Levamos as crianças para conhecer o Whitney Museum, em Nova York, um museu dedicado à arte contemporânea. Em uma determinada sala estavam expostos os quadros da pintora abstrata Agnes Martin; telas grandes, inteiramente brancas, que de longe pareciam idênticas. Só era possível distingui-las umas das outras se olhássemos mais de perto. Aí sim saltavam aos olhos texturas e linhas antes camufladas no branco sobre branco.
– Por que um monte de quadro em branco está pendurado no museu? – perguntou meu filho de 6 anos.
– Não é um quadro em branco, é um quadro branco pintado de branco.
– Mas então eu sou artista, mãe, eu sei fazer um quadro todo branco. É muito fácil. Molinho!
– Cada um deles é diferente do outro, se você olhar bem. Vai lá ver se você encontra as diferenças mais de perto, mas não pode ultrapassar a linha amarela no chão! Se você estragar o quadro eu vou ter que passar o resto da vida juntando dinheiro para pagar o prejuízo.
– Por quê? Custa caro?
– Muito caro.
– Mais do que cem reais?
– Mais do que cem reais.
– Mãe, então eu vou fazer um monte de quadros iguais a esses, vender pro museu e a gente vai ficar rico!
A conversa continuou enquanto a gente brincava de jogo dos 7 erros com os quadros da Agnes. Um tempo depois, as crianças cansaram e fomos lanchar, passando direto por algumas salas que não despertaram nenhum interesse. Tudo bem. Não temos a pretensão que as crianças virem pequenas enciclopédias de arte, procuramos apenas estimular a curiosidade e o olhar, fazer algumas perguntas e deixar que eles formulem outras tantas.
Além do Whitney, visitamos também o MoMA, o Guggenheim , o Museu de História Natural e o Metropolitan. Os dois últimos conquistam as crianças facilmente com suas múmias, dinossauros, bichos e armaduras. O MoMA, além de abrigar alguns dos quadros mais famosos do mundo, tem um programa voltado para as crianças. O Guggenheim, que estava bem para trás no páreo infantil, ganhou um forte aliado: virou cenário do filme “Os pinguins do papai”, unanimidade entre crianças e adultos aqui de casa. Em uma das cenas, os pinguins deslizam pelos corredores do museu como se fossem tobogãs de água. Claro que ficamos com vontade de fazer o mesmo quando chegamos lá. Enquanto imaginávamos como seria a aventura, vimos uma exposição que as crianças adoraram: uma retrospectiva da fotógrafa Rineke Dijkstra e seus grandes retratos. A brincadeira foi imaginar o que os fotografados, crianças e adolescentes em sua maioria, estavam pensando.
Nos nossos roteiros de férias, museus e montanhas russas convivem em harmonia. Até agora as crianças têm encarado os dois como diversão. A ideia é essa.
2 Comentários
Mariana, concordo em número, gênero e grau! Também já escrevi no blog sobre isto. Museu é um programa legal sim para crianças. Bjs
Oi, Luciana, o tempo passou mas seu blog ficou marcado lá nos meus favoritos… Só consegui navegar com calma hoje, acredita? Muito legal. Adorei. Bjs