Casamento. Quem disse que seria fácil?

Li no jornal um artigo que falava da dificuldade  que os casais enfrentam para poder se casar. O texto fala das questões burocráticas desse movimento e eu fiquei pensando nas questões subjetivas desse encontro.

Quando falamos em casamento, pensamos na união de duas pessoas, que em um nível consciente procuram, juntas, encontrar a felicidade. São duas histórias de vida, de criações e valores que tentam se encaixar e, a partir disso, construir uma única. Se pensarmos que juntas podem fazer um novo; aí o cenário fica pouco mais agradável.

A paixão do começo e a novidade tornam as coisas um pouco mais fáceis, mas a adaptação à princípio, pode ser muito conflitante e desastrosa. O feminino e o masculino, (não estou falando de homem e mulher, mas sim de características femininas e masculinas) que quando se encontram nunca se encaixam, mas podem muito bem conviver juntos.

Vejo estereótipos de casamentos, manuais de convivência e receitas para fazerem um casamento dar certo serem contadas aos quatro ventos. Parece que estamos em dívida com aqueles padrões estabelecidos pela cultura, àqueles vendidos em comerciais de margarina.

Porém, acredito que o importante na relação seja a  dupla: o encontro; o que aquelas duas pessoas juntas podem representar. Falar de um casal é falar de encaixes, que às vezes dão certo e às vezes não. Esses encaixes não são tão previsíveis assim, pois se tratam de desejos e expectativas inconscientes que foram sendo construídos a partir das relações que foram experienciadas nas famílias e nos campos em que circularam ao longo da vida. Os relacionamentos ocorridos entre a criança e seus pais estabelecem padrões para os relacionamentos futuros, tanto querendo copiar, ou tentando fugir destes.

Com o passar do tempo, as necessidades do casal vão se modificando. Um exemplo disso é quando uma mulher fica grávida e aquele homem que tanto a mimava, a admirava que era sempre seu companheiro, começa a  se afastar. O que quer dizer isso? E quando o filho nasce, aqueles primeiros momentos que as mulheres estão cansadas e enlouquecidas com os cuidados maternos, que não querem nem chegar perto dos maridos? Será que eles entendem ?

Com frequência a chegada de um filho é um dos obstáculos tortuosos que os casais passam ao longo da jornada.

Às vezes, fica muito difícil o casal continuar, mas o importante é que exista o diálogo; a comunicação é fundamental. Poder trocar e ir aos poucos realinhando e “aparando as arestas” possibilita entender e reconhecer os próprios anseios e desejos criando assim novas formas de se relacionar; novos contratos.

Falo em novos contratos porque aquele homem e aquela mulher que se casaram há 10 anos são outras pessoas depois desse tempo percorrido as pessoas mudam, as expectativas e desejos também, e por isso, para manter o casamento  são necessários  vários “recasamentos” em um único. Ou seja, a cada mudança individual ou do casal esse casamento vai sendo refeito.

Portanto, acredito que não há relacionamento sem conflitos, e que, às vezes, estes podem servir para o crescimento e amadurecimento. O exercício de  se colocar no lugar do outro, pode fazer com que a relação se torne mais criativa. Afinal, o casal deve estar sempre se reinventando! E quem disse seria fácil?!

 

Imagem destacada: Pedro Ribeiro Simões

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1 Comment

  1. Cristiane
    27 de Fevereiro de 2014 at 14:42 — Responder

    É verdade, fácil não é, mas é possível. Diálogo é a base de tudo, você disse tudo com relação a isso. Só assim o outro entende o que a gente tá sentindo, pensando….

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