a escolha do nome e segue até a montagem do quarto. Mas há outras rotas possíveis. E se você quiser chutar esse roteiro e resolver descobrir o sexo na hora do parto? Se joga no clássico amarelinho-verdinho-branquinho e vai.
Na Europa isso é muito comum. Uma grávida inglesa riu ao ver minha reação quando ela disse que só saberia o sexo da criança quando ela estivesse fora da barriga. “Senão não tem graça”, contava a dona do anglobarrigão. Ela ainda disse que fazer a surpresa une os familiares em um bolão acirradíssimo e que todo mundo quer acompanhar a gravidez para investigar detalhes e apurar o palpite.
Outra mãe do país da Rainha me contou que também não quis saber o sexo do primeiro filho. Seguiu o instinto materno, comprou tudo azul e – pimba – deu a luz a uma menina que passou os primeiros meses de vida com roupas azuis e um laço rosa na cabeça. Essa mesma mãe engravidou dez anos depois e cedeu: perguntou ao médico logo de cara. Lá estava o meninão que dormiu no ponto na década passada. A mãe disse que, se engravidasse do terceiro filho, voltaria ao método anterior: “é bem mais legal não saber”.
Meu conselho? Faça o que seu coração mandar porque, afinal, sabendo o sexo ou não, o importante é que tenha saúde.