Mundo Ovo

NY (no frio) com uma menina de dois anos: manual de uso


Desde que Nina nasceu, planejamos fazer nossa primeira grande viagem com ela, de avião e tal. A ideia inicial era fazer isso só quando Nina tivesse 3 anos. Nina completou 2 anos em outubro e já sabíamos que não aguentaríamos esperar mais um ano. Aí começamos a pensar no assunto. Primeiro de forma humilde. Resolvemos fazer uma primeira viagem teste de avião pra algum lugar pertinho como Inhotim ou Buenos Aires. Depois de uma semana e algumas pesquisas de preço, deixamos o medo de lado e resolvemos ir pra onde realmente queríamos: Nova York! Só que a essa altura do campeonato já estava bastante frio lá. A gente ignorou isso e fechou a viagem. Aí chegou Sandy em NY, fez aquele estrago e ficamos acompanhando. Faltavam poucos dias pra viagem, tudo pago. Aí chegou a tempestade de neve e nosso voo que era numa quarta, passou pra quinta. A gente nem pensava mais no furacão. Só que a Nina ia ver a neve! O que era uma espécie de bônus porque não costuma nevar assim em novembro.

Antes de contar detalhes da viagem queria enfatizar a importância do planejamento. Apesar da decisão assim meio que de última hora, a gente planejou a viagem em detalhes. Isso fez TODA a diferença, tanto no sentido de evitar os problemas quanto de conseguir tirar o máximo proveito dos 8 dias pra nós e pra ela. Fizemos um roteiro por dia (com programação para a parte da manhã, tarde e noite bem definidas) e por região. Assim dava pra explorar bastante cada parte da cidade sem precisar voltar lá depois. Isso foi quase uma necessidade porque, em função do Sandy, o abastecimento de combustível estava prejudicado, reduzindo a frota de táxis. Além disso, estabeleci uma premissa: não andar de metrô, coisa que fazemos sempre quando vamos (quase nunca pegamos táxi). Dessa vez, como o ritmo seria puxado, decidimos abstrair metrô e ficar no táxi e a pé. Foi uma ótima decisão. Andamos muito, nos exercitamos, aproveitamos as ruas que mais gostamos de Upper West Side, por exemplo e evitamos o estresse de tentar se achar no metrô com aquele frio, carrinho, mochila, criança, etc. O roteiro detalhado englobava as atividades diárias pra Nina (todo dia tinha alguns lugares e atividades específicas pra ela assim ela nunca ficaria entediada) e pra gente, além de horas certas pra fazer as compras que queríamos. Uma dica importante viajando com criança é tentar comprar tudo que der online e mandar entregar no hotel e reduzir ao máximo idas a lojas com criança. É caos entrar em loja com tantos casacos, tralhas, carrinho com criança e ainda ter foco pra escolher qualquer coisa. Além disso, tinha algumas coisas que meu marido queria fazer e deixei tardes livres pra ele e fui levar ela pra passear. Isso também é legal. Eu também fiz isso e ele ficou com ela. Vale super a pena!

Acho que uma das maiores expectativas era o avião. Mas as crianças nos surpreendem sempre e ela se saiu infinitamente melhor do que eu pensava, melhor até do que eu que fico zero confortável em avião. O vôo foi da American de 22:40. Saiu atrasado, claro, e os percalços da ida ficaram apenas por conta desse aeroporto do Rio caótico. Levei a mamadeira dela para dar na hora de sempre antes de embarcar e pedi pra esquentar em um dos restaurantes do segundo andar. Deu super certo, mas tinha uma sujeira no bico da porcaria da mamadeira e ela vomitou. Foi meio caos, confesso, mas foi o único perrengue da viagem. Fora isso, deu tudo certíssimo! Apesar de ela ter dormido a viagem toda, não recomendo a ninguém ir sozinho com a criança. Tive que ir porque, com o atraso de um dia, não conseguimos mais assentos juntos na área especial (ah sim, pagar 30 dólares pelo assento especial faz diferença). Ela tinha o assento dela, mas dormiu com a cabeça no meu colo e, pra não acordá-la, passei sozinha praticamente 9h sem me mexer. Resultado: uma dor no cóccix absurda. A volta, juntos, foi muito mais confortável! Também apagou o vôo inteirinho! Sucesso do vôo: mamadeira antes de embarcar, chupeta o tempo todo, mamadeira no meio da viagem antes que acorde, uma terceira quando acorda e muito entretenimento pras esperas: adesivos, biscoitos, brinquedos prediletos, Ipad, DVD portátil, paninho de dormir preferido e mantinha (que serve também pro carrinho no caso de frio depois). Outra dica pro avião: levei as coisas que íamos usar durante o vôo todas na minha bolsa normal (aquela que sempre deixamos no nosso pé): mamadeira, leite (levei aquele potinho com 3 medidas e usei as 3), 4 fraldas, lencinho umedecido, antitérmico e uma muda de roupa. O resto na bolsa de mão que vai em cima no bagageiro (mais 3 mudas de roupa, casaco pra chegada, mais fraldas, remédio pra ouvido, mais leite, biscoito, um pote de comida salgadas e uma doce, etc). Com isso você não precisa ficar levantando pra pegar bolsa sempre que precisar e evita acordar a criança.

Chegamos bem cedo e marcamos uma serviço de carro pra nos pegar. O mesmo que usamos sempre. Isso ajuda bastante porque a pessoa ajuda a levar as malas, tem cadeirinha pra criança no carro (caso esteja cansada da viagem e queria dormir um pouco) e é mais confortável pra quem está exausto do vôo (meu caso). Quanto ao hotel, escolhemos o Park Central que tem um quarto grande, com duas camas de casal e ainda a possibilidade de um berço. O berço não estava disponível mas foi até melhor. Colocamos o colchão de uma das camas no chão e ela dormiu como um anjo todos os dias numa cama gigante sem perigo de cair. Queríamos um hotel perto do Central Park, de Upper West Side (bairro que concentrar uma enorme quantidade de atividades pra criança) e do Whole Foods pra facilitar dar comidas que não fossem de restaurante todo dia, comprar snacks pra comer no quarto de noite e ainda ter os parques pertinho. Funcionou! Abastecemos o quarto com iogurtes que vêm em sachês , sucos, biscoitos e foi suficiente pra ela não passar fome e não comer só porcaria. A comida não foi o ponto alto da viagem. Ela não comeu bem como come aqui mas abstraímos. Levei potes Nestlé, coisa que ela nunca tinha comido na vida. Destestou mas era o que tinha e acabou comendo nas horas em que estaria almoçando e jantando aqui: 11:30 e 18h. Fora esses horários, se esbaldou na pipoca, batata frita, biscoito e sucos. Sobreviveu.

Conseguimos fazer quase tudo do nosso roteiro. Outras funcionaram tão bem que repetimos. E isso também é algo legal de se comentar: a gente tem que pensar no que a criança quer fazer. Se ela amou determinado local, não vejo problema de repetir. Foi o caso do Children’s Museum em Upper West Side. Ela simplesmente amou. O lugar é incrível, tem vários andares como todo tipo de atividade pra criança, todas didáticas e com ênfase em psicomotricidade e aprendizado. Além de ter um andar inteiro com tema da Dora. Sucesso. Outra parada que fez Ninoca super feliz foi no Make Meaning, uma loja de arte super bacana (também no Upper West Side) onde a criança escolhe qual tipo de craft quer fazer. Ela escolheu pintura e pegou a Hello Kitty de cerâmica pra pintar. A criança recebe um avental, o boneco escolhido, vários pincéis, tintas, brilhos, etc. e fica lá o tempo que quiser criando sua peça. Depois a peça pode ir ao forno pra queimar (leva 4 dias) ou fazer uma secagem rápida (foi nossa opção, pois levamos pra casa na hora). Sensacional! Nina também amou o Zoo do Central Park (destaque pro ticket que dá direito à entrada no zoo + filme 4D da Dora e Diego, com óculos 4D que ela ADOROU), Museu de História Natural, o Riverside Park, o parquinho da Bleecker (que tem inclusive patinetes disponíveis e uma Magnolia Bakery em frente) e os playgrounds (parquinhos) da cidade em geral que são muito incríveis. Nossos prediletos foram o Bleecker Playground, o Heckscher Playground do Central Park e o Parquinho da Union Square. A neve que encontramos nos dois primeiros dias foram um entretenimento a parte. Até agora ela conta que foi a “Noiióqui e fez bolinha de neve”. Sugiro, pra quem quer se aventurar no frio, que vá ver a neve. Levamos ela pra ver também a patinação no gelo no Bryant Park e ela ficou hipnotizada vendo as crianças patinarem. Fofo.

As famosas lojas de brinquedos não são feitas pra crianças de 2 anos e não fizeram muito sucesso com a Nina. Na FAO ela até se divertiu e, diante de tanta fartura, escolheu bloquinhos de madeira de letras e números e uma Hello Kitty pequenininha. Curtiu muito a Lego Store que fica no Rockefeller Center. Na Toys R Us ela mal conseguiu escolher nada tamanho o caos. Dica: fuja daquelas pessoas vestidas de personagens na porta da Toys R Us! A Disney Store é bacana, menos caótica. A Toys R Us é pra criança maior que vai direto ao que interessa e sai feliz. Ela aproveitou bem mais as lojinhas dos museus.

Os restaurantes que achei bem children friendly foram o Isabella’s e o Le Pain Cotidien que tem vários espalhados pela cidade (além do Wholefoods que tem buffet ótimo, barato e delicioso). Todos têm high chair, cardápio infantil, giz de cera, papel pra desenhar. O Isabella’s, em Upper West Side, têm até copo decorado com canudinho colorido especial pra criança.  O que me surpreendeu foi que Nina amou cupcake da Magnolia Bakery. Um motivo a mais pra eu comer vários todos os dias.

Um ritmo legal pra imprimir na viagem é sair do hotel 9h, tomar café, começar o passeio, parar pro almoço da criança por volta de 11:30, 12h, colocar pra tirar a soneca no carrinho, ir dar o rolé do casal, almoçar (se a criança acordar acaba petiscando de novo), retomar o passeio coletivo, jantar num lugar bacana e ir descansar no hotel. Se tiver banheira no hotel, como tinha no nosso caso, melhor ainda! Vira o evento de fim de dia tomar banho de banheira e se jogar depois na cama macia pra esticar a canela exausta. Super funcionou com ela todo santo dia. Readaptar o roteiro em casa de necessidade, mudar dias das programações, incluir e excluir coisas e dar momentos free pra cada um do casal é muito bom também.

Pra quem curte, uma dica boa pros adultos é ir num spa descansar, cada um num dia, de preferência no final do dia. Em NY tem o sensacional Aire Ancient Baths.

Resumindo, a viagem foi a melhor que já fizemos e olha que temos memórias incríveis de nossas viagens queridas. Voltamos podres de cansados, levamos uns três dias pra nos recuperar mas valeu a pena! Nina aproveitou cada minuto e se mostrou uma super companheira. Foi mágico! Nunca subestime uma criança de 2 anos :]

Resumo das dicas uteis da Jana para download

Links:

Parques do Central Park

Parques da cidade de Nova York

The American Museum of Natural History

Central Park Zoo

Central Park 4-D Theater

Children’s Museum: 212 west 83rd street

Lego Store: 620 5th avenue (Rockefeller Center)

American Girls Place: 609 5th Avenue

Make meaning: 415 Madison Ave, 13th Flr.

Restaurante Isabellas (359 Columbus Ave at 77th St)

Le Pain Cotidien

Big Apple Circus at Lincoln Center

Kidding aroud (60 15th St)

High Line

Imagination Playground (2 Fulton Street  perto do Battery Park)

Chelsea Market (Eataly): 200 5th Avenue

Aire Ancient Baths: 88 Franklin St