Estimulando a leitura desde bebê

Ser editora de livros e também editora aqui no Mundo Ovo faz com que muitos pais conversem comigo, preocupados em transformar seus filhos em bons leitores. A verdade é que o ideal é estimular esses hábitos desde a mais tenra infância. Quanto mais cedo, melhor. É mais divertido pra todos os envolvidos: pais e filhos.

Devo começar a ler para meu pequeno desde a barriga?

Muitas amigas me perguntam isso e eu confesso que jamais conversei com a minha barriga quando estava grávida da Victoria e nem coloquei fone de ouvido pra ela ouvir música e nem fiz muitas DR com a barriga. Nada contra, era só algo meio bizarro pra mim. Veja bem, eu amava a minha barriga e sinto saudades diárias dela. Sinto invejinha das grávidas, sério, tamanho foi o amor. Mas eu acho que a relação mãe x bebê se constrói de várias maneiras e eu adorava estimular fisicamente com carinhos, com exercícios na piscina e massagem. Eu falo muito, acho que em dado momento a Vicky devia era ficar cansada da minha voz!

De mais a mais, não achei um estudo que me diga com seriedade que ler para sua barriga vai transformar o seu filho em leitor, de forma que não cheguei sequer a me preocupar com isso nessa fase. Afinal, aqui em casa, livros brotam em todos os cômodos, faz-se livro, carrega-se livro pra toda parte. Não existe um mundo aonde meus filhos não sejam leitores.

Então, como faz? Confira aqui as minhas dicas:

Uma casa feita de livros
Bebês devem estar cercado de livros desde sempre. O primeiro livro que a Victoria se encantou foi presente de uma amiga e era uma joaninha-livro. Desde então compramos muitos livros com formatos de bichinhos, livros de plástico para banho, que fazem barulho, com animais. Acho que livros com animais são os que os bebês mais gostam. Pelo menos aqui em casa foi assim. E eles estão em todo o canto. E ela pode pegar em todos. Os dela, os nossos. E tem acesso irrestrito às estantes da sala, do escritório, do quarto dela.

Copiando hábitos
Bebês são “Maria vai com as outras”. Eles aprendem mais rápido e para sempre, copiando os hábitos dos pais. Então se você quer que seu rebento seja um leitor voraz, mas a família não é vista lendo livros, acho meio complicado, né? É como passar a comer de maneira mais saudável. A família toda passou a comer melhor depois do nascimento do bebê. Bom… A família toda deveria ler mais livros para que o bebê aprenda que livro é parte do dia a dia de todo mundo.

Visitando livrarias
Aqui em casa a gente visita livrarias como que vai passear na praia, zoológico, visita ao parquinho do shopping e pracinha.
– O tempo tá chuvoso, o que vamos fazer?
– Tive uma ideia: vamos almoçar no restaurante X e vamos passar a tarde na livraria Y!
– Êêêêêêêêêê!

Livrarias são espaços bacanas e que, normalmente, oferecem áreas infantis esmeradas e com muita frequência também oferecem programas gratuitos para os pequenos: encontros com autores, sessão de autógrafos, contação de histórias, oficinas de artes e até música. Quer coisa melhor?

Não necessariamente você precisa comprar o livro do evento, mas geralmente é uma recordação legal pro seu filho e um prestígio ao autor/organizador da festinha. Para a criança também é legal, porque ele se lembra do evento onde ele passou a tarde colorindo um papagaio e pega o livro do papagaio pra ler. Programe-se.

E mesmo quando não há eventos específicos, estar cercada de livros faz qualquer criança ficar mais curiosa. Pega um, pega outro, deixa cair meia dúzia no chão (cate!), quer mostrar o que a Chapeuzinho Vermelho está fazendo com o Lobo Mau, quer brincar com o livro novo dos Croods que ele acabou de ver no cinema, quer saber mais da história da lagarta e achou por acaso um livro do Caillou que é o personagem predileto na televisão. Olha que bárbaro! Um mundo enorme se abre aos pequeninos leitores e isso precisa ser estimulado. Sente no chão, conte mil histórias, deixe que ele pegue nos livros (sem estragar, porque as livrarias precisam vender esses livros). Saia de lá com pelo menos um pra ele e mais um pra você e passem uma tarde maravilhosa.

Qual o benefício?
Todos! Bebês que são estimulados a ler, serão crianças leitoras, jovens leitores e adultos leitores. Serão, desde sempre, pessoas mais criativas, mais interessantes, com maior capacidade de deixar a imaginação tomar conta. Pequenos leitores se transformam em adultos que leem e falam melhor, com vocabulário amplo e corretamente. Geralmente são alunos mais interessados e sonham mais alto.

Você trabalha com livros. Como é mesmo na sua casa?
De verdade mesmo, eu não leio pra Vicky todas as noites pra ela dormir. Aqui em casa dormir é um pouco de cara pra TV (vício meu, que passei pra ela, sorry.). Mas minha casa é casa de gente que respira livros, então temos exemplares em absolutamente todos os cômodos da casa. Estantes numerosas na sala e no escritório, livros nos quartos, cestinha com livros no banheiro e prateleira na cozinha. Até a empregada e a babá foram contaminadas e acho com regularidade livros das minhas estantes debaixo do braço delas. Acho ótimo e passamos a ter discussões sobre livros com elas, indico livros para os filhos e todo mundo sai ganhando quando elas passaram a respirar esse universo ao qual não tiveram oportunidade de conhecer anteriormente, em suas juventudes.

Victoria jamais foi proibida de frequentar as estantes da sala e durante muito tempo ela cismou com uma coleção de guias de viagens que ficava no escritório e que ela passava o dia empilhando pra lá e pra cá enquanto o pai ficava de cara pro computador, trabalhando.

Ela também frequenta livrarias e lançamentos de livros desde que nasceu e esse é programa tão esperado quanto ir ao Jardim Botânico. E como visitar livraria significa comprar algum “presente”, ela normalmente dá gritos de alegria (ó essa pequena consumista).

Nem todos os livros são brinquedo, nem todos os livros são cartonados. Alguns estão desenhados e coloridos, outros meio rasgados. Eu não deixo ela destruir livros, claro, mas ela pode manuseá-los com a falta de cuidado natural dos desajeitados.

Contamos histórias na hora das refeições, e ela é estimulada a contar histórias para suas bonecas, coisa que faz com frequência. E como ela ainda não sabe ler, essa é a hora mais engraçada, quando ela fantasia a história. E mesmo a babá que fica com ela no final de semana, e que fica muito encantada em ver o amor que ela desenvolveu por livros desde cedinho (ela tem 2 anos e 8 meses), passou a ler pra ela e a mostrar figuras, números e letras pra ela nos livros e com isso ela já reconhece um monte de letras do alfabeto e fica muito feliz quando acha um V de Victoria em qualquer impresso e até mesmo na parede do estacionamento do supermercado (Valeu, Fabiana! <3).

A única coisa ruim de ser um jovem leitor voraz é virar um adulto acumulador de livros e que gasta mais do que devia nas livrarias. Mas vamos lá: dentre todos os defeitos que existem nesse mundo, acumular livros não é o pior deles, certo?

 

 

Imagem: Victoria “lendo” um Gibi com a Maricota, sua boneca favorita. Ela é a maior fanzoca da Turma da Monica e coleciona gibis em uma caixa de sapatos.

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3 Comentários

  1. Rachel
    19 de Abril de 2013 at 7:24 — Responder

    Oi Camila.
    Tb adoro o universo de livros com crianças e sou partidária do livre acesso e com respeito, assim aprendemos a usar e a cuidar. Compartilho total da delicia que é ver a criança ‘ler’ os livros e descobri vários infantis que não têm textos. Demais! A brincadeira vira q cada um ‘lê’ uma vez, e as historias ficam cheias de sons e interpretações carregadas da pequena mas surpreendente bagagem que eles estão acumulando. É de-li-ci-o-so!!
    Um beijo pra vc!

  2. Úrsula
    19 de Abril de 2013 at 16:33 — Responder

    Camila, minha mãe é professora de letras e assim como a Vicky, cresci cercada de livros por todos os lados. Espero conseguir passar isso pra Alice. Na creche dela tem um projeto muito legal, o Vai e Vem: na sexta as crianças levam um livrinho pra casa e retornam na segunda, aí incentiva os pais a lerem pelo menos nos fins de semana com os pequenos. Ela tem 1 ano e 7 meses e já pede “livo”. Tomara q continue assim!

  3. Tatiana Jardim Varela
    19 de Abril de 2013 at 21:01 — Responder

    Simplesmente AMEI o post!!!! Aqui em casa (com meu filho de 1a2m) faço tudo isso e sinto MUITO orgulho dele já gostar tanto de livrinhos!

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