A de Adam e de amor

Há alguns dias conversando com um amigo sobre como nossos filhos cresceram – Adam estava completando 4 anos e eu um pouco saudosa do meu bebê. Discorremos sobre como o tempo voou e quanto os pequenos conquistaram. Meu WhatsApp tocou e era uma foto do Adam com um desenho que supostamente deveria ser em suas mãos, que mostrei orgulhosa. Ouvi atenta que sua filha de 2 anos de idade já desenha muito bem e tem grande intimidade com números e letras, que ela já saber escrever o próprio nome (de 3 letras) no teclado do computador e que adora copiar as letras de A a Z, deslizando o pequeno dedo pelo iPad. Vibrei junto, incerta se essa era mesmo uma comemoração.

Nos despedimos e cada um foi para um lado, ele com um sorriso no rosto e eu com uma ruga na testa. Foram talvez 30 segundos, ou um pouco mais do que isso, mas pensei se eu não estaria incentivando o meu filho a ser mais inteligente, se escolhi a escola errada, se …  Adam é feliz e esperto, ativo e tem execelente equiíbrio, cria histórias como ninguém, adora livros e sabe contar até 10 em português e inglês. Não seria o suficiente para um menino que acabou de completar 4 anos? Criei para mim a resposta que aliviou minha cabeça: algumas crianças são precoces e não há nada de errado com o meu filho.

Leonina que sou, e ainda encafifada, cheguei em casa e fui para o quadro negro do corredor. Lá comecei a traçar um plano, precisava descobrir mais do que aquilo que a escola me contava (e o que eu via). Escrevi as letras que eu sei que ele reconhece e fiz alguns desenhos. Adam chegou em casa e depois de beijos e abraços propus uma brincadeira.

_ “Vamos descobrir as letras?”

Recebi uma exclamação desanimada.

_   “Que chato, mãe!’

Continuei sem dar bola e insisti.

_  “Filho, que letra é essa?” (mostrando um P, de papai, Paul e Patricia)

_  “Não quero mais brincar!” e saiu para construir imensas torres de LEGO.

 

Onde foi que eu errei?

Conversei com minha irmã que é professora do ensino fundamental e ela me deu a tranquilidade que eu precisava, apesar de já saber no fundo. Recitar o alfabeto ou contar até 100 não demonstra qualquer capacidade além da facilidade para decorar, as crianças do agora são expostas a uma quantidade maior de informações e cobrar mais do que brincadeiras precocemente é forçar uma barra para a qual ainda não estão preparados. A idade que eles vivem agora é a do lúdico e brincar deve ser a maior ocupação.

Naquela mesma noite na hora de dormir, depois da nossa rotina de histórias e beijos, peço desculpas pela brincadeira chata. Como resposta ganho um beijo e a promessa de que ele vai me ensinar uma brincadeira muito mais legal no dia seguinte. E antes de fechar os olhos ele disse com ar sapeca “Mamãe, A é de Adam e de amor!”. Quem aprendeu a lição?!

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