Mundo Ovo

Quatro anos, e agora?


Depois de passar pelos terrible twos e quase enlouquecer com minha pequena threenager, Victoria finalmente chegou aos quatro anos em agosto. Sabe o que mudou? MUITA COISA.

Saúde

Entre um e três anos passei pelo inferno das “crechites” e cinco pneumonias de diferentes gravidades. Desde então estamos passando por uma boa fase (bate três vezes na madeira e isola). Ela continua se tratando com uma pediatra homeopata e teve poucas febres/viroses nesse último ano. E “somente” uma pneumonia!

Na cozinha

Com apetite de leão, é difícil ela entrar naquelas fases de não querer comer. Mas está “ameaçando” ficar mais seletiva. Minha solução para isso foi diversificar bastante:

Desfralde noturno

Acreditem amigas, foi muito difícil. Minha maior dificuldade foi tirar a mamadeira da noite. Depois, me dei conta de que podia diminuir a quantidade (dã). Algumas vezes eu conseguia enganar: “vai dormindo aí que eu já vou fazer” ou saía do quarto fingindo que ia fazer e quando voltava ela já estava dormindo. Também rolou o fator preguiça (minha), já que ela estava FINALMENTE dormindo a noite toda, mas eu ainda traumatizada. Ela também não estava incomodada com isso, gostava de usar fralda, se sentia segura. Mês passado, tivemos uma boa conversa, resolvemos encarar de frente e voilá: estamos há duas semanas sem fraldas e só dois acidentes. Viva!

Na escola

Ela frequenta a creche-escola em tempo integral com uma galera animada de mais 20 crianças e eles estão juntos desde o berçário. Tentaram separá-los no ano passado, mas só durou uns dois meses. Eles fugiam uns para as salas dos outros e choravam de saudades. Desistiram. Ela é uma das cinco crianças mais velhas da turma e, combinado com o temperamento, isso a coloca numa posição de liderança. Ela confunde essa liderança e tende a ser um pouco ditadora. No início do ano ela quis trocar de escola. Conversa vai, conversa vem, ela estava insatisfeita e querendo fazer novos amigos porque os atuais não queriam obedecê-la. Foram MESES conversando com ela para que ela entendesse que não podia obrigar os amigos a fazer o que ela queria.

Minha pequena destemida

Vicky sempre foi medrosa e muitíssimo cuidadosa. Desconfiada, não gostava de experimentar muitas coisas novas. Animais? Nem pensar. Brinquedos radicais? Não. Brinquedos menos radicais? Ia de olhos arregalados e não queria repetir. Eu nunca forcei, mas tentava apresentar opções. Se ela quisesse ir para o parque de aventuras e subir na tirolesa, ótimo. Ou podia correr atrás de formigas e jogar pedra no riacho. Sem pressão. Mas ela começou a se incomodar com o próprio comportamento e passou a verbalizar seus medos com convicção até realmente acreditar: “mamãe, eu adoro cachorro, né?” e eu concordava mesmo que ela não chegasse perto de um. Até que um dia ela superou sozinha esse medo e passou a conviver com eles numa boa. O mesmo para tirolesa, brinquedos mais radicais, piscina funda e sumir da nossa vista. Resumindo: agora ela é A DESTEMIDA e eu uma mãe histérica.

Comportamento

Gênio do cão, testando todos os limites, tendências ditatoriais. A combinação é explosiva e eu preciso ter um pulso firme que de vez em quando me falta. Mas já está melhor aos 4 anos e 3 meses do que estava aos 3 anos e meio, por exemplo. Vai melhorar, né?

Em casa

Muitíssimo independente e já apareceu na TV por causa disso (risos). Já toma o banho da noite sozinha. Dica: tenha um kit de shampoo, condicionador e sabonete exclusivo para as bonecas. Já escova os dentes sozinha e cospe a pasta, menos à noite, quando eu faço a inspeção para ver se tem “bichinhos”. Se veste e se despe sozinha e joga roupa suja no cesto. Larga tudo no chão, detesta arrumar os brinquedos e passo uma grande parte do tempo pedindo e mandando guardar as coisas no lugar. Não dorme sozinha, mas começou a verbalizar “que ama a própria cama e que adoooora dormir sozinha”, então estou achando que é uma questão de tempo. Come sozinha desde 1 ano e meio, mas agora deu para ter preguiça e pede “ajuda”. Usa utensílios de vidro sem maiores dramas e come com colher, mas também usa garfo e faca com desenvoltura. Tia Mari deu pra ela o conjunto de mesinha e cadeira do Tom e ela prefere comer ali, de preferência com a TV ligada. Ela pegou esse PÉSSIMO hábito de mim. Ainda não tive força de vontade para mudar isso em mim, mas quem sabe um dia?

Brincadeiras

Ela é agitada e adora piscina, praia, pracinha (ufa!). Nas festas não para quieta e adora qualquer personagem Elsa ou Capitão América. É um bocado participativa e cá entre nós, meio exibida. Em casa prevalecem bonecas que parecem bebês. Cadernos de colorir, de atividades e massinhas Play-Doh estão entre os prediletos, bem como dominós, quebra-cabeças e qualquer brinquedo que tenha números, letras e incentive a sua eminente alfabetização. Já escreve o próprio nome e sobrenome e mais um monte de outras palavras. Entrou numas de falar inglês e estou ensinando com brinquedos bilíngues. Ela é meio impaciente, nessas horas converso com ela em voz baixa e faço carinhos nas costas dela e ela vai se acalmando.

Filha única

Ela quer uma irmã, ela pede por uma irmã. Eu sou uma mocinha de 41 anos e solteira. Vamos ser honestas: quais as chances disso acontecer? Mas ainda não tive coragem de cortar o barato dela.

Filha de pais separados

De uma forma geral, ela lida bem com esse assunto, sobretudo porque eu e o pai dela fazemos de tudo para tornar a vida dela mais fácil, independentemente dos nossos confusos sentimentos de adultos. A cada decisão tomada (juntos ou separados), pensamos em como isso vai afetá-la e se podemos fazer melhor. Claro que rolam sentimentos de abandono – não poderia ser diferente –, e uma carência, de vez em quando mal direcionada, é bem verdade. Ela está quaaase saindo de uma fase meio complicada e meio agressiva, mas depois de muitas conversas conseguimos identificar o problema e partimos para a solução. Somos “frente unida”, mesmo separados. É o melhor dentro de um cenário que é sim, triste.

Nossa relação

Somos grudadas, afinal somos eu e ela e ela e eu. Pai se esforça para ser muito presente, mas a verdade é que ela mora comigo e eu sou a principal responsável pela criação dela e pelos cuidados imediatos. Na qualidade de mãe solteira, minha vida é um bocado sobrecarregada, mas eu também sou bem sagaz e faço qualquer coisa com ela sem pestanejar: supermercado, compras no shopping, salão, viagens, jantar com amigos, festas na minha casa e até reuniões de trabalho. Eu deixo para viver minha vida de solteira quando ela passa a noite na casa do pai, mas não conta para ninguém: ultimamente eu tenho vivido minha vida de solteira pedindo japonês delivery e assistindo a Gilmore Girls no Netflix. Shhh!