Mundo Ovo

10 problemas comuns das crianças que não dormem

Já pensou no que as crianças que não dormem podem ter em comum?

 

Quando a Victoria nasceu, eu achava que ela deveria fazer o que seu instinto mandasse e sabia muito pouco sobre os problemas comuns das crianças que não dormem direito. Eu era uma pessoa com uma vida bem desregrada e a palavra rotina não existia no meu vocabulário. Ela dormia comigo, no carrinho ou na minha cama, e eu estava lá pra atender cada um dos seus desconfortos. E eu achava que a vida de mãe apegada era assim mesmo e que meu papel era entender que a vida ia ser de cabeça pra baixo. O tempo foi passando, Victoria foi crescendo e cada dia era mais difícil ela dormir bem. O caos estava instalado e cada vez que escurecia eu gemia de ansiedade pela noite que eu já sabia que seria péssima.

Hoje todo o drama foi superado. Ela tem 3 anos e 3 meses e virou uma profissional do sono. Olhando pra trás, mesmo arrependida de muitas das minhas decisões em relação ao sono da Victoria, minha essência apegada permaneceu a mesma. Eu jamais consegui sequer pensar em introduzir qualquer um dos métodos de sono que diziam ser milagrosos, porque sempre achei tudo muito cruel. O que funcionou foi a introdução de um ritual carinhoso perto da hora de dormir, aliado a uma rotina de horários mais rígida e também o entendimento de que ela simplesmente odiou o berço e não gostava de dormir sozinha. Simples assim.

E depois de ler muito sobre o assunto sono, queria apresentar pra vocês os 10 problemas mais comuns das crianças que não dormem.

 

 

1) Vive em uma casa agitada, sobretudo durante à noite 

Ninguém quer abandonar a festa na metade. Então se a casa ainda está em ritmo acelerado, a criança não quer dormir. Ela também quer lanchar, bater papo na sala e brincar com o irmão mais velho. A solução é simples. Uma meia hora antes do horário de dormir do seu filho, experimente desligar a TV, deixar somente luz indireta acesa e acalmar o ambiente.

 2) Falta de rotina e horários regrados

Um dia dorme às 18h porque chegou cansado da creche, no outro dia dorme às 20h porque tem natação e nos finais de semana não deita antes das 23h. Abandone este hábito. Isso foi o mais difícil para mim, porque eu gostava de fazer coisas depois do trabalho, quando pegava ela na creche como: visitar uma amiga, ir ao supermercado, fazer um lanche com a família. O resultado é que ela dormia a qualquer hora. Depois que abandonei esse terceiro turno, ela passou a dormir no mesmo horário. E mais cedo.

3)  Falta de ritual para a hora do sono

Se não existe um ritual básico, a criança fica confusa (aqui em casa estamos falando de chegar da creche às 19h, jantar, banho, escovar os dentes, chupeta, xixi no penico, ver um ou dois desenhos na TV, ler uma historinha na cama, escolher o soninho, mamadeira e roncando até às 20:30h). No início torci o nariz para o ritual, mas fui obrigada a ceder e a reconhecer os seus benefícios.

4) Não saber identificar os sinais do sono

Algumas crianças não sabem dormir. Até certa idade elas acham que se adormecerem não acordarão mais ou não suportam a separação dos pais. O ritual rotina e casa calma ajudam a criança a entender que é hora de dormir. Mas também expliquei que algumas sensações que ela sentia – como corpo cansado, olhos fechando, bocejando, irritação – são sinais de sono e significavam que estava na hora de dormir. E para ela entender que dormir é uma necessidade diária, comecei a fazer planos para o dia seguinte. “Filha, agora nós vamos dormir. E eu vou deixar essa _________ (caneca, livro, sapato, qualquer objeto) e amanhã nós vamos (beber água, ler essa história, calçar) de manhã quando você acordar. Aos poucos ela começou a entender que a vida continuava no dia seguinte e que eu estaria novamente ali).

 5) Insegurança

Mandar a criança ir pro quarto, apagar a luz e ir embora, pra mim, só funciona em filme. Victoria é insegura e se eu estou em casa não aceita dormir com mais ninguém que não seja comigo. Nosso ritual atual inclui deitarmos juntas na cama dela (há duas semanas  estou colocando ela no seu quarto pra dormir em uma cama nova) e eu acarinhá-la pra que ela durma. Está ficando mais fácil. Antigamente o ritual incluía balançar e bater no bumbum. Depois veio a fase da cantoria e mais recentemente ler mil histórias. Agora consegui simplificar e ela não exige nada além da minha presença ao lado dela.

6) Desconforto

De vez em quando a gente erra e coloca camisola apertada, pijama muito quente, cobre com cobertor muito pesado, a fralda pode estar mal posicionada ou seu filho pode até estar deitado embaixo de uma chupeta. Se ele reclamar, não encare instantaneamente como birra. Eles ainda não sabem expressar o desconforto com clareza.

 7) Hiperestimulação

Imagina que você saiu do trabalho, foi ao cinema ver aquele filme de ação novo e quando chegou em casa ainda passou horas na internet. Você consegue dormir imediatamente? Pois é, seu filho também não. Então não adianta dar presentes perto da hora de dormir, deixá-lo jogar videogame e fazer farras que envolvam, por exemplo, pular na cama, porque isso vai deixá-lo agitado e você não vai conseguir “virar a chave” e fazê-lo dormir imediatamente.

8) Perder a soneca da tarde

Cada criança é diferente, mas o comum é que crianças até três anos durmam pelo menos uma soneca na parte da tarde. Algumas abandonam esse hábito cedo e vivem bem. Mas outras ainda demandam essa sestinha. Pular essa soneca pode ser desastroso. Por isso, reconheça a necessidade do seu filhote e mesmo que você esteja na rua, coloque pra dormir no carrinho, sling, canguru etc.

9)  Demora para adormecer

Algumas pessoas demoram pra relaxar e pegar no sono. Inclusive crianças. Aí elas ficam irritadas, os pais ficam irritados achando que a criança está enrolando. Algumas coisas nós temos que simplesmente aceitar, por isso é importante conhecer o seu filho para saber se ele cai nessa categoria. Se for esse caso, é preciso reforçar o ritual e manter a casa calma e harmoniosa durante à noite.

 10) Impaciência

Crianças são impacientes por natureza e não sabem esperar. Com isso, se demoram pra pegar no sono, se agitam, querem mamar, querem brincar, querem acender a luz. Ou seja: você precisa ensiná-lo a ter paciência e a esperar por períodos mais longos de tempo. Aqui em casa eu tento não atender Victoria a todo o momento. Quando ela me chama e eu estou no banheiro, não abro a porta imediatamente. Digo que já estou saindo e peço que ela espere um pouco.

O mesmo quando ela quer brincar com o IPad e eu estou usando. Ou quando ela quer ver um desenho e eu estou terminando de ver um filme. Tento fazê-la esperar por algumas coisas, mas sem o intuito de irritá-la ou simplesmente impor a minha vontade. Sempre explico que ela precisa esperar um minutinho. E tento respeitá-la, se ela pede um minutinho pra ler mais uma história, eu espero que ela acabe, por exemplo.

 

Imagem: www.freedigitalphotos.net