Demorei um bom tempo para engravidar. Estava casada e em uma relação feliz fazia quase 8 anos, tinha um bom emprego, quatro sobrinhos e três afilhados. Pronto para ter filhos a gente nunca está, mas o meu desejo era maior do que o medo e grande o suficiente para convencer o meu marido de que era a hora.
Quando aconteceu, sabe aqueles medos que eu NÃO tinha? Então, apareceram e me assombram até hoje. Não há livro, curso e nem fada da maternidade para te transformar. Quem sabe faz ao vivo e antes tarde do que nunca, fui parar no divã. Como Freud sempre diz, as mães são um prato cheio (de neuras) na vida de seus filhos quando esses vão lá se deitar.
Comigo não foi diferente.
Uma pressa urgia, eu precisava ser uma pessoa melhor para ser uma mãe melhor em apenas nove meses. Munida de uma lista daquilo que eu não queria ser ou fazer com o meu filho, busquei semanalmente esse amparo.
Minha relação com minha mãe nunca foi fácil. Minha rotina era guiada pelos seus medos, desejos e ordens. Deveria ser uma boa filha, uma boa aluna, obedecer e obedecer, enquanto o mundo passava ali na janela mais próxima.
Não me entendam mal, amava a minha mãe, mas eu desejo para o meu filho uma mãe diferente da que ela foi para mim. Desejo ser uma mãe com muitos tons a menos de proteção, diferentemente de como fui criada.
Divido com vocês a minha lista, aquela que eu levei para o divã, com tudo o que eu quero e não quero ser como mãe:
– Meu filho não é a minha vida, ele faz parte dela. Ele fará suas escolhas e eu as minhas. Nossos caminhos correm em paralelo.
– Quero que meu filho entenda que sou sua mãe, não espero dele medo e sim respeito.
– Quero ter uma relação de cumplicidade, confiança e amor absoluto com meu filho. Ser uma referência positiva do que ele pode ser quando crescer.
– Quero ser a mãe que o incentiva a buscar e a viver sonhos. E ajudá-lo a superar os obstáculos e dar colo quando ele precisar.
– Quero ser uma mãe que o apresenta ao novo, mesmo com muito medo.
– Cada criança tem um talento e vou esperar o meu filho revelar o dele.
Crédito de imagem: tleehane